Coberturas especiais

UFMG trabalha para alinhar suas ações de sustentabilidade aos ODS

Preocupação permeou apresentações do painel organizado no âmbito da Semana do Conhecimento; Universidade vai criar repositório para projetos e ações sustentáveis

Participantes do painel puderam degustar a geleia que é produzida com vinhos apreendidos pela Receita Federal
Participantes do painel puderam degustar a geleia que é produzida com vinhos apreendidos pela Receita Federal Foto: Jebs Lima | UFMG

As ações de sustentabilidade da UFMG devem buscar a transdisciplinaridade e a congruência com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Essa foi a conclusão central do Painel UFMG Sustentável, realizado na manhã de ontem, 24, como parte da 33ª Semana do Conhecimento da UFMG. O painel, que teve quatro apresentações, detalhou algumas ações da Universidade focadas na sustentabilidade, além de explorar a transdisciplinaridade dessas atividades.

Durante a abertura do evento, o vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira destacou que os projetos relacionados à sustentabilidade na Universidade – que podem ser conhecidos no Portal UFMG Sustentável – envolvem pesquisa, desenvolvimento e inovação, o que os faz reverberar na administração da instituição. A fala do vice-reitor foi corroborada pela reitora Sandra Goulart Almeida, que salientou a importância de se considerar a sustentabilidade de forma transversal em meio às atividades de ensino, pesquisa e extensão.

O vice-reitor, a reitora e o representante da Receita Federal: parceria de cunho social e sustentável
O vice-reitor Alessandro Fernandes, a reitora Sandra Goulart e o representante da Receita Federal, Michel Teodoro: parceria de cunho social e sustentável Foto: Jebs Lima | UFMG

“Somos uma universidade diversa em seus campos, e essa diversidade deve conhecer, preservar e restaurar. Além de preservar, temos que restaurar o que foi destruído nos últimos anos. Esse é um papel que devemos cumprir como universidade pública”, disse a reitora. 

Eixo ambiental 
A primeira apresentação do painel foi feita pelo diretor do Departamento de Gestão Ambiental (DGA) da UFMG, o servidor técnico-administrativo Tulio Vono. Ele mostrou como a UFMG faz o tratamento de seus resíduos, ressaltando que todas as ações mostram o compromisso da Universidade com a sustentabilidade em seus campi.

O servidor Tulio apresentou as ações do DGA
O servidor Tulio Vono apresentou as ações do DGA Foto: Jebs Lima | UFMG

“O DGA foi criado por meio da Portaria nº 112, de 2010, mas em 2000 já havia um cuidado com essas questões, pois foi quando teve início o processo de licenciamento ambiental das obras do campus. Em 2004, implantamos o nosso programa de resíduos, e, em 2007, iniciou-se a elaboração dos planos de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde e de resíduos do campus Pampulha. Em 2006, esse plano atingiu o status de atividade permanente”, contou.

As ações do DGA são realizadas por quatro divisões no Departamento: Gestão de Resíduos (DGR), Infraestrutura Sanitária (Disa), Áreas Verdes (DAV) e Eficiência Energética (DEE). “A DGR atua na execução de ações para viabilizar a logística que minimiza e destina corretamente os resíduos gerados na UFMG. A Disa cuida da nossa infraestrutura sanitária, como o esgotamento, o abastecimento de água e a drenagem pluvial. A DAV é responsável pela manutenção e recuperação dos gramados e jardins, além da arborização do campus. E a DEE opera as nossas usinas fotovoltaicas, faz a gestão de contratos de energia e viabiliza estudos para o emprego de fontes alternativas de energia”, explicou.

Tulio Vono acrescentou que o DGA também realiza trabalhos de educação ambiental, campanhas, cursos de capacitação para os servidores técnico-administrativos e a feira agroecológica, que reúne 35 produtores de 18 cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). O Departamento também faz a gestão da fauna e do controle de zoonoses. “Cuidamos do manejo dos animais silvestres, domésticos e sinantrópicos. Os animais são identificados, microchipados, vacinados e castrados", explica Vono.

O professor Braz Cardoso, do Departamento de Engenharia Elétrica da Escola de Engenharia, explicou, por sua vez, como funciona a Minirrede Oásis, projeto surgido em 2016 por meio da chamada Eficiência Energética e Minigeração em Instituições Públicas de Educação Superior do Governo Federal e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Braz: minirrede melhora autonomia energética da UFMG
Braz: minirrede amplia autonomia energética da UFMG Foto: Jebs Lima | UFMG

“O projeto foi elaborado para atacar os problemas que haviam sido identificados e está relacionado à gestão de contratos de energia e à questão tecnológica, com gestão do consumo, campanhas de conscientização e planejamento para aparelhos de ar-condicionado e iluminação de LED, além da geração distribuída por meio de uma minirrede que prevê energia fotovoltaica, cogeração qualificada e armazenagem em baterias”, explicou o professor.

