Como mudou?
Aplicativo sobre mudanças climáticas desenvolvido por grupo do DCC recebe menção honrosa em competição promovida pela Nasa
O time goto.lua, formado por estudantes do Departamento de Ciência da Computação (DCC) da UFMG, foi premiado recentemente com menção honrosa ao ficar entre os 11 primeiros colocados no Nasa Space Apps Challenge, competição internacional promovida pela Nasa, agência espacial dos Estados Unidos.
O projeto How did it change? (Como mudou?), elaborado por Alexandre Alphonsos, Bruno Conde Kind e Jerônimo Nunes, mostra visualmente como foram ocorrendo as mudanças climáticas ao longo do tempo, com base em variáveis como carbono, ozônio, vapor da água, temperatura e radiação. O aplicativo possibilita selecionar um dos vários conjuntos de dados fornecidos pelo projeto Nasa Earth Observations (NEO) e buscá-los em ordem cronológica.
A Nasa disponibiliza uma biblioteca, a WorldWind, que serve para localizar as coordenadas do globo e desenhar por cima dele. “O detalhe é que ela mostra apenas um dado por vez e não tem como ‘animar’ as mudanças. O que a gente fez foi listar os dados do NEO, pegá-los em intervalos anuais e interceptar as chamadas da WorldWind de forma a alterar o que elas estavam mostrando e expandir sua capacidade. Com isso, foi possível fazer a transição entre os dados de mais de uma data”, detalha Jerônimo.
A participação na competição da Nasa foi possível porque o grupo venceu o Hackathon (maratona de programação), disputado na PUC Minas, em Belo Horizonte, em outubro de 2019.
Virando noites
Na disputa em Belo Horizonte, os estudantes ficaram acordados por 48 horas seguidas para desenvolver o projeto. “Havia vários temas propostos, mas como tenho familiaridade com visualização, sugeri esse assunto para a equipe. Com isso, extraímos os dados que são fornecidos de forma estática e transformamos em algo que as pessoas pudessem ver na prática”, explica.
O nome goto.lua foi escolhido por estar relacionado a linguagens de programação – lua é a extensão utilizada para salvar arquivos de código, e goto é palavra-chave da linguagem de programação C.
A competição é realizada simultaneamente em várias cidades do mundo. Os participantes encaram desafios reais desenvolvidos pela Nasa e, para solucionar as questões, têm acesso a dados da agência espacial. No Hackathon, as equipes de até cinco pessoas trabalharam de forma intensiva para criar uma solução dentro do tema escolhido. Os dois melhores projetos de cada cidade passaram para uma segunda seleção.
Relevância
A menção honrosa foi concedida às equipes que ficaram entre o sétimo e décimo primeiro lugares. A equipe goto.lua competiu com mais de 29 mil participantes, somadas as duas etapas, e por pouco não foi escolhida para visitar as estruturas da Nasa, em Cabo Canaveral, nos EUA, oportunidade dada às seis primeiras classificadas.
“Apesar da decepção por ficar tão perto da premiação, foi uma surpresa muito grande ver algo que fizemos em tão pouco tempo ter toda essa relevância”, destaca Jerônimo. Para ele, a boa colocação é reflexo da preparação fornecida pelo DCC. “Três equipes do Brasil ficaram entre os onze primeiros. Isso mostra que nossa formação em engenharia é competitiva no cenário mundial”, enfatiza Nunes.
Alexandre Alphonsos é mestrando e pesquisador no laboratório Luar; Bruno Conde Kind e Jerônimo Nunes são graduandos e pesquisadores, respectivamente, no Laboratório de Compiladores e no Laboratório NanoComp, todos instalados no DCC.