Até sexta-feira, 23, quem frequenta o campus Pampulha pode visitar a exposição Mergulho, da estudante de Artes Visuais Luana Lacerda. Em cartaz na galeria da Escola de Belas Artes da UFMG, a mostra aborda os vínculos entre as vidas humana e marinha, apresentando a existência intrauterina, o começo da vida e os ciclos de respiração que encontram sua correspondência no oceano primitivo, na origem da vida nos mares e no ciclo das ondas, respectivamente. 

A exposição é composta de duas obras, o vídeo Respiração – Mar e a instalação Ovo de si. As duas são integradas de forma a compor uma ambientação propícia à imersão, ao “mergulho”. O vídeo foi produzido com base em uma imagem do mar e no áudio de uma respiração gravada. A instalação, por sua vez, é composta de tendas de tecido com microfones e alto-falantes, onde cada visitante pode entrar e sentar para ouvir a sua própria respiração.

Luana comenta que práticas que focalizam a respiração, como os exercícios meditativos e de ioga, já faziam parte da sua vida. “Quis trazer isso para o meu trabalho e, em 2016, comecei a fazer vídeos em que usava uma imagem de alguma coisa (uma planta, uma roda-gigante, o mar, uma galáxia) com um áudio de respiração ao fundo. Essa série continua em andamento e traz sempre novas questões, como o que é estar vivo e a circularidade das coisas”, relata a graduanda em Artes Visuais.

Outra fonte de inspiração é a sua relação com a água. Natural de Fortaleza, onde viveu até seus 21 anos, Luana sempre teve o oceano como presença física e emocional muito forte na sua vida. O som das ondas do mar muito se assemelhava às inspirações e expirações que ela posteriormente tentou dublar com sua própria respiração. 

“No processo de gravação, percebi que só parar, me cobrir de panos (para isolar o som externo) e ouvir minha própria respiração já era uma experiência poderosa, e quis tornar isso disponível. Assim, surgiu a instalação Ovo de si: um convite para outras pessoas vivenciarem essa experiência", explica Luana. 

Sua primeira mostra individual, descreve a artista, “não é um apanhado de obras, mas um projeto bem minimalista, que investe na ideia de uma certa presença, a qual eu tento evocar desde o título da exposição até as últimas escolhas de montagem". E justifica: "Prezo pelo simples, gosto bastante do pouco, do sugerido e acho que com essa exposição consegui reunir, por meio de poucos elementos, muitas das ideias, dos conceitos e dos desejos com os quais eu já vinha trabalhando".  

A exposição foi selecionada no ano passado em edital de chamada de propostas artísticas para ocupação dos espaços da Escola de Belas Artes.

Mergulho pode ser visitada das 9h às 18h. Acompanhe a exposição no Facebook.