Especialista em neurociência da visão, professor de universidade australiana fará palestra na UFMG
Steve Loew pesquisa os impactos da luz na função visual e no aprendizado; aula aberta ao público será na tarde desta sexta, 24
O professor Stephen Loew, da Faculdade de Medicina e Saúde da Universidade de New England, na Austrália, pesquisador de destaque mundial no campo da neurociência visual, cumpre temporada de pesquisa e aulas na UFMG e fará palestra na próxima sexta, 24 de novembro, das 15h30 às 18h, na Escola de Engenharia (sala 1934, Galpão de Experimentação 4, antigo galpão da Mecânica).
A exposição se dá no âmbito da disciplina Neurociências da visão, que integra o Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica. Loew é um dos colaboradores estrangeiros – em estudos, publicações e eventos – do Laboratório de Pesquisa Aplicada à Neurovisão (Lapam), fruto de parceria entre o Laboratório de Biotecnologia (Lab-bio) da UFMG e a Fundação Hospital de Olhos. Ele pesquisa os impactos da luz na função visual e no aprendizado, entre outros aspectos do organismo e do comportamento humano.
Com o tema Meares-Irlen/Visual stress syndrome: Is lighting today affecting reading and learning?, a palestra dá seguimento a outra que ele ministrou na última segunda, 20, com explanações neurovisuais sobre a síndrome.
A vinda de Loew está vinculada ao programa Capes PrInt. A exposição de sexta-feira é aberta ao público geral, embora seja atividade do curso de pós-graduação. Tanto o curso como o Lapan são coordenados em conjunto pela professora Maria Lucia Duarte, do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola de Engenharia, e pelo médico Ricardo Guimarães, que foi aluno e professor da Faculdade de Medicina da UFMG.
Impacto da iluminação
Stephen Loew pesquisa o impacto da iluminação artificial, em suas variadas fontes, técnicas e temperaturas de cor, na visualização de textos impressos em diferentes tipos de papel.
Em sua primeira aula no curso de neurociências do Lapan, Loew demonstrou, com farto material experimental, como combinações de fontes de luz e tipos de papel geram diferenças significativas em aspectos como brilho, reflexo e luminância. Isso afeta diretamente o esforço do sistema visual para leitura e aprendizado – e consequentemente o aproveitamento dos estudantes, mas o tema ainda é muito negligenciado pelas instituições educacionais.
De acordo com Ricardo Guimarães, os estudos desenvolvidos em conjunto pelo professor Loew e o Lapan lançam luz sobre essas variáveis e seus efeitos neurovisuais. "O objetivo é fundamentar a adoção de critérios adequados de iluminação e material impresso nas escolas, com a finalidade de mitigar dificuldades de aprendizado", ele explica.
Laboratório
Criado em 2008, o Laboratório de Pesquisa Aplicada à Neurovisão tem como uma de suas premissas a abordagem epidemiológica para entender a importância e extensão dos distúrbios neurovisuais na escola e seu impacto no aprendizado, por uma perspectiva de saúde coletiva. Estudos sobre o assunto foram apresentados em diversos trabalhos de mestrado e doutorado e demonstraram que os distúrbios visuais afetam contingente significativo de crianças em idade escolar (17,8%, em 2011), comprometendo seu desenvolvimento educacional.
Outra vertente fundamental da atuação do Lapan é o desenvolvimento de tecnologia de baixo custo e metodologia aplicável nas escolas, soluções práticas que possam ser implementadas dentro das próprias instituições de ensino, para beneficiar diretamente os alunos cujo aprendizado é prejudicado pelos distúrbios neurovisuais. O laboratório já treinou mais de seis mil profissionais de saúde e educação em todo o país para uso dessas tecnologias e metodologias e tem mantido parcerias diversas com instituições de ensino e pesquisa.