Quinze laboratórios escolhidos por meio de edital de fomento iniciaram uma jornada de oito semanas de imersão no Outlab UFMG 2025. Ao longo do programa, pesquisadores da UFMG vão passar por capacitação em empreendedorismo e gestão, com encontros presenciais e acompanhamentos individualizados que aproximam ciência e mercado.

A quarta edição do Outlab UFMG foi oficialmente lançada nesta terça-feira (12) em solenidade no Centro de Atividades Didáticas 3 (CAD 3), no campus Pampulha. Na abertura do evento, a reitora Sandra Regina Goulart Almeida destacou a importância da atuação do programa ao longo dos três últimos anos para o aprimoramento das infraestruturas de pesquisa, principalmente nas áreas de ciências sociais, humanidades e da educação, para a geração de conhecimento e inovações que impactam positivamente sociedade e meio ambiente.

“A UFMG fortalece o empreendedorismo como parte de nossas atividades de extensão, conectando laboratórios e indústrias, por entendermos que o desenvolvimento tecnológico e científico é parte importante do desenvolvimento social”, afirmou.

Editais de fomento
O evento teve um painel que reuniu Wadson Ribeiro, gerente do Departamento Regional da Financiadora de Projetos (Finep), e Luiz Gustavo Cançado, diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig). Eles discutiram o papel das infraestruturas nos editais de fomento e seu impacto no desenvolvimento da CT&I no país.

Segundo Wadson Ribeiro, os investimentos na forma de subvenção de empresas para ICTs são fundamentais para atualizar as infraestruturas de laboratórios e pesquisas. Ele defendeu o aumento desses repasses, afirmando que essa tendência dialoga com o programa do governo federal Nova Indústria Brasil (NIB), “que tem o objetivo de, a partir do aumento de investimentos em ciência e tecnologia, particularmente na inovação, recolocar o papel da indústria no produto interno bruto”.

Luiz Gustavo Cançado, por sua vez, apresentou números da pesquisa no Brasil e no mundo, cotejando produção científica e financiamento. Ao comparar o país com outras nações do bloco Brics – especialmente Rússia, Índia e China –, ele afirmou que o Brasil se destaca nas áreas de Ciências Agrárias, Ciências da Vida e Ciências Humanas, ainda que os investimentos sejam inferiores aos das outras nações.

Múltiplos parceiros
O Outlab UFMG é um programa de extensão, criado em 2019 por iniciativa da Fundação de Apoio da UFMG (Fundep). Atualmente, é coordenado pela Pró-reitoria de Pesquisa (PRPq), com apoio da própria Fundep e gestão de inovação do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC).

O vice-reitor Alessandro Fernandes, o pró-reitor de Pesquisa, Fernando dos Reis, e o CEO do BH-TEC, professor Marco Crocco, também compuseram a mesa de lançamento do evento.

A nova edição do Outlab repaginou sua abordagem: está mais dinâmica e compacta, com foco na capacitação e na conexão por meio da troca de experiências. Durante as oito semanas, os participantes vão manter contato com especialistas, participar de rodadas de negociações e mentorias personalizadas e aprender sobre as etapas de criação de um plano estratégico para captação de negócios.

Entre os 15 laboratórios selecionados, estão infraestruturas que já passaram por ciclos do Outlab e outras que se inscreveram pela primeira vez. É o caso do Núcleo de Pesquisa em Desigualdades Escolares (Nupede), da Faculdade de Educação. Integrante do Nupede, a professora Flávia Xavier disse que a expectativa é adquirir expertises geralmente associadas às pesquisas nas áreas das ciências duras, como as exatas e biológicas.

“Nós precisávamos de apoio para garantir a propriedade intelectual das ferramentas metodológicas que criamos e para pensar tanto a identidade do grupo quanto o negócio que podemos oferecer”, explicou. O núcleo já oferece consultorias e capacitações sobre políticas educacionais para promoção da equidade e agora investiga soluções para gestão da violência e da convivência escolar.

“Necessitamos de suporte para aprender a precificar e encontrar maneiras mais eficazes de oferecer nossos produtos, e também sobre como tornar nossas ferramentas gratuitas para gestores municipais”, disse Flávia Xavier.

Para Matheus Azzi, coordenador de Inovação na Fundep, “o pioneirismo do Outlab reforça o compromisso da Fundep como fundação de apoio da Universidade, com suas infraestruturas de pesquisa, por meio da gestão administrativa e financeira das atividades”. 

Ainda de acordo com o coordenador, o objetivo da fundação é assegurar e impulsionar o desenvolvimento de pesquisadores e da ciência brasileira, contribuindo para a geração de impactos dentro e fora do ambiente acadêmico.

Laboratórios participantes

Biotério Central da UFMG
Centro Multiusuário de Análise Experimental de Estruturas (Cemaees)
Centro Multiusuário de Termografia Científica (Cemtec)
Centro de Pesquisas Hidráulicas (CPH)
Consultoria e rotulagem de alimentos (Rotulab)
Hospital das Clínicas da UFMG
Laboratório Audiovisual Saberes Tradicionais UFMG
Laboratório de Biodiversidade, Taxonomia e Biotecnologia de Fungos
Laboratório de Bioinformática e Sistemas (LBS)
Laboratório de Briófitas
Laboratório de Geotecnia (LabGeo)
Laboratório de Diversidade Gênica Humana (Mosaico)
Núcleo de Pesquisa em Desigualdades Escolares (Nupede)
Programa de Educação Tutorial da Engenharia Elétrica (Petee UFMG)
Sistemas Inteligentes de Monitoramento Ambiental (Simoa)