Pesquisa e Inovação

​Pesquisa vai testar cães e gatos para covid-19 em cinco capitais brasileiras

Estudo financiado pelo CNPq e pelo Ministério da Saúde avalia as relações de transmissão do vírus entre pessoas e animais

Pesquisa vai realizar testes em animais que moram com pessoas infectadas pelo novo coronavírus
Pesquisa vai realizar testes em animais que moram com pessoas infectadas pelo novo coronavírus Lucas Braga / UFMG

A covid-19 preocupa em diversos níveis, já que ainda não conhecemos todas as suas nuances e atuações. Qual o risco de transmissão entre humanos e animais de estimação, por exemplo? Com objetivo de responder e entender se é possível tal contaminação, uma pesquisa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pelo Ministério da Saúde será realizada em cinco cidades: Belo Horizonte, Curitiba, Campo Grande, Recife e São Paulo. Em âmbito nacional a pesquisa é liderada pela Universidade Federal do Paraná e em BH tem colaboração do Laboratório de Epidemiologia de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Departamento de Parasitologia do ICB, sob a coordenação do professor David Soeiro.

Ao todo, mil animais serão testados, levando em conta o número de pessoas contaminadas em cada cidade. A ideia é que a amostra corresponda a aproximadamente 10% de número de tutores infectados. Até o momento, pouco se sabe sobre a possibilidade a transmissão entre humanos e animais, mas alguns indícios estão em foco. "Possivelmente, no convívio, no ambiente domiciliar, esses animais se infectam em contato com o humano infectado. Também temos estudos que mostram a infecção entre animais. Por exemplo, um gato que infecta o outro. É importante lembrar que não há comprovação científica da transmissão do animal para o ser humano", explica David Soeiro.

Como há pouca evidências científicas, ainda não é possível prever as decisões que a pesquisa causará. Mesmo assim vai ajudar em um ponto importante, que é o bem estar animal. "Vamos ter acesso a informações sobre como esses animais têm a saúde acometida, como podemos minimizar o risco do animal se infectar no ambiente domiciliar, como reduzir o risco de infectar outros animais e entender melhor esses mecanismos de transmissão", ressalta Soeiro. 

O professor participou do programa Conexões e deu mais detalhes sobre os procedimentos da pesquisa e os seus reflexos. 

Ouça a conversa com Luíza Glória

É importante lembrar que, para participar da pesquisa, o cachorro ou gato deve viver em um lar cujo tutor esteja em isolamento domiciliar e tenha diagnóstico confirmado para infecção pelo novo coronavírus. O diagnóstico deve ter sido confirmado por meio da técnica PCR ou por resposta imunológica por IgM, com data de diagnóstico de até sete dias. Para participar, a pessoa interessada que cumprir todos esses requisitos deve enviar uma mensagem para o e-mail covidufmg@gmail.com. A pessoa deve informar seu número de celular, e-mail, seu próprio nome e o do animal, e especificar se o animal é cão ou gato. Depois que essa mensagem for enviada, a equipe do projeto entrará em contato o mais rápido possível. Os voluntários serão informados sobre os aspectos envolvidos no estudo e, caso concordem com o protocolo da pesquisa, deverão assinar o termo de consentimento livre e esclarecido e responder a um questionário.

Produção: Tiago de Holanda

Publicação: Jaiane Souza