Melhorando o acesso
Professores são premiados por avanços na pesquisa sobre hemodiálise, que buscam reduzir a mortalidade por infecções e a falência vascular
Os professores Guilherme de Castro Santos e Túlio Pinho Navarro, do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG, foram premiados por dois de seus estudos apresentados no 5º Congresso Brasileiro Multidisciplinar de Acesso Vascular para Hemodiálise. Os trabalhos propõem soluções para os pacientes que perderam a função renal e precisam realizar a hemodiálise.
Segundo o professor Túlio Navarro, líder do grupo, as premiações em um evento dedicado ao assunto são um grande estímulo para continuar a buscar melhores condições e atendimento a esses pacientes. “Nossa equipe está na vanguarda de novas técnicas e tecnologias. Portanto, somos responsáveis por propagar inovações e isso foi evidenciado nestes trabalhos”, afirma.
O congresso ocorreu em março, em São Paulo, e reuniu profissionais de diversas áreas que se dedicam ao estudo de acessos vasculares para hemodiálise. Comissão julgadora formada por especialistas da área concedeu aos trabalhos dos professores a primeira e segunda colocação na modalidade pôster.
Punção direta
O professor Guilherme Santos revela que, no Brasil, aproximadamente 120 mil pessoas realizam hemodiálise periodicamente, procedimento responsável por uma taxa de mortalidade de 20% ao ano. “Entre as causas, duas das principais são a infecção por cateter e os eventos cardiovasculares”, acrescenta. Essas complicações são os focos dos estudos premiados, que oferecem alternativas mais seguras para que o paciente possa realizar o tratamento.
Santos explica que a hemodiálise exige acessos vasculares, locais por onde o sangue sai para a limpeza, por meio da máquina de diálise, e é devolvido para o organismo após a filtragem. Esse acesso vascular pode ser feito por três técnicas: cateter, prótese e fístula.
Em longo prazo, explica o professor, quem faz hemodiálise acaba perdendo os acessos por desgaste nas veias, fenômeno chamado de falência vascular. “Um dos estudos premiados é sobre o caso de uma paciente com falência vascular, encaminhada ao nosso serviço, que não tinha mais nenhum acesso. Conseguimos implantar um cateter na veia cava da paciente, por meio de punção direta, o que possibilitou que ela fizesse a hemodiálise”, explica.
Segundo o professor, a punção da veia cava é uma técnica de exceção, já que geralmente não é acessível para a implantação de cateter. Mas destaca a realização do procedimento nesse caso muito específico, o que ampliou a sobrevida da paciente.
Entretanto, ele ressalta que, entre as opções disponíveis para a hemodiálise, o cateter tem a maior taxa de mortalidade. Isso acontece porque parte do tubo fica fora do corpo. Assim, o paciente sofre uma série de restrições e tem mais risco de contrair infecções.
Melhorar a segurança das pessoas que lidam com esse risco foi o objetivo do estudo premiado em primeiro lugar. O professor Guilherme Santos explica que a pesquisa foi conduzida com pacientes que já tinham falência vascular e, por isso, não poderiam fazer a hemodiálise através de fístulas ou próteses. Assim, o acesso era feito por cateter. “Então, testamos uma nova técnica, uma prótese colocada no membro superior e conectada aos vasos da região da axila. Constatamos que essa inovação possibilitou que os pacientes deixassem de usar o cateter”, esclarece. Os trabalhos premiados foram desenvolvidos pelo grupo de pesquisa especializado em acessos vasculares para hemodiálise, do Hospital das Clínicas da UFMG. Veja abaixo:
1º lugar
Título: Prótese arteriovenosa áxilo-axilar ipsilateral como alternativa de acesso em pacientes em uso crônico de cateter – série de casos
Autores: Guilherme de Castro Santos, Camilo Meygede Brito, Izis Ferreira Valadão, Ricardo Jayme Procópio e Túlio Pinho Navarro.
2º lugar
Título: Punção de cateter translombar em veia cava inferior e em paciente com falência vascular – Relato de caso
Autores: Guilherme de Castro Santos, Elisa Lima Alves, Ricardo Jayme Procópio e Túlio Pinho Navarro