Mesmo desidratado, ora-pro-nóbis mantém elevado teor de proteína
Índice é superior a 20%, conclui pesquisa realizada no campus Montes Claros
O ora-pro-nóbis é um velho conhecido da população de Minas Gerais. Essa hortaliça, tradicionalmente utilizada na culinária mineira, é fonte de vitaminas e tem alto teor proteico, características que não se perdem mesmo quando a planta é desidratada. Pesquisa realizada no campus Montes Claros constatou que suas folhas contêm 22% de proteína bruta na matéria seca, índice considerado elevado pelo grupo que estuda a planta.
O objetivo dos pesquisadores era descobrir um processo de desidratação do vegetal que pudesse ser executado por qualquer pessoa, em casa. Foram experimentados dois métodos, um com a desidratação em estufa laboratorial, e o outro à luz solar. De acordo com a professora Neide Judith de Oliveira, após a desidratação, foram realizados testes de presença de sujidades, avaliação microbiológica e caracterização da composição nutricional.
“Os vegetais desidratados pelas duas vias, tanto na estufa quanto na exposição ao sol, mantiveram as principais qualidades nutricionais das folhas verdes, em termos de proteínas, minerais lipídios e carboidratos totais. Além disso, seu tempo de prateleira [expressão usada no comércio para designar a duração da vida útil de um alimento perecível] aumentou”, explica a professora. Ela destaca que a hortaliça é alternativa para substituição de proteína animal.
Segundo Neide de Oliveira, a hortaliça oferece muitos benefícios para a saúde, como a alta presença de proteínas e a presença de mucilagem, tipo de fibra que melhora o funcionamento do intestino, além de oferecer aminoácidos essenciais.
O diferencial do ora-pro-nobis em relação a outras hortaliças é o seu cultivo facilitado, pois demonstra grande tolerância à seca, característica que garante a fixação da planta na região do Norte de Minas, mesmo em períodos de escassez hídrica. Neide de Oliveira acrescenta que a hortaliça tem a vantagem de crescer em solo pobre e é multifuncional: além de alimentícia, é usada como cerca viva, serve à contenção de áreas degradadas e ainda apresenta propriedades terapêuticas.
Em casa
“Um resultado importante da pesquisa é a exequibilidade da técnica, ou seja, ela pode ser executada com métodos simples na casa do produtor agrícola se ele tomar os cuidados necessários no preparo dos alimentos”, comenta a professora do ICA.
A intenção é que, a partir dos resultados do trabalho, os produtores rurais possam, após a desidratação, aproveitar o excedente da produção. A pesquisadora também acredita que, no futuro, o ora-pro-nóbis desidratado poderá ser comercializado, a exemplo de temperos e outros vegetais.