Música e dança embalam 15º Domingo no Campus
Primeira edição do evento em 2019 foi realizada na manhã de hoje
Uma agradável atmosfera dançante e musical tomou conta da UFMG na manhã de hoje, 7 de abril, durante a 15ª edição do Domingo no Campus, realizada na região central do campus Pampulha. Num cantinho do gramado em frente à Escola de Música, a professora de dança Elisângela Chaves, da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO), comandava o projeto Hora Dançante, embalado pelo som de ritmos nacionais como samba e forró, com participantes que se organizavam ora em duplas, ora em roda.
“É um projeto de extensão que pretendemos levar às diversas unidades da UFMG durante este semestre”, anunciou a professora. De acordo com Elisângela, trata-se de uma intervenção lúdica feita por meio da dança, em que a técnica não é fator primordial. “É uma experimentação mesmo, com a proposta de incorporar uma hora dançante para quebrar a rotina do dia a dia”, explicou. A iniciativa é vinculada ao Programa de Pós-graduação em Estudos Interdisciplinares do Lazer.
Estreante no Domingo no Campus, o projeto reuniu grande número de crianças. “Um evento na Universidade pressupõe a presença de universitários e profissionais. No entanto, nossa roda de dança foi composta de pais, mães, adultos e crianças, um público bem diversificado”, relatou Elisângela Chaves. A professora sublinhou a importância de ocupação dos espaços públicos por intervenções de lazer. “Essa iniciativa da universidade não só a aproxima da comunidade externa, o que é um dos propósitos da extensão, como também possibilita a reinvenção do espaço. O trabalho com dança é muito significativo porque envolve um fenômeno sociocultural de que todos podem participar, independentemente do corpo, da estética e da idade”, analisa a professora.
Em frente à Reitoria, o público era mobilizado pelo som constante de instrumentos de percussão, também manipulados por pessoas de todas as idades. O estudante de Economia Leon Marques é um dos monitores da Oficina da Bateria Inflacionária, coletivo integrado, em sua maioria, por estudantes e técnicos da Faculdade de Ciências Econômicas (Face). “É comum contarmos com pessoas assistindo aos nossos ensaios e se interessando pela percussão. Isso nos motivou a enviar a proposta de participação no Domingo no Campus. Ensinamos noções de teoria musical, tempo e marcação dos ritmos. Mas também passaram por aqui alguns participantes que simplesmente queriam fazer algum barulho”, contou León.
A musicalidade do evento teve a marca de outras atividades, como o pocket show de MPB, com Lorena Werneck, e a música regional nordestina, com o Trio Petronilho, além da oficina de danças urbanas e saúde.
Na agenda da cidade
Segundo a pró-reitora de Extensão da UFMG, Cláudia Mayorga, foi muito expressivo o número de propostas enviadas por estudantes, servidores e professores interessados em preencher a programação. “É evidente o crescimento do evento”, comentou. Mayorga também manifestou sua satisfação por constatar que o Domingo no Campus tem-se tornado uma referência na cidade em termos de atividades de lazer para a família. “As perspectivas de diversidade e inclusão têm dado o tom do Domingo no Campus. Vivemos uma ‘crescente’, e a felicidade é esta: entramos na agenda da cidade”, orgulhou-se.
Na percepção da reitora Sandra Regina Goulart Almeida, esta edição do Domingo no campus bateu recorde de participação. “Procuramos envolver cada vez mais a comunidade, e isso tem dado certo. A receptividade foi excelente, e por isso tivemos novidades nesta edição. A ideia é esta: mostrar o campus para a cidade e ter o respaldo da comunidade externa. A UFMG é patrimônio do país, e por isso a interação com a cidade é importante. A expectativa é que todos usufruam desse espaço tão bonito”, comentou.
