As políticas de ações afirmativas buscam gerar oportunidades a indivíduos ou a grupos sociais historicamente discriminados. No caso da Universidade, essas medidas não se limitam a ampliar o acesso de segmentos com baixa representação no ambiente acadêmico; visa também oferecer condições de permanência e promoção de uma vida plena para esses estudantes ao longo de seu percurso.

“O planejamento de políticas de ação afirmativa considera que a permanência bem-sucedida dos alunos na universidade extrapola a dimensão econômica e de necessidades materiais básicas e alcança questões como a da representação e o sentimento de pertencimento ao mundo universitário, com acesso a saberes fundamentais dentro desse ambiente, como curso de línguas estrangeiras e domínio das metodologias de pesquisa”, explica o professor Rodrigo Ednilson de Jesus, pró-reitor adjunto de Assuntos Estudantis.

Ednilson é responsável pela gestão das ações afirmativas, um dos três eixos que formam o tripé de atuação da Prae – os outros são assistência estudantil e políticas de apoio acadêmico. Em sua visão, um passo fundamental para o planejamento de políticas de ação afirmativa é a produção de diagnóstico da população interna, que resulte em perfil dos estudantes com acesso a bolsas de pesquisa e extensão, entre outras ações geridas pela Universidade.  

Protagonismo

Uma das ações da Prae de maior impacto foi o lançamento, no ano passado, de duas chamadas para apoio a dez projetos acadêmicos de estudantes e a outros dez relacionados à temática das ações afirmativas. “Os estudantes elaboravam as propostas, implantavam e prestavam contas. Eram protagonistas de todo o processo”, destaca Rodrigo Ednilson. Concorreram cerca de 50 propostas, e calcula-se, entre os selecionados, o envolvimento de 150 pessoas, aproximadamente. 

Os projetos acadêmicos – seminários e atividades de formação –  abarcavam tanto o ensino quanto as dimensões da pesquisa e da extensão. Entre os eventos organizados por estudantes com apoio da Prae estavam o Ciclo de Linguística alemã, a  13a Semana do Turismo e a 32ª Semana de Engenharia Química. A chamada direcionada às ações afirmativas apoiou projetos como a Oficina de montagem do programa canto, imagem e palavra no território dos Guarani-Kaiowa e o 1o Colóquio sobre genocídio do povo negro, além de trabalhos que discutiam a incorporação de saberes tradicionais e populares à medicina e questões de gênero. Os resultados foram apresentados durante a Semana do Conhecimento da UFMG, realizada em outubro do ano passado.

Segundo Ednilson, alguns dos projetos foram formulados para concorrer ao edital, mas vários outros já estavam em curso e foram apoiados. “É uma ação muito importante, pois tanto reconhece a legitimidade dos estudantes no espaço universitário quanto valoriza sua capacidade de produzir conhecimento”, afirma o pró-reitor adjunto, acrescentando que há expectativa de que outras chamadas sejam lançadas ainda neste semestre para oferecer suporte a eventos programados para a segunda metade do ano.