Livro analisa benefícios terapêuticos e pedagógicos da música para autistas
Obra da Editora UFMG será lançada na próxima quarta, 12, no campus Pampulha; evento terá concerto para bebês e crianças
A detecção de casos de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) vem crescendo no mundo já há algum tempo. Em 2000, a prevalência de casos nos Estados Unidos, por exemplo, entre as crianças de oito anos, era de uma para cada 150 pessoas, conforme pesquisa divulgada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) daquele país. Dezoito anos depois, o índice já havia subido para uma em cada 44; em 2020, alcançou o patamar de uma em cada 36 pessoas.
Paralelamente, o campo científico tem avançado nas pesquisas sobre recursos terapêuticos e pedagógicos para autistas – em particular, destacam-se os avanços das pesquisas relacionadas com a música. É disso que trata o livro Música e autismo: ideias em contraponto, que será lançado pela Editora UFMG na próxima quarta-feira, 12, às 17h20, no auditório da Escola de Música, no campus Pampulha.
Cinco 'vozes'
O livro foi organizado por equipe de educadores musicais e musicoterapeutas vinculados à Escola de Música da UFMG, que há quase três décadas desenvolve investigações e práticas terapêuticas e pedagógicas que beneficiem pessoas autistas em experiências musicais.
A obra reúne resultados de pesquisas realizadas por pesquisadores de diferentes áreas da UFMG e de instituições estrangeiras, intercalando cinco “vozes”: a música, o autismo, a ciência, a musicoterapia e a educação musical – tudo em perspectiva transdisciplinar, o que “permite amplo acesso ao livro por profissionais das mais diversas áreas”, afirma-se em sua carta capa.
“Considerada uma das principais ferramentas das neurociências para a compreensão do cérebro humano, a música tem se configurado como uma forma singular e eficaz de intervenção no enfrentamento dos desafios advindos do autismo, tanto pelo viés terapêutico (Musicoterapia) quanto pelo viés pedagógico (Educação Musical)”, informa o texto.
“O entendimento recente da experiência musical como provocadora e motivadora para o autista tem ampliado a demanda pela música como ferramenta singular e eficaz de intervenção no enfrentamento dos desafios advindos do autismo. Crescente também é o número de pessoas com diagnóstico de autismo no mundo, o que torna cada vez maior a busca por serviços qualificados para essas pessoas e por conhecimentos que possam fundamentar e aprimorar esses serviços”, anotam os organizadores no volume.
Nesse sentido, afirmam os organizadores, “os principais objetivos desta obra são contribuir para a produção acadêmica em língua portuguesa sobre o tema e divulgar os potenciais da Musicoterapia e da Educação Musical para favorecer o desenvolvimento, a qualidade de vida e a promoção da saúde das pessoas autistas e de seus familiares”.
Interface com a psicanálise
No evento de lançamento, a professora Erika Parlato de Oliveira – que assina um dos artigos do livro, Psicanálise e autismo: o que nos fala este sujeito? – fará uma palestra sobre o assunto, à qual se seguirá um concerto de música para bebês e crianças autistas.
Erika é professora colaboradora no Programa de Pós-graduação em Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de Medicina da UFMG e docente no Programa de Pós-graduação Psicanálise e Medicina da Universidade Paris Diderot (Paris 7), nos quais orienta pesquisas de mestrado e doutorado.
Psicanalista, fonoaudióloga, mestre em linguística e doutora em ciências cognitivas, a professora pesquisa os saberes do bebê, a interação mãe-bebê, questões de linguagem e o autismo.
Livro: Música e autismo: ideias em contraponto
Organizadores: Gleisson do Carmo Oliveira, Marina Horta Freire, Betânia Parizzi e Renato Tocantins Sampaio
Editora UFMG
246 páginas | R$ 68