Internacional

Integração da América Latina é destaque da 7ª Summer School on Brazilian Studies

Tema foi abordado em palestra da diplomata Gisela Padovan, cônsul-geral do Brasil em Madri

Alunos de quase 30 universidades de 16 países participam da sétima edição da Summer School on Brazilian Studies
Alunos de quase 30 universidades de 16 países participam da sétima edição da Summer School on Brazilian Studies Foto: Jebs Lima | UFMG

Até sexta-feira, 26 de julho, estudantes de 30 universidades de 16 países, abrangendo todos os continentes, participam da sétima edição da Summer School on Brazilian Studies, o curso de férias em estudos brasileiros, organizado pela Diretoria de Relações Internacionais (DRI) da UFMG. Desde o dia 15, os participantes compartilham conhecimentos e aprendizados em palestras sobre temas diversos relacionados à história, geografia, sociedade, cultura, política, economia e educação indígena do Brasil.

Estudantes da UFMG também participam do curso, por meio do qual têm a oportunidade de discutir grandes temas nacionais, integrar um grupo plural e multicultural e formar uma rede internacional. Estudantes estrangeiros ainda têm a chance de aprender ou desenvolver o português, além de visitar o museu Inhotim e a histórica Ouro Preto.

Aziz Tuffi Saliba, Sandra Regina Goulart Almeida, Anderson Tadeu Marques Cavalcante e Bárbara Malveira Orfanó participam de mesa com Gisela Padovan, diplomata brasileira
Aziz Saliba, Sandra Goulart Almeida, Anderson Tadeu Marques Cavalcante e Bárbara Malveira Orfanó participam de mesa com a diplomata Gisela PadovanComunicação DRI

Sessão especial
Uma das aulas foi ministrada pela cônsul-geral do Brasil em Madri, Gisela Padovan. Na última quinta-feira, dia 18, a Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da UFMG reuniu alunos estrangeiros e a diplomata para uma sessão especial sobre as relações entre Brasil, América Latina e Caribe. Participaram da mesa a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, o diretor e a diretora-adjunta da Diretoria de Relações Internacionais da UFMG, Aziz Tuffi Saliba e Bárbara Malveira Orfanó, respectivamente, e o vice-diretor da Face, Anderson Tadeu Marques Cavalcante.

Ao iniciar sua fala, a reitora fez reparos ao nome do programa. "O período da Summer School coincide com o inverno no Brasil. Na verdade, essa é a nossa Winter School on Brazilian Studies", observou. Sandra também enalteceu a culinária brasileira. "Somos muito famosos pela nossa comida aqui e temos muito orgulho disso."

Após apresentar o longo currículo de Gisela, Aziz Saliba disse que sua escolha como ministrante da aula para alunos da Summer School foi a mais adequada ao momento. "Meus amigos do Ministério de Relações Exteriores não hesitaram ao indicar Gisela Padovan quando falei sobre nossa proposta."  

'Para a América Latina, a opção é clara: integração ou atraso', expressão de Franco Montoro usada por Gisela
Gisela Padovan recorreu a uma frase do ex-governador de São Paulo, Franco Montoro, para defender o estreitamento de laços: 'para a América Latina, a opção é clara: integração ou atraso'Foto: Jebs Lima | UFMG

"A Summer School foi uma das primeiras estratégias da DRI para superar a barreira linguística na atração de discentes de todo o mundo. Para isso, criamos um curso em inglês, ministrado por professores da UFMG, que visa à compreensão do Brasil a partir de diferentes prismas, como história, política, geografia, direito, economia, sociedade e cultura", explicou o diretor de Relações Internacionais.

Integração ou atraso
"Para a América Latina, a opção é clara: integração ou atraso." Essa frase, da autoria de Franco Montoro, ex-governador de São Paulo e ex-ministro do Trabalho, resume a aula de Gisela Padovan para estudantes estrangeiros da Summer School. A fala de Gisela foi permeada por referências a iniciativas diplomáticas e colaborativas, como o Mercosul e a Unasul, que perderam força recentemente devido ao crescimento de forças políticas protecionistas na América Latina.

Ao traçar um breve histórico das relações exteriores do Brasil desde sua colonização até os dias atuais, Gisela Padovan falou de parcerias internacionais importantes. "Nós somos ricos em água, e a água virará uma commodity que iremos valorizar em alguns anos. A América Latina tem um terço da água doce do mundo. Só o Brasil, concentra 12%", informou a cônsul. 

Gisela Padovan: 'Nós somos ricos em água e a água virará uma commodity que iremos valorizar em alguns anos'
Gisela Padovan: 'Nós somos ricos em água, e a água virará uma commodity' Foto: Jebs Lima | UFMG

Gisela também mencionou as estratégias utilizadas para suprir demandas alimentares na América Latina e destacou um exemplo recente: "O Governo do México estava bem preocupado com o preço dos alimentos e decidiu fazer um programa para combater a fome. Nós [Brasil] reduzimos as áreas de importação de produção alimentar e aumentamos a exportação para o México, para manter a inflação baixa", diz a diplomata, citando o Programa Contra a Inflação e a Fome (Pacic).

Outra riqueza na América Latina é a energia. "A Venezuela é o país com a maior reserva de petróleo no mundo, três vezes maior, por exemplo, que a da Arábia Saudita. Temos gás natural na Argentina, minerais e lítio na Bolívia e no Chile", informa Gisela, mencionando recursos cada vez mais estratégicos em um mundo tomado por celulares, carros elétricos e inteligência artificial.

Beatriz Tito Borges