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Em conferência, Newton Bignotto analisa crise atual à luz da ‘guerra de facções’

Professor da UFMG é um 13 intelectuais brasileiros que discutirão as ‘dissonâncias do progresso’

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Bignotto: necessidade de superar imobilismo teórico
Arquivo pessoal

Na Itália renascentista, pensadores como Maquiavel e Guicciardini defron­taram-se com o que se pode chamar de política desconstruída. À época, eles não podiam recorrer ao estudo de suas instituições, que estavam corrompidas ou mortas. O que restava para analisar era um campo de lutas no qual se opunham facções que se digla­diavam pelo poder, recorrendo a todas as armas disponíveis, inclusive as institucionais.

Ainda que a realidade da época seja bem distinta da brasileira de hoje, o professor Newton Bignotto, do Departamento de Filosofia da UFMG, vai estabelecer paralelos entre elas na conferência A política desconstruída e a retomada da guerra de facções, a ser realizada no próximo dia 22 de setembro como parte do tradicional Ciclo de Conferências Mutações, que nesta edição discutirá as dissonâncias do progresso.

Em texto de apresentação da conferência, Bignotto escreve que a ciência política dominante parece incapaz de oferecer uma leitura satisfatória da atual crise brasileira, que não se limita a um “desfuncionamento das instituições nem à constatação da corrupção dos agentes públicos. É o sentido mesmo da política e de seus desvãos que nos escapam. Sentimo-nos desarmados diante de uma reali­dade que foge ao controle dos atores que pretendem pensá-la com as ferramentas tradicionais das ciências políticas dominantes".

Para o filósofo da UFMG, esse “momento de desconstrução dos laços políticos” pode ser iluminado pelo tema da guerra de facções, que permeou a reflexão dos pensadores renascentistas. “É importante tentar superar o imobilismo teórico que vigora, buscando cami­nhos para além dos que dominam o pensamento contemporâneo”, defende o professor.

O ciclo

Organizado pelo jornalista e filósofo Adauto Novaes, o Ciclo Mutações será aberto nesta quarta-feira, dia 20, às 19h, no BDMG Cultural, pelo filósofo Vladimir Safatle, que vai falar sobre Teoria da revolução, progresso e emergência. O evento prossegue até 23 de outubro, com a participação de outros 11 intelectuais brasileiros: Luis Alberto Oliveira, Oswaldo Giacoia Jr., Pedro Duarte, Francisco Bosco, Marcelo Jasmim, Eugênio Bucci, Guilherme Wisnik, Jorge Coli, Renato Lessa, Franklin Leopoldo e Silva e Antônio Cícero. Todas as atividades serão realizadas no BDMG Cultural (rua da Bahia, 1.600 – Lourdes), a partir das 19h.

As inscrições podem ser feitas no site do ciclo, onde também estão disponíveis mais informações. O interessado pode se inscrever tanto no ciclo completo quanto em conferências avulsas.