Sem perder o passo

O que nos move?

Exposição no Espaço do Conhecimento propõe reflexão sobre as múltiplas dimensões da energia

O passeio começa em uma sala escura, onde um simples toque nas argolas acende palavras. O Gerador de curiosidades é apenas o início de um mergulho pelo mundo da energia e do movimento, duas palavras muito importantes para compreender como o ser humano atua no mundo. Dessa sala enigmática, o visitante alcança a Floresta de verbetes, em que tecidos suspensos explicam os dois conceitos pela perspectiva de várias áreas. Afinal, a ideia de energia não é a mesma para a química, a música, a política ou as artes digitais? Na mata povoada por palavras, o público percorre salas que instigam perguntas interessantes. O que nos move? O que movemos? Como as coisas se movem? Como movemos as coisas? Os questionamentos levam a discussões que passam por fluxos migratórios, matrizes energéticas, máquinas e motores. 

Essa é a nova exposição do Espaço do Conhecimento UFMG, Energia em movimento. Em cartaz até 30 de setembro e com entrada gratuita, a mostra tem curadoria do professor da Escola de Arquitetura da UFMG José dos Santos Cabral Filho, para quem o conceito de movimento é prova de que uma palavra não significa uma coisa só. Ela pode aparecer na física, para indicar a variação da posição de um objeto, mas diz respeito também a uma ação coletiva quando acompanhada do termo social. Com a palavra energia, não é diferente. 

Segundo Cabral Filho, dar conta dessa abrangência só é possível por meio de uma visão ampla do conhecimento. São muitos os desdobramentos possíveis: latência, força, tradução, equilíbrio, ritmo, migração, magnetismo e automação. Presente em toda a exposição, a reflexão sobre a diversificação das matrizes energéticas – que passa pela problemática da emissão de gases estufa e alcança os padrões de consumo da humanidade – aparece ao lado de uma ponderação sobre os desejos, as curiosidades e as crenças que motivam os seres humanos. 

Interatividade

Toda essa teoria se materializa em um passeio sensorial, marcado por aparatos interativos. “Trata-se de um percurso lúdico, no qual os visitantes poderão experimentar os objetos”, afirma Cabral. O projeto lançou mão de dispositivos digitais para enriquecer a apreensão do conteúdo, mas foi além: privilegiou o engajamento corporal. Argolas, pêndulos, botões, manivelas, cabos e plugues tornam a experiência ainda mais instigante. Em vez de dados, números e outras informações, esses instrumentos carregam perguntas que orientam a visita.

É assim que o Espaço do Conhecimento UFMG imprime sua marca, como explica Tereza Bruzzi, que coordenou o Núcleo de Expografia durante a elaboração de Energia em movimento. Para a arquiteta e professora do Teatro Universitário da UFMG, a exposição é desdobramento de uma longa pesquisa do museu com foco na interatividade mediada pelos sentidos e na troca com os públicos. “É uma mostra que pode ser vivenciada de várias formas”, diz Bruzzi. Cabral Filho concorda: “A riqueza está em atender a públicos variados por meio de um passeio que é sensorial e intelectual”. 

Ambiente em que as palavras são acesas com toques em argolas
Ambiente em que as palavras são acesas com toques em argolas Luiza Bragança | Espaço do Conhecimento UFMG

Parceria

A nova exposição temporária do Espaço do Conhecimento UFMG é fruto de uma parceria com a Petrobras, que, ao longo de 2019, contribuirá com a construção e o compartilhamento de saberes. Para Leonardo Pereira, responsável pelo relacionamento regional da empresa, trata-se de uma aproximação desejada há muito tempo. “É interessante atrelar nossa marca à UFMG, que é referência em todo o Brasil quando o assunto é educação”, afirma. 

Além de ser uma das mantenedoras do museu neste ano, a Petrobras participará da realização de dez edições do Café Controverso: Diálogos do Movimento, debate mensal sobre temas de interesse público que envolvem os conceitos de energia e movimento. O Calendário Astronômico: Solstício a Solstício 2019-2020 também será viabilizado com patrocínio da estatal. 

Assista ao vídeo sobre a exposição produzido pela TV UFMG:

Juliana Ferreira e Alice Sá / jornalistas do Espaço do Conhecimento UFMG