A Unidade de Inovação em Fármacos e Vacinas (Farmavax), uma das três iniciativas da UFMG em conjunto com a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), está pronta para iniciar as pesquisas clínicas que vão avaliar a segurança e a eficácia de um potencial novo medicamento contra a covid-19.

Os princípios e evidências científicas que demonstram o uso associado de dois mucolíticos – bromelina e acetilcisteína – como possível medicamento contra doenças respiratórias graves estão descritos no artigo Atividade mucolítica e anti-inflamatória ex-vivo de BromAc em aspirados traqueais de covid-19, publicado na revista Biomedicine and Pharmacotherapy, em abril do ano passado. No artigo, os pesquisadores demonstraram que, juntos, os dois medicamentos apresentam atividade anti-inflamatória e antiviral, com fortes indícios pré-clínicos que os habilitam como alternativa farmacológica inovadora.

Liderado pela pesquisadora Jordana Coelho dos Reis, o projeto é desenvolvido pela equipe do Laboratório de Virologia Básica e Aplicada do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, em parceria com o Centro de Tecnologia em Terapias Avançadas e Inovadoras (CTTerapias), coordenado pelo professor Mauro Martins Teixeira, do Departamento de Bioquímica e Imunologia, também do ICB. 

Segundo Jordana, a equipe do laboratório trabalhou por cerca de 12 meses até a análise e aprovação do projeto pela Embrapii, “uma iniciativa direcionada à inovação nas empresas por meio do apoio à pesquisa e à transferência de tecnologias em altos graus de maturidade”. Com base na formalização do apoio da Embrapii, a pesquisa foi cofinanciada pela Mucpharm, empresa australiana representada no Brasil pela indústria farmacêutica Hipolabor, pelo Sebrae e pela startup 4WBiotech. 

Executadas as fases de tramitação dos processos necessários, incluindo a liberação dos recursos iniciais e as autorizações dos órgãos de regulação ética de pesquisa, o próximo passo diz respeito à obtenção da autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o início da cooperação com o Hospital das Clínicas da UFMG, onde serão realizados mais testes. 

Parceria essencial
Jordana Reis alerta para a importância da participação da Embrapii no processo de aplicação do conhecimento científico que culminou nos resultados apresentados no artigo. “Parcerias público-privadas são uma possibilidade para o fomento e para o avanço das ciências básicas e aplicadas no Brasil, especialmente após o difícil período  por que passou a pesquisa brasileira nos últimos anos”, avalia a cientista. Ela destaca, ainda, o apoio recebido pelo coordenador do CTTerapias Avançadas e Inovadoras, Rubén Dario Sinisterra Millán, também professor do Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas (ICEx) da UFMG.

Para Rubén, a ação da Farmavax no projeto comprova o apoio a empresas na área da saúde para o desenvolvimento de novas terapias, sistemas de liberação de fármacos e vacinas destinados à prevenção e tratamento de doenças antigas e novas. Esse apoio, afirma, “ocorre por meio da transferência do conhecimento da bancada dos laboratórios para o mercado.” 

Além do CTTerapias, a Farmavax é constituída por outros três centros institucionais de tecnologia e inovação: o CTVacinas, o CTMedicina Molecular e o CTNanobiomateriais.

Embrapii
A Embrapii é uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) dedicada a promover a inovação nas empresas por meio do apoio à pesquisa e à transferência de tecnologias em altos graus de maturidade. Sua missão é realizar atividades de pesquisa, desenvolvimento e extensão, aliando tecnologia e inovação, e promovendo a transferência dos resultados das pesquisas para a sociedade.

Artigo: Ex-vivo mucolytic and anti-inflammatory activity of BromAc in tracheal aspirates from covid-19. Publicado na revista Biomedicine and Pharmacotherapy e disponível on-line.