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'Outra estação' aborda impactos das chuvas na Grande BH

Programa da Rádio UFMG Educativa traz balanço de medidas tomadas pelos órgãos públicos, além de ouvir especialistas e pessoas afetadas por desastres

Praça Marília de Dirceu, após tempestade do dia 29 de janeiro de 2020
Praça Marília de Dirceu, após tempestade do dia 29 de janeiro de 2020 Foto: Guilherme Dardanhan / ALMG

As chuvas acumuladas em Minas Gerais em janeiro de 2020 bateram recordes históricos na maior parte do Estado, incluindo a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), foi o mês mais chuvoso na capital desde 1910, ano inicial da série histórica. O índice acumulado foi de 966,6 milímetros de chuvas, o triplo da média esperada para o período. Somente na primeira semana de fevereiro, o acumulado foi de 192 milímetros, o que já ultrapassa a média esperada para este mês, de 181 milímetros. 

O último episódio do programa Outra estação, da Rádio UFMG Educativa, faz um balanço das medidas tomadas pelos órgãos públicos, em resposta aos problemas que vieram à tona após as tempestades que atingiram a Grande BH neste início de ano. O programa apresenta características das áreas de risco e ações que, segundo especialistas, poderiam ajudar a diminuir os impactos no ambiente urbano. Gestores públicos e pessoas diretamente afetadas por inundações e deslizamentos de terra também foram ouvidos. Ouça o programa na íntegra:


O fundador do Projeto Manuelzão, Apolo Heringer Lisboa
O fundador do Projeto Manuelzão, Apolo Heringer Lisboa Foto: Alessandra Ribeiro / Rádio UFMG Educativa

Medidas emergenciais
No primeiro bloco do programa, comerciantes afetados pela enxurrada que atingiu a Praça Marília de Dirceu, na Região Centro Sul, na noite de 28 de janeiro, falam sobre os prejuízos. O prefeito Alexandre Kalil comenta as primeiras medidas tomadas em caráter emergencial para recuperar o local, dentre outros pontos da cidade, e nega que tenha privilegiado áreas mais ricas. "São 90 mil pessoas que passam por ali no transporte público", justificou.

O  fundador do projeto Manuelzão da UFMG, Apolo Heringer Lisboa, ambientalista e professor aposentado da Faculdade de Medicina, afirma que é preciso parar de atribuir os desastres simplesmente à força das chuvas e assumir uma nova política de gestão de águas. 

Ouça o primeiro bloco do programa

Áreas de risco
Em Ibirité, na RMBH, Laura de Oliveira, 61, moradora do bairro Palmares, conta que sua casa, construída no alto de um morro, está com várias rachaduras. "Se tivesse como sair daqui, eu sairia", diz. O local é uma das áreas com alto risco de deslizamento de solo mapeadas pelo Serviço Geológico Nacional (CPRM). Ouvido pela reportagem, o coordenador dos mapeamentos de áreas de risco do órgão, Júlio Lana, destaca que o relevo acidentado da RMBH, com bairros edificados em encostas, favorece esses eventos. No município, um dos mais afetados pela chuva, cinco pessoas morreram desde o último dia 24 de janeiro, em razão dos desabamentos,

No segundo bloco do programa, especialistas analisam fatores que contribuem para as frequentes inundações, enxurradas e alagamentos na capital mineira, como a canalização dos rios e a impermeabilização dos solos. Belo Horizonte possui aproximadamente 700 quilômetros de cursos d'água, dos quais 165 estão escondidos sob a malha viária da capital. Alternativas para minimizar transtornos em decorrência de chuvas fortes também são discutidas, tais como a construção de parques com cobertura vegetal às margens dos cursos d'água.

Ouça o segundo bloco do programa

Para saber mais
Vídeo do acervo do Museu da Imagem e do Som (MIS) mostra as obras de canalização do córrego do Acaba Mundo, na rua Professor Morais, na Savassi:

Mapa on-line do CPRM permite visualizar áreas com riscos de desastres no Brasil
Diagnóstico climático de Minas Gerais - janeiro de 2020 (Inmet):

Produção
O episódio 29 do programa Outra estação é apresentado por Alessandra Ribeiro e Breno Benevides, com produção de Alessandra Ribeiro, Beatriz Kalil, Breno Benevides e Camila Meira. A edição é de Tiago de Holanda e os trabalhos técnicos, de Breno Rodrigues. A coordenação de jornalismo é de Paula Alkmim.

O programa aborda, semanalmente, um tema de interesse social. Na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM), vai ao ar às quintas-feiras, às 18h, com reprise às sextas, às 7h30. O conteúdo também está disponível nos aplicativos de podcast.

TV UFMG
O assunto também é abordado em reportagem da TV UFMG, que entrevistou os professores Apolo Henriger, do Projeto Manuelzão, e Roberto Andrés, da Escola de Arquitetura. Eles explicam as causas da destruição provocada pela força das águas e discutem os danos causados pelo desmatamento das cabeceiras e canalização dos córregos na região. Assista ao vídeo: