Surdez na terceira idade
Diagnóstico precoce pode evitar depressão e demências; tema será discutido no Espaço do Conhecimento
Os avanços científicos possibilitaram aumento considerável na expectativa de vida em todo o mundo. Hoje, o brasileiro vive, em média, 30 anos a mais do que nos anos 1940, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse envelhecimento, no entanto, nem sempre transcorre sem inconvenientes: ele pode trazer limitações para a realização de atividades diárias. A surdez, que afeta a qualidade de vida do idoso, é um exemplo.
A perda auditiva é percebida principalmente entre os 60 e 65 anos de idade. O processo é gradual e, em geral, tem início com a dificuldade de escutar as frequências mais agudas da fala, como explica a otorrinolaringologista e mestre em Ciências da Saúde pela UFMG Angela Guerra. Nesses casos, a surdez devido à idade também está relacionada a fatores genéticos.
Angela e a fonoaudióloga Helenice Borges, da Santa Casa de Belo Horizonte, são as convidadas neste sábado, 29, do Café Controverso: Saúde em Pauta, parceria do Espaço do Conhecimento UFMG com o Instituto Unimed-BH. Elas abordarão o tema Surdez: impacto social e cuidados com o idoso.
O uso do aparelho auditivo, dispositivo que amplifica o som, aliado ao acompanhamento de um especialista em fonoaudiologia, contribui para o conforto da pessoa com deficiência auditiva. Embora o tratamento seja simples, muitos idosos relutam em buscar o diagnóstico com um otorrinolaringologista. “De um modo geral, os pacientes têm dificuldade em assumir a deficiência”, afirma Angela Guerra.
Isolamento social
Helenice Borges defende uma intervenção médica precoce. Para que isso aconteça, é preciso que o próprio idoso reconheça sua perda auditiva e que a família esteja atenta aos sinais que ele apresenta: aumentar volume da televisão em excesso, aparentar distração, preferência por ficar sozinho e irritabilidade.
De acordo com Helenice, que também é especialista em audiologia, o diagnóstico tardio prolonga o tempo de privação da audição. As consequências são graves e afetam a qualidade de vida do idoso, que tende a se isolar devido às dificuldades de se adaptar ao aparelho auditivo e de interagir com seus amigos e familiares.
Procurar um médico tardiamente implica mais riscos. Retraída, a pessoa com deficiência auditiva pode desenvolver depressão. O quadro também favorece o declínio cognitivo: “A demência pode ocorrer em razão tanto do isolamento social quanto do esforço para ouvir. Os dois fatores diminuem as atividades do cérebro”, argumenta a fonoaudióloga.
A conversa com as duas especialistas começa às 10h, e o público pode participar com perguntas. O Espaço do Conhecimento UFMG está localizado na Praça da Liberdade, 700.