Programa Noite Ilustrada recebe músico Jards Macalé para falar do disco ‘Transa’
Artista carioca foi diretor musical do emblemático disco de Caetano Veloso, que completa 50 anos neste janeiro
Enigma: que álbum é este? A direção musical é de Jards Macalé, que também toca violão e guitarra. Cuidaram da bateria e percussão Tutty Moreno e Áureo de Souza. O baixo é de Moacir Albuquerque e Gal Costa canta em três faixas. Ângela Rô Rô participa na gaita de Nostalgia. Deu pra adivinhar? Estamos falando do disco Transa, de Caetano Veloso. Lançado em 1972, pela gravadora Philips, o álbum comemora 50 anos de lançamento em terras brasileiras neste mês de janeiro, mas foi apresentado ao mundo no ano anterior, 1971, em Londres, durante o exílio de Caetano Veloso. Reúne as canções You don’t know me, Nine out of ten, Triste Bahia, It’s a long way, Mora na Filosofia, Neolithic Man e Nostalgia: um grande disco da música brasileira, que comemora agora meio século.
Para falar sobre o Transa, o programa Noite Ilustrada desta sexta-feira, 14, recebeu seu diretor musical, o músico Jards Macalé. O convidado relembrou o encontro para a criação do disco, no qual Caetano exigiu a presença do carioca, e os ensaios para sua realização, contando que foi um trabalho em grupo e gravado como um show ao vivo. Revelou também que, na época, foi até a tal Rua Portobello, em Londres, citada em Nine out of ten, para conhecer o reggae, que é mencionado pela primeira vez na música brasileira nesta faixa. “Eu fui até lá pra saber o que era aquilo, então eu encontrei os jamaicanos tocando lá, esse pessoal de rua, e pedi pra me mostrarem o ritmo, disse que eu era brasileiro, estava gravando um disco e queria citar essa coisa. Aí ele falou ‘tudo bem, eu ensino a você e você me ensina o samba?’, aí eu disse que tudo bem e trocamos um reggae por um samba”, relatou Macalé.
O músico também comentou sobre os neologismos e risadas no final do disco, contando que na verdade era uma brincadeira interna na qual o grupo inventava palavras, balbuciando coisas incompreensíveis para os outros, numa espécie de piada interna. O título e repertório do Transa, a participação de Gregório de Mattos, aventuras pelas ruas londrinas e o único solo de guitarra de Jards Macalé também foram assunto da conversa. Sobre a particularidade do álbum, para o artista, a característica mais especial é a liberdade de invenção. “Transa é uma transa, ‘vamos transar um som’. Uma transação, um negócio, é uma palavra aberta. É o fundamento do disco: é uma transa. Músicas transando músicas”, brincou o compositor.
Ouça a entrevista completa no Soundcloud.
O disco Transa, que completa agora 50 anos no Brasil, está disponível em todas as plataformas de streaming de música.