Comissão de Educação da ALMG reforça recomendação de mudança do local da Stock Car
Relatório sobre visita técnica realizada nas instalações da Escola de Veterinária destaca potenciais prejuízos à UFMG e à população de BH
A Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), presidida pela deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), aprovou nesta quarta-feira, 19 de junho, relatório da visita técnica realizada à Escola de Veterinária e ao Hospital Veterinário da UFMG, no último dia 24 de maio.
No documento, a parlamentar conclui que o BH Stock Festival, etapa da corrida automobilística da modalidade Stock Car marcada para o período de 15 a 18 de agosto nos arredores do estádio Mineirão e da UFMG, “representa uma grave ameaça aos interesses acadêmicos, à pesquisa científica e à vida dos animais”.
A recomendação de mudança do local da prova é reforçada, “considerando os potenciais prejuízos que poderá trazer à universidade e à sociedade”. No relatório, são mencionados os riscos aos animais atendidos e residentes na Escola de Veterinária e ainda aos “equipamentos sensíveis e de alto valor do hospital”, além da interrupção do atendimento no período de preparação e realização da corrida.
Leia o relatório aprovado:
Em relatório anterior, publicado no último dia 10 de abril, a comissão já havia recomendado a mudança do local da prova e apontado a necessidade de licenciamento ambiental e urbanístico, tendo em vista que trata-se de um empreendimento, e não de um evento isolado – o acordo entre a empresa responsável pela organização e a Prefeitura de Belo Horizonte estende-se por cinco anos.
A comissão anunciou a realização de novas visitas técnicas às instalações da Universidade, a próxima na Estação Ecológica da UFMG, ainda sem data definida. A lista inclui ainda o estacionamento do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), o Centro Esportivo Universitário (CEU) e o Centro de Treinamento Esportivo (CTE).
Apoio institucional
A reitora da UFMG, Sandra Goulart Almeida, também visitou o complexo veterinário da UFMG nesta segunda-feira, 17 de junho, quando presidiu reunião da Congregação da Escola de Veterinária para se solidarizar com as preocupações e compartilhar do sentimento de perplexidade que assola a comunidade, que já vem sofrendo exaustivamente com as obras para a realização da corrida automobilística. Na ocasião, a reitora apresentou os esforços que vêm sendo envidados pela Universidade, sobretudo junto ao poder público e às instâncias jurídicas, para explicitar a inadequação do local escolhido para a prova, nos entorno do campus Pampulha.
"No conceito de Saúde Única, hospitais veterinários se equivalem a hospitais para tratamento humano. Desse modo, não é adequado construir uma pista de corrida ao lado de um hospital. Nos cerca de vinte dias previstos para realização da prova, o fechamento dos portões de uma universidade pública, em função de um evento privado, pode trazer prejuízos irreversíveis tanto no ensino quanto na pesquisa e nas inúmeras atividades de extensão e atendimento à população. Estamos realmente muito preocupados também com todos os demais transtornos para nossa comunidade e para toda a vizinhança na região do Mineirão. Não somos contra a corrida, mas somos contra sua realização no entorno da UFMG", reitera.
População é contra Stock Car na Pampulha
Pesquisa realizada pelo instituto Real Time Big Data, de 14 a 16 de junho, em Belo Horizonte, com a participação de mil pessoas, apurou que 72% dos entrevistados são contrários à realização da corrida Stock Car nas proximidades do Mineirão e da UFMG. Por outro lado, apenas 16% se manifestaram favoráveis, enquanto 12% disseram não saber ou não responderam.
"O resultado dessa pesquisa não nos surpreende em nenhum aspecto e apenas corrobora aquilo o que a UFMG vem dizendo desde que soube da proposta de realização dessa corrida no nosso entorno, à nossa revelia: a população se posiciona contrariamente porque compreende que os prejuízos são incalculáveis para nosso ensino público; para a pesquisa, que não é apenas de nossa Universidade, pois o que produzimos tem impacto e reconhecimento nacional e internacional; e para as atividades de extensão, de esporte, de lazer e de cultura que a UFMG oferece para toda a sociedade", afirma a reitora
Entre os entrevistados na pesquisa, 46% eram homens e 54% mulheres, 47% tinham nível de escolaridade até o ensino médio completo, 30% até o ensino fundamental completo e 23% ensino superior em curso ou completo. A faixa etária predominante foi de 35 a 59 anos (46%), seguida de pessoas com idade de 16 a 34 anos (29%) e com 60 anos ou mais (25%). Em relação ao nível socioeconômico, 58% tinham renda de até dois salários mínimos, 27% de dois a cinco salários mínimos e 15% mais de cinco salários mínimos.
A pesquisa foi encomendada pela Record TV e pelo blog Três Poderes, também ligado ao grupo de comunicação, com a finalidade de obter informações sobre audiência. O nível de confiança dos resultados é de 95%.