‘A mulher submersa’ apresenta narrativa poética da escritora gaúcha Mar Becker
Segundo a filósofa, sua área de formação se faz presente no texto tanto na forma quanto no conteúdo
O feminino, o erotismo e a morte são temas que guiam A mulher submersa, primeiro livro da escritora gaúcha Mar Becker. Na orelha dedicada a ele, a escritora Micheliny Verunschk, que também já participou do programa Universo Literário, fala de uma das representações de Ophelia, personagem de Shakespeare, e da relação estabelecida entre beleza e morte. A figura é evocada por Verunschk como uma comparação do efeito inicial que o livro teve sobre ela. Mar Becker já era um nome conhecido entre os blogs de literatura e, antes de sua publicação, ganhou relevância por postar trechos dos seus escritos nas redes sociais. Dividido em catorze cadernos, A mulher submersa foi muito bem recebido pela crítica e público brasileiros e foi lançado, também, em Portugal.
O Universo Literário desta segunda, 7, apresentou entrevista com a filósofa e escritora Mar Becker sobre a obra. Na conversa, ela abordou o processo de criação do livro, que iniciou-se em 2012 com o primeiros textos surgindo em fragmentos de maneira muito incipiente. Segundo conta, a poeta carrega a prática lenta do fazer filosófico e a área de formação se faz presente em seus versos tanto na forma de tratar a escrita com muito rigor quanto no conteúdo. A escritora também comentou sobre como sua experiência de menina do interior permeia a obra. Ela sempre observou o que as mulheres faziam e o livro é sobre mulheres. O erotismo é elemento crucial na publicação e mereceu atenção especial na entrevista.
Mar Becker ainda detalhou a presença da temática da morte em seu fazer literário. “Eu acho que, especialmente na minha escrita, isso aparece porque, pelo mesmo braço feminino onde eu vi esse universo doméstico ser criado, veio a história de uma mulher morta, minha vó, e que eu trago como ponto base também na minha escrita. A Mulher Submersa tem essa figura difusa de morte, esse vulto de morte presente de forma mais direta ou mais indireta, mas sempre presente em todo o livro. Minha vivência particular se ancora muito nessa presença de morte pela história de uma vó que eu não cheguei a conhecer. Então, ela está no particular e está no abstrato também, na escrita”, refletiu.
Produção: Laura Portugal e Marden Ferreira, sob orientação de Luiza Glória e Hugo Rafael
Publicação: Alessandra Dantas