Resposta da comunidade foi satisfatória, avalia coordenadora do Pré-Festival de Inverno
Após semana de diversas atividades, o Pré-Festival de Inverno da UFMG chegou ao fim ontem, 17, com o encerramento do minicurso Sair do território – arte cênica, tradição e transdisciplinaridade, ministrado pela professora da USP Maria Thaís Santos. Desde o início do evento, na terça-feira, foram realizadas duas apresentações musicais, dois minicursos, sessão de autógrafos no lançamento de livros da Editora UFMG, conferência e mostra de videoarte.
A coordenadora-geral do evento, Mônica Ribeiro, lembrou que a primeira edição reuniu atividades didático-culturais durante o semestre letivo, período em que estudantes, professores e servidores técnico-administrativos estão na cidade e no campus Pampulha. "A resposta da comunidade foi extremamente satisfatória para tudo o que foi proposto. Isso significa que uma lacuna foi preenchida", avaliou Mônica, que é professora da Escola de Belas-Artes.
Ela também destacou a importância da iniciativa neste momento delicado vivido pelo país, em que várias cidades menores cancelaram seus festivais de arte e cultura por falta de recursos. "Trata-se, pois, de um ato de resistência para não só manter nosso festival, como também para aumentar seu alcance."
O evento foi organizado pela Diretoria de Ação Cultural (DAC), com curadoria de Juliana Gouthier Macedo, Fernando Mencarelli e Mauro Rodrigues. Ele funcionou como aquecimento para a 48º Festival de Inverno, que será realizado em julho, em Belo Horizonte.
A semana
Na abertura, o multi-instrumentista Paulo Santos, integrante do extinto Grupo Uakti durante todos os 37 anos de sua existência, apresentou o show solo Pílulas sonoras. O artista levou ao palco instrumentos construídos artesanalmente, além de bases pré-compostas num software de áudio digital que forneciam os ritmos e ambientações para os solos nos instrumentos acústicos.
Também na terça-feira, o professor da Escola de Música Maurício Loureiro, ex-diretor do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (Ieat), proferiu a conferência Transdiciplinaridade e excelência: um caminho ou utopia, na qual abordou a interação dos campos de conhecimento como princípio norteador da ciência moderna. Também na perspectiva da relação de troca entre campos do conhecimento, o professor Ernani Maletta, da Escola de Belas Artes, abordou, em minicurso, a simbiose entre os saberes artísticos, em especial a música e o teatro.
A segunda atração musical da semana foi o Grupo Choro de Minas, quarteto formado pelo trombonista e professor da UFMG Marcos Flávio, pelo violonista de sete cordas Sílvio Carlos, pelo cavaquinista Dudu Braga e pelo baterista e pandeirista Ramon Braga. A apresentação foi realizada na Praça de Serviços, em parceria com o Projeto Quarta Doze e Trinta.
A mostra de videoarte Campos interpolados recorreu ao "paredão" externo do prédio da Face para projetar 20 produções nacionais e sete estrangeiras. Com curadoria do artista visual e filmmaker Joacélio Batista, a atividade reuniu filmes que instigam reflexões sobre o momento político brasileiro e peças contemplativas que convidam o espectador à imersão.
Em três dias, a professora Maria Thaís Santos, diretora da companhia de teatro Balagan, reconhecida como patrimônio imaterial da cidade de São Paulo, ministrou minicurso em que abordou o potencial inspirador de temas externos ao campo do teatro como forças inspiradoras do seu trabalho.
"Olhamos para a arte como um processo de construção de mundos. Sair do seu território significa sair do seu conceito de arte primeira. Devemos buscar o que é comum não pela semelhança, mas pela diferença", afirmou Maria Thaís à reportagem das Redes Sociais da UFMG. O vídeo com a entrevista está disponível na fan page da Universidade.
Ao longo de sua carreira de mais de 20 anos, a diretora de teatro montou peças influenciadas por textos filosóficos de Platão, por obras da escritora Hilda Hilst e pela arte dos povos ameríndios, que, segundo ela, são capazes de dialogar com a essência teatral. A diretora, que junto com a companhia que dirige já participou de várias edições do Festival de Inverno, revelou ter aceitado de imediato o convite para mais uma atividade na UFMG. "Todas as experiências no Festival foram incríveis, realmente posso dizer que aqui me sinto em casa", concluiu.