Ensino

Nova formação transversal sobre estudos internacionais terá aulas em inglês e espanhol

Neste segundo semestre, serão 17 disciplinas em áreas diversas; um dos objetivos é trabalhar temas de natureza comparada

...

Felipe Assumpção / UFMG

O inglês, língua franca da academia, e o espanhol, a mais falada pela maioria dos estudantes estrangeiros na UFMG, são os idiomas em que serão ministradas as disciplinas que vão inaugurar, neste segundo período letivo, a Formação Transversal em Estudos Internacionais (FTEI). Alunos de graduação e pós-graduação poderão escolher entre 17 disciplinas, de 13 departamentos.

A nova oferta abrange abordagens diversas, que vão de constitucionalismo e democracia em perspectiva comparada a epidemiologia da saúde bucal; de arte e cultura em língua espanhola a produção sustentável de alimentos em ambiente tropical. As disciplinas foram escolhidas entre 56 propostas. Nos semestres seguintes, novas disciplinas serão incluídas na estrutura curricular.

O objetivo da nova FT, iniciativa da Diretoria de Relações Internacionais (DRI), é suprir lacuna histórica da Universidade, segundo o titular da DRI, professor Aziz Tuffi Saliba. “Serão trabalhados temas de natureza internacional ou comparada, para prover aos estudantes brasileiros e estrangeiros da Universidade um ambiente verdadeiramente plural em termos nacionais, étnicos, valorativos, religiosos etc.”, diz.

Saliba lembra que a formação será um forte estímulo à prática e ao aperfeiçoamento dos idiomas por parte dos estudantes e dos professores. Está nos planos a participação de docentes estrangeiros, pessoalmente ou por videoconferência, uma forma de “incrementar a interação com instituições de ponta”. “A UFMG tem grande potencial de internacionalização, e essa iniciativa tem tudo para aumentar a visibilidade da instituição fora do país”, afirma o diretor da DRI.

Abrangência e integração
A Formação Transversal em Estudos Internacionais é a nona FT implantada pela UFMG – a estrutura formativa foi criada em 2015. Para a pró-reitora de Graduação, Benigna Oliveira, além de mostrar a consistência e o fortalecimento da modalidade, a nova formação é muito abrangente e integra diferentes áreas do conhecimento.

“A graduação, assim, insere-se ainda mais na proposta de internacionalização da Universidade. Em contexto marcado pela dificuldade de enviar grandes contingentes de estudantes para o exterior, a FT em Estudos Internacionais amplia as oportunidades dos nossos discentes”, diz Benigna. Ela ressalta também que as disciplinas poderão reunir professores de unidades diferentes, que possibilitará a integração e ao enriquecimento da prática docente.

Outros benefícios esperados da nova formação, destaca o pró-reitor adjunto de Graduação, Bruno Teixeira, "são a interação de graduandos e pós-graduandos, como já se observa nas outras FTs, e novas perspectivas para a diversificação de trajetórias curriculares".

A FT em Estudos Internacionais é coordenada por comissão composta dos professores Patricia Nasser de Carvalho (Faculdade de Ciências Econômicas), que preside a comissão, Klaus Dalgaard (Fafich), Mauro Henrique Abreu (Faculdade de Odontologia) e Thatiana Marques dos Santos, técnica do Setor de Programas Especiais da DRI.

Vinculado ao Departamento de Odontologia Social e Preventiva, Mauro Henrique Abreu vai ministrar, junto com Isabela Pordeus, do Departamento de Saúde Bucal da Criança e do Adolescente, a disciplina Epidemiologia bucal numa perspectiva internacional. O objetivo é comparar condições de saúde e politicas públicas no Brasil e em países da Europa, América do Norte e África.

“Vamos aproveitar parcerias desenvolvidas na pós-graduação, com Estados Unidos, Reino Unido, Irlanda e Austrália, para promover participações de pesquisadores desses países, por meio de videoconferência”, conta o professor. Ele explica que a abordagem de questões de saúde pública deve atrair estudantes de áreas diversas. As aulas serão ministradas em inglês.

Olhar global
Em 2018, segundo dados da Diretoria de Relações Internacionais, cerca de 2,5% da comunidade discente da UFMG era formada por estrangeiros, população relativamente pequena na comparação com a de outros países latino-americanos. A criação de mais atividades de graduação com olhar global e em língua estrangeira gera estimativas de expansão significativa de estudantes de fora do Brasil nos campi da Universidade.

De acordo com texto de apresentação da FTEI, “estudos internacionais” é nomenclatura comum nas academias anglo-saxãs para fazer referência a corpo de saberes que extrapolam domínios cognitivos fechados e limites territoriais do Estado-nação. O objetivo da formação, em lugar de operar exclusivamente com conceitos clássicos dos corpos disciplinares do direito público, da macroeconomia ou da ciência política, é inovar em práticas da sala de aula, concebidas em bases multinacionais e multidisciplinares.

A formação é organizada, ainda segundo o texto, com base em “uma ontologia internacionalista que conecta as unidades acadêmicas e os corpos docente e discente da UFMG”. Uma ferramenta útil é a comparação, que possibilita, por exemplo, descrever contextualmente os objetos de pesquisa, com ganhos de conhecimento sobre o “outro-nacional” em relação ao “eu-nacional”; classificar uma vastidão de elementos, tornando a apreensão do mundo menos complexa e provendo roteiros interpretativos; testar hipóteses ou narrativas competitivas entre si, fornecendo insumos para uma teorização mais ampla e aberta sobre uma determinada área do saber.

A FTEI não terá disciplinas obrigatórias, e estudantes matriculados em qualquer curso de graduação da UFMG, diurno ou noturno, poderão cursar as matérias de qualquer das grandes áreas do conhecimento (Ciências da vida, Humanidades e Ciências exatas e tecnológicas). Para obter certificado da Formação Transversal em Estudos Internacionais, será preciso integralizar 360 horas-aula nas disciplinas ofertadas.

Informações, como procedimentos de matrícula, entre outras, estão disponíveis no site da Prograd.

Veja o quadro com informações sobre as disciplinas.

Itamar Rigueira Jr.