Segundo Cardoso, a minirrede é uma miniatura de um sistema de energia elétrica destinada a atender uma região delimitada. “Uma minirrede nos possibilita manter as operações essenciais das nossas instalações mesmo que falte energia da Cemig. Para ter a minirrede, precisamos gerar energia no campus, por isso a opção pela energia fotovoltaica, que é um modelo sustentável e com baixa emissão de CO2."

A UFMG já conta com painéis fotovoltaicos nos Centros de Atividades Didáticas (CAD) 1, 2 e 3, e também nos prédios da Biblioteca da Faculdade de Medicina e da Escola de Engenharia. O complexo fotovoltaico da UFMG foi inaugurado em novembro de 2022. Seu funcionamento foi detalhado em matéria publicada no Portal UFMG.

Michel: Receita tem ação social
Michel: Receita tem ação social Foto: Jebs Lima | UFMG

Parceria com a Receita Federal
O superintendente da Receita Federal do Brasil, Michel Lopes Teodoro, iniciou a terceira parte do painel destacando que, apesar de sua atribuição principal estar relacionada sobretudo à arrecadação de impostos, o órgão cumpre também uma missão social ao planejar a destinação de itens apreendidos quando entram ilegalmente no país. 

“Por que mercadorias são apreendidas? Para proteger a economia nacional, combater a concorrência desleal, preservar a segurança e o emprego das pessoas e garantir uma eficiente e equilibrada arrecadação de tributos para financiamento das nossas políticas públicas. Quando a Receita apreende a mercadoria, ela tem quatro destinos possíveis: destruição, leilão, incorporação para as atividades da Receita ou doação. A parceria com a UFMG envolve as mercadorias que seriam destruídas”, contou.

O vice-reitor Alessandro Fernandes explicou que a parceria se dá por meio do Projeto Destinação Sustentável, que reúne ações sustentáveis de reciclagem, descaracterização, transformação ou reutilização de mercadorias apreendidas pela Receita. As ações abrangem, além da transformação dos objetos, a formação de pessoas e a transferência de tecnologia.

“São quatro subprojetos. O primeiro é a destinação sustentável de vinhos para a produção de geleias, visando à promoção da diversidade de renda em comunidades da RMBH. O segundo destina de forma sustentável aparelhos de TV box para produção de plataformas de tutoria para o combate à desinformação em escolas de educação básica. O terceiro envolve produtos têxteis, e o quarto foca no aproveitamento de cigarros de tabaco para a produção de biochar, licor pirolenhoso e gases não condensáveis”, explicou o vice-reitor.

Dawisson mostrou desempenho da UFMG em rankings que consideram os ODS
Dawisson relatou desempenho da UFMG em rankings que consideram os ODS Foto: Jebs Lima | UFMG

Rastreando as ações
O encerramento do Painel UFMG Sustentável ficou a cargo de Dawisson Belém Lopes, diretor do Escritório de Governança de Dados Institucionais da UFMG e professor do Departamento de Ciência Política da Fafich.

Dawisson destacou a atuação do Escritório no monitoramento das ações da Universidade para melhorar o posicionamento da UFMG nos rankings internacionais. “Tentamos mapear os números da UFMG, entender os dados institucionais, extraí-los, organizá-los e interpretá-los. Esses dados alimentam as bases de dados internacionais para os rankings e os órgãos de controle do Estado brasileiro”, explicou.

O professor também defendeu que as ações da Universidade devem se apoiar nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. “O que nosso Escritório faz é relacionar as nossas ações e projetos aos 17 ODS. São políticas com efeito multiplicador que impactam diversas esferas da sustentabilidade, que é transversal por definição. Estamos transformando a nossa matriz de produção científica e ficando mais permeáveis aos ODS”, avaliou.

O professor exemplificou que a minirrede Oásis, as ações da Estação Ecológica, a promoção da igualdade pelo Novembro Negro e as ações de acolhimento de refugiados são algumas das ações que posicionaram a UFMG entre as 10% melhores universidades do mundo em vários ODS.

“A universidade deve promover os direitos humanos. No caso específico dos refugiados, temos uma política pioneira no país.  Acolhemos estrangeiros vulneráveis de perfis diversos, dando a eles acesso ao ensino superior e a uma rede de apoio com moradia e alimentação. Isso muda a vida dessas pessoas”, concluiu. 

Fábia: mapear para criar repositório
Fábia: mapear para criar repositório Foto: Jebs Lima | UFMG

Após a fala de Dawisson, a diretora do Centro de Comunicação (Cedecom) da UFMG e professora do Departamento de Comunicação Social da Fafich, Fábia Pereira Lima, informou que a UFMG lançará uma chamada para identificar os projetos de sustentabilidade desenvolvidos na Universidade. "Temos o desafio de mapear as ações e sistematizá-las no site do UFMG Sustentável, que funcionará como repositório. A iniciativa, além de prestar contas à sociedade do que faz a Universidade, possibilitará articulações entre projetos e setores diversos da UFMG", projetou a diretora.

A TV UFMG acompanhou o painel. Assista à reportagem.

Luana Macieira