Pesquisa identifica região cerebral que quando estimulada melhora sintomas de Parkinson
Estudo pioneiro no mundo é da Faculdade de Medicina da UFMG
Pesquisadores da Faculdade de Medicina da UFMG conseguiram identificar que a estimulação de um subgrupo de neurônios localizados na superfície do cérebro, na região córtex motor secundário, leva a melhoras de sintomas da Doença de Parkinson. A descoberta é o primeiro passo para o que é considerado pelos estudiosos um tratamento mais eficaz da doença. É possível, de acordo com os pesquisadores, obter ganhos na função motora e cognitiva, o que nenhum outro procedimento é capaz. O estudo foi publicado na terça-feira, dia 19/02, na revista “Journal of Neuroscience”, que é o periódico da Sociedade Americana de Neurociência. Os testes foram feitos em camundongos com a doença, que tiveram áreas específicas do cérebro estimuladas por meio da técnica chamada Optogenética.
Atualmente, existem dois métodos principais para tratar a Doença de Parkinson: através de medicamentos ou procedimento cirúrgico. O tratamento medicamentoso, no entanto, deixa de fazer efeito após alguns anos de uso. A alternativa para alguns pacientes que não possuem melhora com o medicamento, é a realização de um procedimento cirúrgico que emprega a estimulação elétrica para corrigir as áreas cerebrais com atividade alterada.
No entanto, o procedimento cirúrgico utilizado atualmente é de alto risco, por ser necessário implantar eletrodos em áreas profundas do cérebro afetadas pela doença. Além disso, o emprego de corrente elétrica não consegue direcionar os estímulos para células específicas, fazendo com que todas as células que estiverem próximas ao implante sejam perturbadas, mesmo as saudáveis.
Por isso, o objetivo da pesquisa foi investigar o potencial terapêutico da estimulação em regiões superficiais do cérebro, desde que elas se conectassem com as áreas profundas disfuncionais.
“Nós descobrimos que a manipulação da atividade de áreas superficiais é suficiente para levar a melhora. Essa observação indica que futuramente o procedimento cirúrgico possa ser simplificado, diminuindo os riscos decorrentes da manipulação de áreas profundas do cérebro. Além disso, nossa técnica só afeta o tipo de neurônio envolvido na doença”, explica o biomédico, neurocientista e pós-doutorando do Programa de Pós-graduação em Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da UFMG, Luiz Alexandre Viana Magno.
Ele ressalta que a pesquisa é um ponto de partida para outros estudos. “Pode ser que a gente consiga encontrar outras áreas cerebrais, também localizadas na superfície do cérebro, que quando estimuladas causem benefício terapêuticos ainda maiores do que aqueles que nós observamos. É como fazer mineração. Uma vez você acha uma pepita de ouro e fica muito feliz. Mas, algum dia, você pode encontrar uma ainda maior”, conclui.
Veja mais em vídeo produzido pela TV UFMG
Produção e reportagem: Frederico Gandra
Imagens: Ravik Gomes
Edição de imagens: Márcia Botelho e Kennedy Sena
Edição de conteúdo: Pablo Nogueira