Corrida pela autonomia

Reciclável e solidário

UFMG avança na coleta seletiva de resíduos enviados a cooperativas, mas é preciso maior engajamento da comunidade

Nos últimos anos, a UFMG quase dobrou a quantidade de papel, papelão, metal e plástico coletada nos campi de Belo Horizonte. Em 2014, foram 55,6 toneladas; em 2018, 99 toneladas. Esse é, sem dúvida, um dado positivo, mas, embora não seja possível estimar o potencial de elevação desses números, é certo que eles podem melhorar muito. Ainda é frequente, por exemplo, encontrar resíduos recicláveis misturados aos resíduos comuns, o que inviabiliza o seu aproveitamento para reciclagem.

O Programa de Coleta Seletiva ­Solidária, desenvolvido pelo Departamento de Gestão Ambiental (DGA), da Pró-reitoria de Administração, encaminha esses materiais a três associações de catadores em Belo Horizonte e Vespasiano, atendendo ao decreto 5.940/2006, que determina que instituições federais destinem o resíduo reciclável a ­cooperativas. As ações da Universidade nessa área seguem também os preceitos da Lei 12.305/2010, que criou a Política Nacional de Resíduos Sólidos, segundo a qual grandes empreendimentos devem destinar, de forma adequada, resíduo comum, reciclável e de serviços de saúde.

“Por meio da coleta solidária, a UFMG contribui para minimizar problemas ambientais e para gerar emprego e renda para famílias de catadores de materiais recicláveis”, afirma Ricardo Augusto Sales, chefe da Divisão de Gestão de Resíduos (DGR). 

Dois roteiros

De acordo com Sales, a segregação do material deve ser feita pelos servidores e estudantes, respeitando a opção pelas lixeiras de sacos azuis (resíduo reciclável) e cinzas (resíduo comum). Os trabalhadores responsáveis pela limpeza encaminham o material para os contêineres ou abrigos. Às terças e quintas-feiras, um caminhão da Divisão de Transportes percorre o campus Pampulha, seguindo dois roteiros diferentes. Em alguns locais, como o Laboratório de Ensaio de Combustíveis, o caminhão passa eventualmente, quando a produção de resíduos atinge volume maior. A despesa com motorista e ajudantes para esse trabalho é de cerca de R$ 190 mil anuais.

O resíduo reciclável é levado então para as associações, que não têm condições de transportar grandes quantidades. No campus Saúde, na Faculdade de Direito e na Escola de Arquitetura, as cooperativas recolhem elas próprias o material. No Instituto de Ciências Agrárias, campus Montes Claros, está sendo elaborado edital para habilitação de cooperativas que vão receber o resíduo reciclável.

Material reciclável acumulado na Astemarp, na Pampulha
Material reciclável acumulado na Astemarp, na Pampulha Raphaella Dias | UFMG

A UFMG é uma das principais parceiras da Associação de Trabalhadores em Material Reciclável (Astemarp), criada há 17 anos e localizada no bairro São Joaquim, região da Pampulha. Oito famílias cooperadas refinam a separação do material (destacando espirais das apostilas e distinguindo plásticos moles e rígidos, por exemplo) e vendem para as usinas de reciclagem. “A parceria com a UFMG é muito importante para nós, porque recebemos material cem por cento reciclável, com muito pouca sujeira e que não apresenta perigo para quem manipula os resíduos”, comenta a coordenadora da Astemarp, Maria do Socorro Figueiredo. As outras organizações destinatárias do material são a Associação de Recicladores e Grupos Produtivos da Vila Esportiva e Região (Copervesp) e a Cooperativa dos Trabalhadores com Materiais Recicláveis da Pampulha (Comarp).

A DGR está retomando o esforço de implantação do programa de coleta seletiva na Reitoria e na Unidade Administrativa 3, por meio da instalação de caixas coletoras de papelão e treinamento do pessoal da limpeza, entre outras medidas. Responsáveis pelas unidades e prédios podem entrar em contato  pelos telefones 3409-3220 e 3409-4361 e pelo e-mail resíduos@dga.ufmg.br, para solicitar orientações e equipamentos. 

As ações da Universidade nessa área seguem também os preceitos da Lei 12.305/2010, que criou a Política Nacional de Resíduos Sólidos, segundo a qual grandes empreendimentos devem destinar, de forma adequada, resíduo comum, reciclável e de serviços de saúde.

“Temos consciência de que é possível ampliar a coleta, aperfeiçoar os procedimentos e aumentar o volume. Há projetos de redução de depósitos em locais inadequados. A UFMG avançou muito na coleta seletiva, mas ainda é necessário maior engajamento e sensibilização da comunidade universitária”, diz o diretor do Departamento de Gestão Ambiental, Tulio Vono Siqueira.

O peso da coleta (em 2018)

Papel, papelão, plástico e metal: 99 toneladas
Sucata metálica: 11,9 toneladas
Pilhas e baterias: 1,5 tonelada
Resíduos eletroeletrônicos: 8,4 toneladas
Cartuchos e toners: 5.001 unidades
Isopor: 41,5 bags

Pilhas, cartuchos, lâmpadas...

Há diversos materiais que podem ser reaproveitados, mas não são tratados pelas cooperativas. Em 13 papa-pilhas distribuídos pelo campus, são recolhidos cerca de 300 quilos de pilhas e baterias a cada três meses, enviados sem custo para empresas que fazem a logística reversa, em São Paulo. No caso dos eletroeletrônicos, são quatro toneladas reunidas a cada três ou quatro meses. Cartuchos de impressão são encaminhados para incineração, com exceção dos produtos da HP, que seguem para logística reversa. Para lâmpadas, não há logística reversa, e a Universidade paga pelo tratamento adequado das unidades substituídas. Vidro é recolhido em ­contêiner da Prefeitura (localizado em frente à Escola de Belas Artes), mas recipientes com resíduos químicos perigosos são levados para aterro específico.

Itamar Rigueira Jr.