Conflito entre Israel e Palestina é tema de entrevista do Conexões
Reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel pelo governo dos Estados Unidos reacendeu conflito
Na semana em que Israel completa 70 anos como um Estado independente, o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel pelo governo dos Estados Unidos reacendeu o histórico conflito entre Israel e Palestina.
A transferência da embaixada estadunidense de Tel Aviv – capital oficial e reconhecida pela comunidade internacional – para a cidade de Jerusalém, reivindicada por Israel e Palestina, motivaram um dos piores confrontos registrados na região desde 2014, deixando pelo menos 58 manifestantes palestinos mortos e outras 2,7 mil pessoas feridas.
Nesta quarta-feira, 16, o programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, abordou questões relativas ao conflito, em entrevista com o professor Danny Zahreddine, do Departamento de Relações Internacionais da PUC Minas.
“A maneira como as forças europeias tentaram solucionar os seus próprios problemas gerou um conflito extremamente explosivo e de difícil solução. Mesmo com esperança de que seja resolvido em algum tempo, é realmente uma situação muito dramática”, defendeu.
Segundo Zahreddine, o sionismo, caracterizado pela aspiração da criação de um Estado judeu na Palestina, nasceu no final do século 19, fruto de um “nacionalismo tardio” da comunidade judaica.
“Posteriormente, houve o fortalecimento de um nacionalismo árabe-palestino, em contraposição a esse tipo de situação, o que acarretou, no fim desse processo, em uma resolução das Nações Unidas, de 1947, que dividiu a área onde se encontram Palestina e Israel em dois países”, explicou.
Por essa resolução, Jerusalém seria uma cidade internacional, dada sua importância religiosa para judeus, cristãos e muçulmanos.
“Em 1948, ocorre a Guerra da Independência de Israel, que dura cerca de um ano. O final disso é o que os palestinos chamam hoje de nakba, que é catástrofe. Para Israel, é a consolidação de um sonho muito antigo, desde que foram expulsos pelo Império Romano da região da Palestina”, contextualizou.
O professor Danny Zahreddine destacou o quão delicado é avaliar esse conflito, que envolve muitos sentimentos.
“Os judeus sofreram demais na Segunda Guerra Mundial. O extermínio e o genocídio do povo judeu foi algo realmente absurdo. Mas a solução para esse povo que almejava um território foi também a criação de uma catástrofe para um outro povo que já ocupava quase 90% daquele região. Foi uma solução européia para um problema regional”, defendeu.