Na sexta-feira, 14 de abril, a série de encontros Mulheres na ciência chega a sua 11ª edição com evento on-line sobre A economia do cuidado, termo definido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para designar as atividades econômicas destinadas ao bem-estar e à sobrevivência das pessoas – afazeres domésticos, preparação de alimentos, cuidados com a saúde e a educação. A professora Simone Wajnman, do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Faculdade de Ciências Econômicas, participará do debate, que será transmitido, a partir das 15h, nos canais da Fundep e do State Innovation Center no YouTube.

“Os estudos sobre a economia do cuidado são importantes para reverter a desigualdade social e reconhecer os direitos de quem a exerce — geralmente as mulheres —, tanto na dimensão da formalidade, quanto na da proteção social. O período pandêmico demandou, de forma significativa, atenção especial aos idosos, às crianças e aos familiares com doenças e comorbidades. O evento foi idealizado como espaço para debater a rotina e os encargos dessas atividades que são invisibilizadas, mas que movimentam a economia”, explica a professora Leonice Mourad, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que vai mediar o debate.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística (IBGE), a participação das mulheres nas profissões ligadas à assistência e ao bem-estar saltou de 18% para 50% em cinco décadas. No contexto da América Latina, o cuidado é feito pelas famílias, desempenhado pelas figuras femininas, que o fazem gratuitamente.

Políticas articuladas
Em março deste ano, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) propôs a elaboração da Política Nacional de Cuidados e criou, em parceria com o Ministério das Mulheres, um grupo de trabalho interministerial para discutir a política e propor ações. Participam também desse grupo representantes do IBGE, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

A professora Simone Wajnman, da UFMG, explica que “o propósito da iniciativa é articular as políticas já existentes nas diversas esferas do governo com outras ações que ainda precisam ser criadas, de modo a assegurar o atendimento às necessidades de cuidado como um todo”. Ela destaca que o foco inicial recairá sobre a população em dependência permanente de cuidados e os direitos trabalhistas dos cuidadores.  “Esse setor na economia brasileira é enorme, e as atividades, em sua maior parte, são feitas em domicílios, de forma não remunerada ou com salários precários. Os trabalhadores do cuidado são, sobretudo, as mulheres negras”, observa.

Nesta edição do Mulheres na Ciência – iniciativa coordenada pela Fundação de Apoio da UFMG (Fundep) em parceria com o State Innovation Center – também participam Leila Coutinho, do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (Comdim) em Santa Maria (RS), Fabiana Soares, consultora de gestão de pessoas, diversidade, cultura inclusiva e liderança feminina, a diretora do Sindicato das Empregadas e Trabalhadores Domésticos da Grande São Paulo (Sindoméstica), Janaína Souza, e a advogada Nathalie Rosário, também vinculada à entidade.

A participação no evento é gratuita, e as inscrições podem ser realizadas aqui.