Extensão

TV UFMG aborda o abandono de cães vira-latas

A seleção de raças também é discutida no De Olho nos Bichos de dezembro

Conhecidos como “vira-latas”, os cães sem raça definida são maioria nas ruas, onde passam por situações de risco envolvendo violência, frio, fome e doenças. O “De Olho nos Bichos”, programa da TV UFMG em parceria com a Escola de Veterinária da Universidade, tem como tema deste mês a relação desses animais com o abandono, a preferência popular pela adoção de cães de raça e os riscos trazidos pela seleção genética.

O próprio apelido dado a esses cães se origina, segundo o professor da Escola de Veterinária Rubens Carneiro, da situação precária em que vivem. À procura de comida, revirando latas de lixo, a estimativa de vida de um vira-lata no Brasil é de apenas dois anos, de acordo com a professora Danielle Ferreira.  Diferentemente de um cão de rua, um animal resgatado e bem cuidado pode chegar facilmente aos 15. 

É o caso de Pretinha, vira-lata que há 13 anos rondava a casa de Aléxia Dubois à procura de comida. Todos os dias, ela aparecia nos mesmos horários para ser alimentada pela administradora de empresas, que não tardou a perceber que a cadela estava grávida. Algum tempo depois, Aléxia a encontrou cercada de filhotes em uma obra de construção e, desde então, a vira-lata passou a fazer parte de sua família.

Mas nem todo cão de rua tem a sorte de Pretinha. Para a professora Danielle, existe no Brasil uma preferência popular pela adoção de cães de raça devido a dois fatores: valorização de padrões estéticos e desconhecimento de certas características do vira-lata, como o seu comportamento e o tamanho que pode atingir, no caso da adoção de filhotes. Contudo, a seleção genética pode acarretar doenças e deficiências a algumas raças, a exemplo da displasia coxofemoral em cães como o Pastor Alemão e o Labrador.

Adoção
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, entre janeiro e novembro deste ano, o Centro de Controle de Zoonozes (CCZ) resgatou 2.294 animais da rua (1.556 deles, cachorros). Destes, apenas aproximadamente 12% foram adotados, enquanto 1,6% encontrados por seus responsáveis.

Para Danielle, a solução para esse problema deve ser pensada de forma conjunta, sendo as instituições públicas responsáveis pela execução das leis de proteção aos animais e no controle destes; a população, praticando a castração e identificação correta de seus pets; e as ONGs, no resgate de animais e conscientização da comunidade.