Cerimônia comemora 50 anos de fundação do ICEx
Herbert Magalhães Alves, do Departamento de Química, recebeu homenagem póstuma
“A universidade é feita de pessoas, a quem devemos agradecer pela dedicação e contribuição para termos chegado onde hoje estamos”, declarou a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, na cerimônia que marcou, na tarde desta sexta-feira, 23, a comemoração do cinquentenário de fundação do Instituto de Ciências Exatas (ICEx) da UFMG. Ela aludia especialmente ao professor Herbert Magalhães Alves, falecido em 2011 e homenageado na ocasião – a quem a reitora atribuiu um “admirável legado”.
Sandra Goulart também destacou a relevância histórica do ICEx como “palco de reflexões sobre os pontos mais sensíveis da sociedade”. “Por sua tendência ao pensamento crítico e questionamento do mundo, sempre esteve no centro das discussões”, disse. A excelência dos cursos de graduação e pós-graduação e a abrangência dos programas de extensão universitária desenvolvidos no âmbito da unidade também foram aspectos enaltecidos pela reitora. “O ICEx se destaca pela regularidade com que atende às demandas das comunidades interna e externa. Os vários grupos de pesquisa e inovação aqui ancorados são referência para todo o Brasil”, enfatizou.
Senso de humor e fina ironia
O discurso de homenagem a Herbert Magalhães ficou a cargo do professor emérito Carlos Alberto Lombardi Filgueiras. “Eram contagiantes alguns aspectos de sua trajetória e de sua personalidade, como sua fina ironia e senso de humor, a despeito da cara de 'durão' e de uma aparente introspecção”, descreveu Carlos Alberto.
O emérito mencionou fatos importantes da biografia de Herbert Magalhães, como sua escolha como professor catedrático de Química Orgânica da Escola de Engenharia da UFMG e sua participação na reforma universitária, na década de 1960. “Sou seu admirador do ponto de vista profissional e também pessoal”, declarou.
Segundo o testemunho de Jane Magalhães Alves, esposa do homenageado, Herbert “dedicou-se inteiramente à universidade e empenhou-se em criar condições para que outros pudessem se desenvolver”. “Por essa luta constante que empreendeu, muitas vezes em prejuízo da própria ambição pessoal, ele é merecedor da homenagem”, comentou Jane Alves.
O chefe do Departamento de Química, professor Ruben Dario Sinisterra Millán, salientou o “apreço pela química orgânica, pela flora brasileira e pelos produtos naturais”, marcas peculiares do professor homenageado postumamente. “Segundo testemunhos dos que com ele conviveram, Herbert tinha espírito avançado para seu tempo. Embora não o tenha conhecido, sinto-me honrado em poder prestar essa homenagem”, disse.
O homenageado
Herbert Magalhães Alves graduou-se em Química pela UFMG em uma das primeiras turmas do curso, nos anos 1940 do século passado, época em que também atuou como jornalista. Na década de 1950, foi assistente do professor Aluísio Pimenta. Em 1953, trabalhou no Istituto Superiore di Sanità, em Roma, junto com o cientista Daniel Bovet, que receberia, em 1957, o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia, em função de seus trabalhos sobre compostos sintéticos com ação no sistema vascular, entre os quais o veneno brasileiro curare.
Herbert Magalhães Alves tornou-se professor catedrático de Química Orgânica pela Escola de Engenharia em 1961, aos 33 anos. Permaneceu em Sheffield, Inglaterra, entre 1964 e 1966, no laboratório do professor William David Ollis, desenvolvendo estudos sobre as avocatinas, substâncias isoladas da semente do abacate. Mais tarde, foi professor titular de Química Orgânica no Departamento de Química da UFMG e um dos criadores do curso de Pós-Graduação em Química (1967-68), onde atuou nas áreas de Química Orgânica e Química de Produtos Naturais.
Por vontade expressa do professor Herbert Magalhães, a família autorizou, na ocasião da sua morte, em 2.011, a doação do corpo para atividades de pesquisa na Faculdade de Medicina da UFMG.