Em nova série, TV UFMG reconstitui trajetória dos processos seletivos da Universidade
Com imagens históricas, primeiro episódio de 'Memórias' traça linha do tempo que abrange do vestibular realizado no Mineirão, na década de 1970, até o advento do Seriado UFMG

A UFMG foi criada em 7 de setembro de 1927 como Universidade de Minas Gerais (UMG) em decorrência da união de quatro escolas de nível superior que já existiam em Belo Horizonte: a Faculdade de Direito, a Escola Livre de Odontologia, a Faculdade de Medicina e a Escola de Engenharia. Nas décadas seguintes, a Universidade foi se ampliando, com a incorporação de algumas das “escolas livres” que surgiam na capital mineira.
Exemplos das várias escolas livres incorporadas pela Universidade são a de Arquitetura (incorporada em 1946), a de Ciências Econômicas e Administrativas (1948), a de Filosofia, Ciências e Letras (1948), a de Enfermagem (1950), a de Veterinária (1961) e a de Música (1962). Em razão dessa origem fragmentada, cada uma dessas unidades acadêmicas seguiu responsável por preparar individualmente seu processo seletivo até o fim da década de 1960.


A situação mudou em 1970, quando a Administração Central assumiu a responsabilidade de fazer a seleção de todos os ingressantes da Universidade por meio de um processo vestibular unificado. Naquele ano, foi criado um processo constituído de oito provas, em que os candidatos se classificavam pelo número total de pontos obtidos no somatório das avaliações.
O “vestibular” foi o mais longevo processo seletivo para ingresso na graduação realizado pela UFMG, mas isso não significa que até mesmo ele não tenha passado por transformações ao longo das décadas seguintes, em decorrência do trabalho realizado pela Universidade para seguir respondendo às questões interpostas por seus diferentes momentos históricos.
A história dessas transformações é contada no primeiro episódio da série Memórias UFMG, que a TV UFMG acaba de publicar no YouTube. Repleto de imagens históricas, o episódio repassa as principais transformações vividas no âmbito das formas de ingresso na instituição, como as mudanças no próprio vestibular, a transição do vestibular para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a implementação da Lei de Cotas e, mais recentemente, a adoção do Seriado UFMG. As imagens que ilustram a narrativa foram garimpadas nos arquivos da própria TV UFMG e em outros acervos institucionais da Universidade.
'Mundo de possibilidades'
“A ideia da série surgiu enquanto nossa equipe discutia os processos de arquivamento dos conteúdos que produzimos na TV UFMG, que são fundamentais para a preservação da memória institucional da Universidade. Ao olharmos para esses arquivos antigos, identificamos um mundo de possibilidades para trabalhar esses materiais na mesa de montagem, trazendo-os para um diálogo com o presente”, conta a produtora audiovisual Beatriz Abrahão, responsável pela produção e pelo roteiro do vídeo.
O objetivo do primeiro episódio da série é registrar a realidade atual da UFMG no que diz respeito aos seus processos de seleção, provocar reflexões sobre o passado e pôr em perspectiva as possibilidades que se abrem para o futuro da Universidade com o advento do Seriado UFMG, processo seletivo que vai coexistir com o Enem/Sisu e por meio do qual 30% das vagas da graduação serão preenchidas a partir de 2028. A primeira avaliação será realizada em dezembro deste ano.
“Essa é uma série feita por meio da pesquisa e da descoberta. A maioria dos nossos materiais está armazenada em fita VHS, e a digitalização é um processo um pouco demorado. O trabalho requer muito cuidado, pois qualquer manuseio errado pode comprometer a mídia e o arquivo. Estamos elaborando os episódios à medida que digitalizamos e assistimos a esses materiais. Há vídeos do início da trajetória da TV UFMG, que já tem 26 anos”, conta Beatriz.
Equipe
Produção e roteiro: Beatriz Abrahão
Imagens: Cedoc TV UFMG, Lucas Tunes e João Paulo Neves
Edição de imagens: Marcelo Duarte
Edição de conteúdo: Olívia Resende
Videografismo: João Teixeira Jr.
Trilha sonora: Some College (National Sweetheart)
A história dos processos seletivos da UFMG
De sua fundação até 1969, as diferentes unidades acadêmicas da UFMG ficaram responsáveis por preparar os processos seletivos para o ingresso nos seus cursos de graduação; em 1970, a Administração Central da Universidade assumiu a responsabilidade de organizar a seleção de todos os seus ingressantes por meio do vestibular. Oito anos depois, em 1978, o vestibular passou a ser feito em duas etapas, revestindo-se de mais complexidade e especificidade. Mais longevo na história da instituição, esse modelo vigorou até 2010.
A primeira etapa contava com questões de múltipla escolha que abordavam os conhecimentos fundamentais dos candidatos a todos os cursos. A segunda, para a qual apenas uma parcela dos candidatos era classificada (normalmente numa proporção de dois candidatos por vaga), era constituída de questões dissertativas mais avançadas, que contemplavam disciplinas específicas, indicadas por curso. Por fim, havia ainda uma prova de redação, obrigatória para todos os candidatos, que consistia na produção de textos de diferentes gêneros: narrativos, dissertativos ou descritivos.

Em 2011, a UFMG substituiu a primeira etapa do seu vestibular pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Em 2014, um ano após a entrada em vigor da Lei de Cotas, a instituição extinguiu seu processo seletivo via vestibular e aderiu ao Sistema de Seleção Unificada (SiSU), desenvolvido e realizado pelo Ministério da Educação (MEC). Esse é o modelo de acesso adotado até hoje para os cursos de graduação da UFMG, com algumas exceções.
Um exemplo são os nove cursos da área de Artes, que fazem uso de um vestibular próprio com provas de habilidades específicas: Bacharelado em Artes Visuais, Licenciatura em Artes Visuais, Cinema de Animação e Artes Digitais, Licenciatura em Dança, Design de Moda, Bacharelado em Música, Licenciatura em Música, Bacharelado em Teatro e Licenciatura em Teatro. Outras casos de seleção específica são a Licenciatura em Educação do Campo (Lecampo), a Formação Intercultural de Educadores Indígenas (Fiei) e a Licenciatura em Letras-Libras, que também contam com processos seletivos próprios.
Essa trajetória deságua em junho de 2023, quando o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) aprovou o cronograma e as diretrizes para discussão da proposta de implantação de processo seletivo seriado para ingresso na graduação da UFMG, como forma de acesso paralela à seleção realizada por meio da dobradinha Enem/SiSU. Esse processo foi aprovado após uma série de discussões realizadas nos últimos dois anos, registradas em várias reportagens do Portal UFMG.
A implantação do Seriado UFMG terá início no fim deste ano, com a aplicação das provas do ano 1, que correspondem ao primeiro ciclo do Seriado UFMG. Os detalhes de como funcionará o novo processo seletivo podem ser conhecidos em seu hotsite.