Cortar feijão da dieta pode aumentar em 20% a chance de desenvolver obesidade
Estudo da Faculdade de Medicina mostra que o consumo do grão é fator de proteção contra o excesso de peso
Nos últimos anos, o brasileiro tem abandonado, aos poucos, o hábito de comer feijão regularmente. E esse fator pode ter relação com o ganho de peso, de acordo com uma pesquisa desenvolvida pela nutricionista Fernanda Serra Granado, no Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Faculdade de Medicina.
"O feijão é um marcador da qualidade nutricional da dieta e um símbolo da alimentação tradicional brasileira, além de ser elemento essencial, muitas vezes, para a segurança alimentar", afirma Fernanda Serra, autora da tese Tendência temporal no consumo alimentar tradicional de feijão no país e sua relação com o estado nutricional da população adulta brasileira, defendida em 16 de dezembro .
Na pesquisa, foram utilizadas informações do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel).
Mediante entrevistas com aproximadamente 500 mil adultos, de 2009 a 2019, apurou-se que o grupo que não consumiu o produto teve 10% mais chances de desenvolver excesso de peso e 20% mais chances de obesidade. Por outro lado, o consumo regular de feijão, em cinco ou mais dias da semana, figura como fator de proteção contra o excesso de peso (14%) e a obesidade (15%).
A frequência de consumo de feijão foi fragmentada em indicadores: não consumo (0 dias por semana), baixo consumo (uma ou duas vezes por semana), consumo moderado (três ou quatro vezes) e consumo regular (cinco a sete vezes).
Tendência
Outra linha da pesquisa identificou uma tendência: a previsão é de que, em 2025, o brasileiro, em geral, deixe de comer feijão de forma regular e tradicional. Na análise por sexo, constatou-se que, desde 2022, as mulheres comem feijão menos de cinco vezes por semana. No caso dos homens, a estimativa é de que isso passe a ocorrer em 2029.
De acordo com Fernanda Serra, a substituição dos alimentos naturais ou minimamente processados por ultraprocessados provoca piora na qualidade da dieta. “A mudança de perfil alimentar se deve à praticidade que os ultraprocessados oferecem ao dia a dia. Pela falta de tempo, muitos optam por produtos prontos ou de fácil preparação”, avalia.
Leia a matéria completa no site da Faculdade de Medicina da UFMG.