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Riqueza em risco
Patrimônio em movimento
Instituições e pesquisadores latino-americanos unem-se para divulgar conhecimentos sobre cultura gráfica na região
Pesquisadores da UFMG e de outras universidades trabalham para consolidar a recém-criada Rede Latino-americana de Cultura Gráfica, cujo objetivo é ampliar a circulação da produção relacionada ao patrimônio gráfico dos países da região. “Há um descompasso entre o ritmo do trabalho e a sua divulgação”, afirma Ana Utsch, que coordena a rede ao lado de Marina Garone, da Universidad Nacional Autónoma de México. O grupo reúne representantes de outros oito países: Colômbia, Chile, Argentina, Uruguai, Cuba, Paraguai, Peru e Equador.
A rede já encaminha iniciativas como o seminário Rastros lectores: seminario interdisciplinario sobre el libro en América Latina, que será realizado em abril de 2018, em Santiago, Chile. O evento é promovido em parceria com o Archivo Central Andrés Bello, da Universidad de Chile, e com o Observatorio del Libro y la Lectura.
Com apoio do Centro de Estudos Latino-americanos e do Centro de Estudos Africanos, ambos da UFMG, também foi feita proposta à Editora UFMG para a criação da coleção Patrimônio vivo, destinada a promover a circulação de estudos desenvolvidos no âmbito do patrimônio gráfico e das culturas afro-indígenas no interior do espaço latino-americano. Pelo menos duas obras estão prontas para publicação: Encontros em torno de livros (e tipos) e outra sobre o vocabulário banto falado no Brasil.
A criação da Rede Latino-americana de Cultura Gráfica dá continuidade a uma série de ações realizadas por professores e pesquisadores da UFMG no âmbito dos estudos editoriais e da preservação do patrimônio gráfico, com ênfase na implantação do bacharelado pleno em edição na Faculdade de Letras, prevista para 2018, e no projeto Museu Vivo Memória Gráfica, inicialmente vinculado ao Centro Cultural UFMG, que criou espaço dedicado ao desenvolvimento de práticas e tradições relativas à cultura gráfica, como tipografia, caligrafia, gravura, edição, ilustração, design e encadernação. A Universidade também participou do projeto que resultou na implantação, em Diamantina, do Museu Tipografia Pão de Santo Antônio, que preserva equipamentos e técnicas relacionadas a periódicos que circularam por quase 100 anos.
“Tanto no Centro Cultural como em Diamantina, trabalhamos com o conceito de museu vivo, em que a ideia é manter o patrimônio gráfico e tipográfico funcionando, trabalhar com o gestual do ofício, o manuseio de tipos e impressoras. Valorizamos muito também os depoimentos colhidos de tipógrafos”, explica a professora Sônia Queiroz.
Na Colômbia
O campo dos estudos editoriais e da preservação do patrimônio gráfico foi um dos núcleos de interesse de missão à Colômbia, realizada em agosto, em que Sônia Queiroz e Ana Utsch fizeram contatos com diversas instituições e pesquisadores, com os quais trataram de pesquisas conjuntas e intercâmbios, entre outros temas.
Entre outras universidades, elas estiveram na Universidad Del Cauca e no Instituto Caro y Cuervo, que abriga a Imprenta Patriótica, oficina de tipografia que ainda produz regularmente para o mercado, com máquinas e técnicas antigas. Elas visitaram também a Biblioteca Nacional da Colômbia, onde conheceram acervos ainda pouco estudados na América Latina. “Entrar em contato com as coleções especiais da Biblioteca nos mostrou como conhecemos pouco os nossos acervos e como as fontes ainda são pouco partilhadas. Há um grande mapeamento a ser feito, no que se refere à teoria, à prática e à constituição de uma bibliografia latino-americana da cultura gráfica”, diz Ana Utsch.
Também integrou a missão da UFMG o professor Romulo Monte Alto, da Fale, diretor do Centro de Estudos Latino-americanos (Cela), que fez contatos na área de culturas afro-indígenas, suas línguas e literaturas. A viagem foi organizada pelo Cela e pelo Centro de Estudos Africanos, ambos vinculados à Diretoria de Relações Internacionais da UFMG.