Em tempos pandêmicos e de abismo digital, congresso discutirá uso da tecnologia na educação
O projeto de extensão Tecnologias, educação e sociedade, do
Mestrado Profissional Educação e Docência (Promestre), da Faculdade de Educação (Fae) da UFMG, promoverá, de 4 a 8 de outubro de 2021, o 1º Congresso internacional – Educação, tecnologia e sociedade. As inscrições para o evento, gratuito e aberto ao público, devem ser feitas no site do congresso, onde detalhes da programação também estão disponíveis.
O congresso, que tem o objetivo de apresentar à comunidade científica e à comunidade externa os estudos realizados pelo projeto de extensão e criar um espaço formativo colaborativo para a reflexão sobre temas emergentes, é destinado a professores da educação básica, estudantes, profissionais e pesquisadores. Juntos, convidados e inscritos participarão de debates, com o intuito de repensar as alternativas educacionais mediadas pelas tecnologias e por pesquisas recentes. Atividades formativas, como minicursos, palestras e mesas-redondas, serão oferecidas durante o evento, que reunirá pesquisadores brasileiros e estrangeiros. A transmissão será pela plataforma YouTube.
“Fica difícil, para quem não está vivenciando a pesquisa, traduzir a teoria em prática pedagógica. Por isso, desde o primeiro simpósio, em 2018, buscamos oferecer ao público, em formato de minicurso ou oficina, espaços de experimentação dos estudos desenvolvidos na Universidade”, afirma a coordenadora do projeto, Andréia de Assis Ferreira, professora do Centro Pedagógico. Ela também está à frente do Programa de Pós-graduação em Educação e Docência da FaE.
O sucesso decorrente das três edições do simpósio despertou a necessidade de promover uma atividade de maior alcance. “Com o passar dos anos, começaram a aumentar o público (em média, 1.200 professores) e as demandas. Os pesquisadores da área, assim que perceberam a amplitude do alcance dos eventos, solicitaram um espaço para a discussão das pesquisas, como a formação de mesas-redondas”, explica Andreia de Assis.
Desigualdade
Outro fator que aprofundou essa demanda foi a pandemia de covid-19. Devido aos protocolos de distanciamento adotados para evitar a disseminação da infecção pelo novo coronavírus, a tecnologia foi fundamental para mediar a comunicação. Entretanto, desigualdades socioeconômicas, que se refletiram, por exemplo, na falta de recursos para subsidiar dispositivos eletrônicos e no uso incorreto dessas ferramentas, evidenciaram as dificuldades de inclusão digital nas escolas. “A pandemia escancarou o abismo do acesso tecnológico, o abismo das pesquisas, ou seja, a enorme diferença que há entre o que é estudado e os recursos a que o professor tem acesso na prática”, afirma Andréia Assis.
A implementação do ensino remoto pelas instituições de ensino obrigou os professores a buscar, de forma imediata e improvisada, o conhecimento sobre o manuseio de vários aparelhos eletrônicos, aplicativos e softwares. Segundo Andréia Assis, foram feitas diversas formações tecnológicas de uma hora para outra, já que o momento exigiu medidas emergenciais. “Para que o professor utilize os dispositivos tecnológicos de modo pedagógico, são necessários tempo e espaço de formação. Só assim, ele poderá explorá-los de forma eficaz.”
O projeto
O projeto Tecnologias, educação e sociedade tem o objetivo de criar um campo de formação e reflexão para a prática pedagógica de professores da educação básica, estudantes e comunidade escolar sobre a temática educação e tecnologia. A iniciativa já promoveu atividades como simpósios, cursos e eventos.
(Ana Clara Magalhães)