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Para ler imagens, imaginação

Editora UFMG publica segundo e terceiro volumes da série 'O olho da história', do filósofo Georges Didi-Huberman

A Editora UFMG está lançando de uma só vez dois novos volumes da hexalogia O olho da história, de Georges Didi-Huberman. Remontagens do tempo sofrido e Atlas ou o gaio saber inquieto, respectivamente o segundo e o terceiro livros da coleção, chegam às livrarias nas próximas semanas. As obras se somam a Quando as imagens tomam posição, volume que, publicado em 2017 pela Editora UFMG, abre a série.

Nas duas novas publicações, o historiador, filósofo e crítico de arte faz avançar suas reflexões sobre a imagem como importante chave para a construção do conhecimento histórico. No primeiro volume da coleção, Huberman já havia mobilizado as imagens que o dramaturgo e poeta alemão Bertolt Brecht (1898-1956) produziu ou colecionou durante a Segunda Guerra Mundial para tratar do tema.

A Editora UFMG já negocia a compra dos direitos dos três demais títulos da hexalogia: Peuples exposés, peuples figurants, quarto volume da série, publicado originalmente em 2012; Passés cités par JLG, volume quinto, de 2015; e Peuples en larmes, peuples en armes, volume sexto, de 2016. Os três primeiros livros foram publicados originalmente em 2009, 2010 e 2011, na Europa.

Memória visual do sofrimento
Em Remontagens do tempo sofrido, Didi-Huberman avança em suas reflexões sobre o papel das imagens na legibilidade da história, concentrando-se na forma como elas, manipuladas em montagens, desmontagens e remontagens, conferem ou podem conferir visibilidade à história dos sofrimentos do mundo. 

No volume, o foco do escritor, hoje considerado um dos mais fecundos pensadores da trifurcação de estética, filosofia e história da arte, recai sobre as guerras – particularmente, o holocausto e todo o horror de seus campos de concentração. Nessa reflexão, o pensador francês aborda as obras do fotógrafo espanhol Agustí Centelles (1909-1985), do cineasta estadunidense Samuel Fuller (1912-1997) e do cineasta tcheco Harun Farocki (1944-2014), entre outros.

Conhecimento em movimento
Em Atlas ou o gaio saber inquieto, Didi-Huberman trata do atlas Mnemosyne, idealizado pelo historiador de arte alemão Aby Warburg (1866-1929) no início do século 20 e composto entre 1924 e 1929, em uma espécie de arqueologia do conhecimento visual humano que vai dos períodos imemoriais da história humana ao século 20, contemplando Oriente e Ocidente. No livro, Didi-Huberman toma esse atlas como um “tesouro de imagens e de pensamentos” que nos restou da “coerência desmoronada do mundo moderno” e que encenaria uma aposta: a de que imagens, “unidas de um certo modo”, são capazes de oferecer “a possibilidade – ou melhor, o recurso inesgotável – de uma releitura do mundo”.

Essa possibilidade a que alude Didi-Huberman, de releitura constante do mundo por meio das imagens, parte de um pressuposto: a mobilização da imaginação. No entendimento do filósofo, “a imaginação, por mais desconcertante que seja, não tem nada a ver com uma fantasia pessoal ou gratuita. Ao contrário, é um conhecimento transversal que ela nos oferece, por sua potência intrínseca de montagem que consiste em descobrir – ali mesmo onde ela recusa os laços suscitados pelas semelhanças óbvias – laços que a observação direta é incapaz de discernir”.

Reprodução
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Livro: Remontagens do tempo sofrido – O olho da história, II
Autor: Georges Didi-Huberman
Editora UFMG
266 páginas

Livro: Atlas ou o gaio saber inquieto – O olho da história, III
Autor: Georges Didi-Huberman
Editora UFMG
458 páginas

Ewerton Martins Ribeiro