Ambiente de todos
O fonoaudiólogo Rodrigo Coelho, egresso da UFMG, esteve no campus na companhia da esposa Késia Coelho e das crianças Emanuel, de oito anos, e Luiza, ainda bebê. Ele conta que se mantém atento ao calendário do Domingo no Campus. “O evento desmitifica a ideia de que a Universidade é um ambiente exclusivamente acadêmico. O campus, na verdade, é patrimônio de todos nós que pagamos impostos”, observa.
A ideia é compartilhada pela doutoranda em bioinformática Stella Maris Soares, que levou a mãe e os sobrinhos Breno e Bernardo para o campus. “É importante que a universidade esteja aberta à população. A comunidade deve frequentar o campus, conhecer o que é feito aqui e, claro, se divertir”, defendeu.
O casal Rebeca Paccelli e Lucas Cruz também consideram o campus universitário um lugar para “encontrar pessoas, sem distinção de classe social”, assim como a professora Marina Assis Fonseca, da Faculdade de Educação (FaE). “Vivemos um conturbado momento político, em que é fundamental deixar claro que a universidade não está fechada”, opinou ela, que fez questão de convidar as famílias dos amigos de seu filho Elias, de quatro anos, para frequentar as atividades.
Sob a sombra do prédio da Reitoria, foi realizada a oficina de crochê, tricô e tear de pregos. Adultos e crianças atentos às orientações dos oficineiros se dedicavam à arte de coser. A estudante Caroline Teixeira, doutoranda em Zootecnia, ensaiava os primeiros passos no tricô. Com os dedos ainda tímidos, manuseando agulha e linha, Teixeira disse que a oficina revelou-se uma oportunidade para aprender a técnica. “Sempre tive vontade de aprender a tricotar, mas nunca tive oportunidade", contou.
Em sua primeira participação no Domingo no campus, a estudante recém-admitida no doutorado manifestou interesse em participar das próximas edições. “Eu gosto muito dessas atividades alternativas, ao ar livre, durante o dia. Agora que descobri, sempre estarei presente.”
A estudante Kivia Alves, do curso de Tecnologia em Radiologia, levou toda a família. “É a primeira vez que estamos participando, todos adoraram. Aproveitamos a oportunidade para trazer meu sobrinho para brincar com as outras crianças nas oficinas.” Com um sorriso aberto, Miguel, de três anos, fartava-se no esquibunda, um tobogã feito de lona, com água e sabão. Entre saltos e gargalhadas, o menino deu seu veredicto: “Está sendo muito legal”.
Mão no guidão e pé no pedal
Em uma tenda montada em frente à Reitoria, foi realizada a oficina Cicloficina de rua, que integra pela primeira vez a programação do Domingo no Campus. Organizada pelos amigos João Pedro, Patrícia Viotti e Vinicius Pisco, a oficina permitiu aos participantes o aprendizado de lições básicas sobre a manutenção de bicicletas. “Nós temos esse projeto há pouco mais de um ano, e uma vez por mês vamos à Praça Floriano Peixoto para prestar esse serviço à população: ensinamentos básicos sobre a mecânica das bicicletas”, esclarece João Pedro.
A iniciativa de levar essa proposta ao campus foi idealizada pela Patrícia Viotti, que cursa Ciências Biológicas na Universidade. Como explica a estudante, a ideia surgiu quando tomou conhecimento da chamada para submissão de propostas para o evento.
Vinicius Pisco explica que o objetivo da oficina é estimular as pessoas a colocarem as bicicletas paradas em circulação, incentivar a mobilidade ativa na cidade e proporcionar segurança e independência aos ciclistas para rodar no dia a dia. “Há dois anos, comecei a fazer uso da bicicleta como meio de transporte. Com isso, passei a conhecer outras pessoas que também a utilizam como locomoção principal e vi que elas sempre passam por algum perrengue", disse Patrícia.
A realização da oficina caiu como luva para Camila Sarmento, doutoranda em Enfermagem pela UFMG. “Eu ando de bicicleta aos domingos, e trouxemos as bikes para pedalar aqui no campus. No entanto, quando chegamos, constatamos que a bicicleta do meu pai teve uma roda empenada. A oficina veio a calhar", comemorou Camila.