Dieta brasileira e azeite são eficazes para reduzir inflamações em casos de obesidade severa
‘Nosso padrão é extremamente saudável com orientação nutricional’, argumenta o professor da UFMG Rafael Longhi, que compõe a equipe que conduziu o estudo
A maioria dos brasileiros segue uma dieta relativamente padronizada. Seja no almoço, seja no jantar, não pode faltar o arroz com feijão no prato, de preferência junto com uma proteína e vegetais crus ou cozidos. Um novo estudo publicado pela Escola de Enfermagem da UFMG, em parceria com universidades nacionais e internacionais, mostra que essa dieta tipicamente brasileira é muito eficaz na redução de inflamações em pessoas com obesidade severa. Quando combinada ao consumo de azeite extra virgem, os resultados são ainda melhores.
A pesquisa teve a participação de quase 150 pessoas com idades entre 18 e 65 anos por um total de 12 semanas. Cada uma teve que seguir um plano alimentar individualizado, dando preferência aos alimentos frescos ou minimamente processados. Os resultados foram publicados em um artigo em inglês, "A eficácia do azeite de oliva extra virgem e da dieta tradicional brasileira na redução do perfil inflamatório em indivíduos com obesidade severa: Um ensaio clínico randomizado", em tradução livre.
As conclusões do estudo foram tema de entrevista no programa Conexões desta quinta, 16, com o professor de Nutrição Esportiva da Escola de Enfermagem da UFMG e primeiro autor do artigo, Rafael Longhi. Ele frisou que a obesidade é uma doença crônica não transmissível que pode levar a outras enfermidades, portanto deve ser vista e tratada como tal. Conforme explicou, a alimentação que predomina hoje e a tendência ao sedentarismo, principalmente na área urbana, tem feito a doença se espalhar cada vez mais no Brasil e no mundo.
De acordo com o convidado, um dos trunfos do estudo é justamente combater a raiz de vários outros problemas, pois atacar as inflamações causadas pela obesidade é reduzir a incidência de todos os males relacionados a elas. O docente detalhou como a pesquisa foi feita, separando os participantes em três grupos: um que consumiu azeite extra virgem, outro que se alimentou com a dieta padrão brasileira e um terceiro que fez a combinação dos dois modelos.
Longhi explicou os benefícios do consumo de azeite extra virgem para obesos e não obesos e destacou que o arroz com feijão é uma das melhores combinações nutricionais que existem. Segundo o professor, o problema são costumes como fazer sempre o feijão como feijoada, colocar muito sal no arroz e usar condimentos industrializados. Nesse sentido, ele defendeu que a orientação do nutricionista é essencial.
"Acho importante destacar nessa pesquisa que as pessoas sempre buscam a dieta do mediterrâneo, dizendo que ela é maravilhosa, mas muitas vezes ela também é muito cara. Eu defendo e acredito que o grande pioneirismo desse trabalho é o seguinte: vocês têm uma dieta padrão brasileira e não precisa ser uma padrão mediterrânea para ter benefício. O nosso padrão brasileiro é extremamente saudável com orientação nutricional. Como a gente separou nestes grupos – a dieta padrão brasileira, padrão mais azeite ou só azeite –, nós vimos que, com controle nutricional, a gente pode comer os nossos alimentos e termos resultados maravilhosos, como a diminuição do processo inflamatório", argumentou.
Ouça a entrevista pelo Soundcloud.
No portal da UFMG, está disponível outra matéria sobre o estudo. O artigo The effectiveness of extra virgin olive oil and the traditional Brazilian diet in reducing the inflammatory profile of individuals with severe obesity: A randomized clinical trial, em inglês, pode ser acessado na íntegra aqui.
Produção: Carlos Ortega, sob orientação de Luiza Glória e Alessandra Dantas
Publicação: Alessandra Dantas