‘Guerra de memórias’ é travada no prédio do Dops
Fenômeno descrito em dissertação opõe ex-presos políticos e agentes do regime militar
No dia em que o Departamento de Ordem Política e Social de Minas Gerais (Dops-MG) foi extinto, em 1989, representantes de movimentos sociais reuniram-se na porta do prédio da Avenida Afonso Pena, em Belo Horizonte, para promover o fechamento simbólico da instituição. Diretamente vinculado a denúncias de violações de direitos humanos durante a ditadura civil-militar, iniciada em 1964 e que duraria 21 anos, o Dops tornava-se, então, o foco de uma disputa por memória que opõe ex-presos políticos e familiares de dissidentes mortos e desaparecidos e agentes que negam práticas como o encarceramento e a tortura.
Esse processo foi estudado pela historiadora Débora Raiza Rocha, que concluiu mestrado em dezembro do ano passado, na Fafich. Segundo ela, após 1985, já na vigência da democracia, o prédio seguiu abrigando violações aos direitos humanos. “Sempre houve uma guerra de narrativas, e as estratégias de negação variavam da limitação do acesso à informação à ocultação de provas, passando por mudança de pautas de debate e pela utilização de eufemismos na referência aos episódios denunciados”, explica Débora Raiza.
O assunto foi abordado em matéria publicada na edição 2.046 do Boletim UFMG.