Termina hoje, 13, prazo para responder consulta que vai subsidiar política de IA da UFMG
Formulário pode ser respondido por todos os integrantes da comunidade universitária
Termina nesta sexta-feira, 13, o prazo para que membros da comunidade universitária participem da pesquisa on-line lançada pela Comissão Permanente de IA da UFMG para entender como a comunidade universitária utiliza a inteligência artificial em suas práticas cotidianas. O formulário pode ser acessado pela internet e respondido por estudantes, professores, servidores técnico-administrativos e profissionais terceirizados. O questionário servirá como ferramenta para a elaboração de uma Política de IA colaborativa e capaz de ajudar a Universidade a lidar com o novo cenário da inteligência artificial de forma ética e responsável.
“Não se trata de elaborar um documento que crie regras do que pode e do que não pode ser feito quando falamos de IA. É mais do que isso; é pensar como lidamos com esse cenário e com o tratamento coletivo dos dilemas que professores, estudantes e demais membros da comunidade universitária enfrentam ao fazer uso de IA", explica Ricardo Fabrino, presidente da Comissão e professor do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) da UFMG. O objetivo é estruturar mecanismos de escuta da comunidade universitária de forma ética e alinhada às boas práticas de pesquisa, completa Patrícia Nascimento Silva, integrante da Comissão e professora da Escola de Ciência da Informação (ECI) da UFMG.

Desafios
Patrícia Nascimento afirma que a IA é uma ferramenta computacional robusta que pode potencializar ações positivas ou negativas, dependendo do modo como é utilizada. Segundo a professora, os pontos positivos das ferramentas de IA estão relacionados, na maioria das vezes, à automação de tarefas e atividades que demandariam muito tempo para ser realizadas, por meio da rápida integração de grandes conjuntos de dados e de informações, somada a algoritmos e modelos estatísticos, para a resolução de problemas. “Nos processos de ensino-aprendizagem, ela pode ser utilizada para fomentar o pensamento crítico e a reflexão, tendo o ser humano como um ator ativo, direcionando e supervisionando a máquina”, afirma. Com relação aos pontos negativos, a professora cita a conduta não ética e irresponsável, o consumo de dados e de informações sensíveis por parte das big techs, a dependência e a subordinação tecnológica e, principalmente, o uso equivocado e errôneo de dados.

“Esse último aspecto está relacionado à literacia em dados, ou seja, à capacidade de acessar, compreender, avaliar e utilizar dados e informações a fim de evitar que o ser humano se torne um agente que apenas consome os conteúdos gerados, limitando seu processo criativo e seu raciocínio. Essa questão se torna ainda mais grave na formação de profissionais e pesquisadores, uma vez que, inicialmente, é essencial conhecer, compreender e executar todos os processos sem omitir etapas, para não comprometer o ensino-aprendizagem em atividades acadêmicas", adverte Patrícia Nascimento.
O professor Fabrino acrescenta que a IA já impacta uma série de processos, o que provoca dúvidas, dilemas e questões. “Se a IA é uma tecnologia com uma dimensão estrutural que atravessa várias práticas da instituição, nós precisamos pensar nas mudanças que estão ocorrendo. As transformações mais amplas devem ser tratadas de forma coletiva, pública e aberta. Pensamos em projetos, publicações, eventos, conjunto de regras, entre outros instrumentos, para alimentar o debate e pensar no conjunto de diretrizes.”
Comissão
A Comissão Permanente de IA da UFMG foi criada em 2023 com o objetivo de fomentar um debate profundo e estratégico sobre o impacto das tecnologias de inteligência artificial na educação superior. Em um contexto no qual essas tecnologias perpassam todos os aspectos das atividades universitárias – ensino, pesquisa, extensão e administração –, a comissão busca refletir institucionalmente sobre o uso responsável de suas ferramentas. Entre as prioridades estão a transparência, a privacidade e a justiça, pilares fundamentais para nortear ações e políticas institucionais.
Comprometida com o enfrentamento dos desafios e a exploração das oportunidades trazidas pela IA, a Comissão atua para garantir que a comunidade universitária esteja preparada para lidar com as transformações tecnológicas que impactam tanto o cotidiano acadêmico quanto o futuro do trabalho. Além disso, ela estabelece diálogos interinstitucionais, nos âmbitos nacional e internacional, contribuindo para ampliar o debate sobre a governança da IA e sua aplicação ética.
A UFMG lançou no ano passado recomendações sobre o uso da IA para o ensino, a pesquisa, a extensão e a administração, que estão disponíveis on-line. A Comissão pretende promover um evento em agosto para apresentar os resultados obtidos pela pesquisa e discutir o tema, como ocorreu em encontro realizado em maio do ano passado.
