Anpur vê 'escalada dos instrumentos de exceção'
A diretoria da Anpur [Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional] vem por meio desta manifestar sua indignação e repúdio contra o ato de violência e arbitrariedade determinado pelas autoridades judiciais e praticado pela Polícia Federal ao conduzir coercitivamente gestores, ex-gestores e docentes da Universidade Federal de Minas Gerais em operação que apura supostos desvios na construção do Memorial da Anistia. Segundo o Código do Processo Penal Brasileiro, a condução coercitiva só pode ser aplicada se a pessoa intimada se recusar a comparecer, o que, de acordo com os relatos oficiais da UFMG, não foi o que ocorreu.
Dessa forma, assistimos perplexos à escalada da utilização de instrumentos de exceção com objetivos midiáticos pondo em risco o Estado Democrático de Direito, e que agora ataca a comunidade acadêmica, último bastião de resistência ao avanço das forças retrógradas e autoritárias que se verifica no momento no país.
Tal ato de arbitrariedade associado a outros ocorridos recentemente, como a brutal invasão de seminário científico na Universidade Federal do Pará por políticos vinculados a grandes interesses econômicos estrangeiros e a flagrante ingerência indevida na soberania nacional de relatório do Banco Mundial coadunam-se com as tentativas de assalto às instituições públicas nacionais e de desmantelamento do Sistema de Ensino Superior Público do Brasil.
Assim como na época da ditadura, a comunidade acadêmica não se curvará às arbitrariedades e às forças obscurantistas nas suas tentativas de destruição em curso das instituições nacionais. A diretoria da Anpur conclama os seus programas afiliados, associados e a comunidade acadêmica a se manifestarem contra tais atos, assim como a se solidarizarem com os gestores, docentes e discentes das universidades federais que estão sob ataque.
6 de dezembro de 2017.