Subtraídas pelo lixão

Mandarim que aproxima

Com dois anos de funcionamento na UFMG, Instituto Confúcio lançou as bases de uma cooperação mais intensa com a China

Instituir habilitação em línguas asiáticas no curso de Letras, oferecer mandarim como disciplina curricular e ampliar a mobilidade discente com a China, que já recebe alunos da UFMG para o aprendizado da língua, são algumas das perspectivas que a Universidade vislumbra após apenas dois anos de implantação das primeiras ações concretas de colaboração com o governo e instituições de pesquisa chinesas.

 

Inaugurado em novembro de 2013, o Instituto Confúcio da UFMG (IC-UFMG) oferece cerca de cem vagas nos cursos de mandarim, além de atividades regulares, abertas ao público, de divulgação da cultura chinesa. Quatro estudantes da UFMG estão na Huazhong University of Science and Technology (Hust), com bolsa do Instituto, para o aprendizado da língua. "Essa parceria é importantíssima, pois o conhecimento de uma cultura passa pelo aprendizado da língua e facilita a cooperação", comenta a vice-reitora Sandra Goulart Almeida.

 

"Estamos investindo muito no ensino do chinês, da mesma forma que eles estão investindo no de português", comenta a vice-reitora. Ela lembra que, ao participar da criação da Liga de Universidades dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em Beijing, no mês passado, foi recebida por estudantes chineses que estão aprendendo português.

 

Em reunião de trabalho na última terça-feira, 17, no campus Pampulha, os integrantes do IC-UFMG fizeram balanço das atividades e traçaram planos para 2016. Na abertura do encontro, Sandra Goulart Almeida nomeou o professor Seung Hwa Lee, da Faculdade de Letras, como novo diretor brasileiro do Instituto, em substituição ao professor Carlos Gohn, da mesma Faculdade, que assumiu a coordenação pedagógica da entidade.

 

Troca científica

 

Segundo o diretor de Relações Internacionais da UFMG, professor Fábio Alves, as ações de proficiência linguística abrem caminho para uma série de outras possibilidades de cooperação. "A avaliação feita pelos integrantes do Instituto é de que esses dois anos de trabalho tiveram resultados extremamente positivos. O aprendizado da língua cria condições efetivas para outras formas de colaboração", relata. Fábio Alves conta que ouviu, surpreso, um estudante da UFMG fazer pergunta em chinês ao pesquisador Xiang Gao, vice-diretor da School of International Education, em palestra realizada na Faculdade de Ciências Econômicas, no último dia 17. O uso efetivo da língua para troca científica é um dos grandes objetivos do investimento em proficiência, enfatiza o diretor de Relações Internacionais.

 

Entre as perspectivas de trabalho do Instituto Confúcio da UFMG, em médio e longo prazos, Carlos Gohn cita a possibilidade de ampliação do número de bolsas no formato atual (seis meses) para alunos brasileiros na China, a obtenção de bolsas com período de um ano, a vinda de estudantes chineses para a UFMG e mobilidade docente. O novo diretor brasileiro da entidade, o coreano Seung Hwa Lee, comenta que a relação com a China é essencial não só para a UFMG como para toda a América Latina. "A língua é o primeiro passo para uma boa relação e possibilita que novas ações se consolidem", avalia.

 

O Instituto

 

Gerido por um conselho diretor presidido pelo reitor da Universidade, o Instituto Confúcio da UFMG é fruto da cooperação com o Hamban, órgão do governo chinês que cuida de assuntos de educação e cultura, e com a Huazhong University of Science and Technology (Hust). Depois de funcionar por um período na Diretoria de Relações Internacionais (DRI), o Instituto está sendo transferido para o prédio da Faculdade de Letras (Fale), também no campus Pampulha. "Estamos entusiasmados com os novos ares que o Instituto trouxe para a Faculdade. Além das aulas, agora vamos receber a sede, em um espaço bem localizado, próximo à diretoria", comenta a diretora Graciela Inés Ravetti de Gómez.

 

Além do reitor Jaime Ramírez, compõem o conselho diretor do IC-UFMG o diretor de Relações Internacionais, Fábio Alves, a diretora da Fale, Graciela Gómez, a professora Deise Dutra, assessora de proficiência linguística da DRI, a diretora chinesa da entidade, Yu Qianhua, e três outros professores da Hust, que se revezam de acordo com a disponibilidade de deslocamento. Na reunião realizada no último dia 17, participaram Xiang Gao, Fang Liu e Jianhua Zhang.

 

Ana Rita Araújo