Dia da Ciência na UFMG terá discussões sobre políticas públicas e divulgação científica
On-line, programação desta quinta, 8, reunirá nomes como Renato Janine Ribeiro, Soraya Smaili e Carina Cortassa
Celebrar a ciência é celebrar a vida. Esse é o tom que a UFMG pretende imprimir à edição 2021 do Dia da Ciência e Dia das Pesquisadoras e Pesquisadores, na próxima quinta-feira, 8 de julho. Na Universidade, a data será marcada por atividades on-line, com transmissão pelo canal da Coordenadoria de Assuntos Comunitários (CAC) no YouTube.
Segundo a diretora de Divulgação Científica, Débora Reis, a celebração anual é uma forma de dar visibilidade e mostrar a importância da ciência no cotidiano da população. “É também uma data para reforçar, relembrar aos nossos colegas e à população o papel político da SBPC [Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência] na defesa da ciência e tecnologia, da educação e da cultura no Brasil”, destaca. A SBPC foi fundada em 8 de julho de 1948.
Nos últimos dois anos, entretanto, a importância dos eventos ultrapassou o seu papel habitual. “Acredito que, na situação atual de pandemia, de agravamento da crise sanitária, comemorar o Dia da Ciência é também comemorar a vida, acima de tudo. Por outro lado, é uma forma também de refletir que um só dia de tolerância ao negacionismo científico representa milhares de vidas perdidas, milhões de redes de relações, de afeto, desfeitas”, ressalta a professora.
A programação preparada pela UFMG terá início às 9h, quando alguns expoentes do universo acadêmico brasileiro se reunirão em mesa-redonda para debater políticas públicas em ciência e tecnologia. Na parte da tarde, às 13h30, a UFMG lançará sua Política de Divulgação Científica, seguida por conferência apresentada por Carina Cortassa, professora da Universidade Nacional de Entre Ríos (Argentina).
A exemplo do ano passado, o evento da Universidade será exclusivamente virtual, em razão da pandemia de covid-19. “O público do evento remoto não é o mesmo. Crianças e jovens, por exemplo, participam mais no modelo presencial. Principalmente para as crianças, é muito importante o que a gente chama de atividades ‘mão na massa’. Mas tivemos um bom engajamento em 2020, e o remoto tem suas vantagens. Uma é chegar a um público distante, amplo. Nós podemos alcançar pessoas do Brasil todo e até de fora do país”, avalia Débora Reis.
Políticas públicas
A partir das 9h, a mesa-redonda Políticas públicas em ciência e tecnologia reunirá o filósofo Renato Janine Ribeiro, recém-eleito presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Soraya Smaili, ex-reitora da Unifesp, e Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC). A mediação será feita pela reitora Sandra Regina Goulart Almeida.
Renato Janine Ribeiro é professor titular de Filosofia Política e de Ética na Universidade de São Paulo (USP). Foi ministro da Educação entre abril e setembro de 2015, no mandato de Dilma Rousseff. Escritor e colunista, recebeu o Prêmio Jabuti (categoria Ensaio e biografia) em 2001 pela obra A sociedade contra o social. Foi condecorado com a Ordem Nacional do Mérito Científico, em 1998, e com a Ordem de Rio Branco, em 2009.
Soraya Soubhi Smaili é professora titular do Departamento de Farmacologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da qual foi reitora por dois mandatos (2013-2017 e 2017-2021). Foi secretária regional da SBPC, integrante do Diretório Nacional da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), da Iniciativa da Ciência e Tecnologia no Parlamento, do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) da Presidência da República e do Conselho da Associação de Universidades do Grupo Montevidéu (AUGM).
Presidente da ABC desde 2016, Luiz Davidovich é professor titular do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É membro da Academia Mundial de Ciências (TWAS) e da National Academy of Sciences (Estados Unidos). Foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, em 2000, com o Prêmio TWAS de Física, em 2001, e com o Prêmio Álvaro Alberto (CNPq) e a Medalha Tamandaré (Marinha do Brasil), em 2010. É Fellow da Optical Society of America.
Divulgação científica
A programação continua, a partir das 13h30, com o lançamento da Política de Divulgação Científica da UFMG, que reunirá a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, o pró-reitor de Pesquisa, Mario Montenegro Campos, e a pró-reitora de Extensão, Claudia Mayorga. A política foi aprovada, no dia 27 de maio, pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), que também instituiu o Comitê para Discussão e Monitoramento da Política de Divulgação Científica (Comdici).
“A Política de Divulgação Científica será imprescindível tanto para a Universidade quanto para a sociedade, em especial neste cenário de escalada do negacionismo científico e da circulação de desinformação nas mídias”, afirma Débora Reis.
O documento aprovado pelo Cepe define os princípios para a concepção, estruturação e prática da divulgação da ciência, que deverá contemplar a reflexão ética, a escuta e abordagem interdisciplinar, o diálogo entre saberes, a equidade na valorização das diversas ciências e tecnologias e a articulação com as políticas públicas.
Produzir e compartilhar conhecimento
Na sequência, a professora Carina Cortassa, da Universidade Nacional de Entre Ríos (Uner), da Argentina, vai ministrar a conferência Produzir conhecimentos, compartilhar conhecimentos: o papel das universidades na apropriação social das ciências e das tecnologias. A mediação será feita pela professora Débora D'Ávila Reis.
Carina Costassa é doutora em Ciência e Cultura pela Universidade Autônoma de Madrid (Espanha), mestre em Ciência, Tecnologia e Sociedade pela Universidade de Salamanca (Espanha) e licenciada em Comunicação Social pela própria Uner. Atua como professora titular da cátedra Problemática da ciência, na Faculdade de Ciências da Educação da Uner, onde também exerce o cargo de secretária de pesquisa e pós-graduação.
A professora desenvolve estudos sobre a relação entre ciência, tecnologia e sociedade, percepção e comunicação públicas das ciências e tecnologias, políticas e gestão da pesquisa e desenvolvimento. Nos últimos anos, tem-se dedicado a analisar os processos de comunicação e apropriação social do conhecimento produzido pelas instituições do sistema público de ciência e tecnologia.