Arte e Cultura

Mostra de percussão movimenta campus Pampulha e CCBB e celebra 25 anos de grupo da UFMG

Espetáculos, inclusive infantis, filmes, música experimental e da tradição popular preencherão os cinco dias de evento, ainda em novembro

O musical 'O sítio do vovô Hermeto' integra música, dança e teatro de formas animadas, a fim de apresentar para o público infantil um pouco da obra de Hermeto Pascoal
O musical 'O sítio do vovô Hermeto' integra música, dança e teatro de formas animadas, a fim de apresentar para o público infantil um pouco da obra de Hermeto Pascoal Foto: Igor Cerqueira

A Universidade promove, de 22 a 26 de novembro, a nona edição de sua Mostra de Percussão, que vai comemorar os 25 anos do Grupo de Percussão da UFMG. O evento será realizado no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-BH) e na Escola de Música, com cinema, espetáculos infantis, música experimental e da tradição popular, sempre com foco na percussão, e atrações do Brasil e do exterior. 

O evento, com direção artística do professor Fernando Chaib, terá ainda comunicações orais dos alunos do Programa de Pós-graduação em Música, mostra de instrumentos, masterclasses e palestras dos artistas convidados.

Os participantes receberão certificados mediante assinatura de lista de presença que será passada nas masterclasses. A única atividade que exige inscrição é a oficina de Emilia Chamone. A maioria das atividades é gratuita; estão sendo vendidos ingressos apenas para os concertos no CCBB, que custam R$30 (inteira) e R$15 (meia), no site ou na bilheteria do centro cultural. Clientes do Banco do Brasil com cartão Ourocard pagam meia entrada.

A programação e outras informações podem ser encontradas no site da mostra.

Produção de egressos
O principal objetivo da Mostra de percussão é, segundo Fernando Chaib, divulgar para a sociedade as produções artístico-intelectuais desenvolvidas na Escola de Música. Essas produções – concertos e apresentações de pesquisas – são dos alunos e dos professores de graduação e pós.

"Também convidamos artistas que realizarão concertos e masterclasses, o que enriquece o leque musical, artístico e pedagógico da mostra e gera intercâmbio cultural único para os estudantes", afirma Chaib. 

Para celebrar o aniversário do Grupo de Percussão da UFMG, a programação artística está integralmente a cargo de egressos que vivem de música pelo mundo. Fernando Chaib lembra que o grupo Arcomusical Brasil é formado por ex-alunos dos cursos de graduação em percussão e de pós-graduação em música na UFMG. Os solistas convidados também são quase todos ex-alunos; a única exceção é o chileno Gerardo Salazar.

Grupo de Percussão da UFMG
Fundado pelo professor Fernando Rocha em 1998, o grupo lançou dois CDs, um dos quais foi indicado ao Prêmio TIM. Seus ex-integrantes fazem parte das principais orquestras do Brasil, lecionam em importantes universidades e realizam projetos artísticos independentes de cunho popular, experimental ou erudito.

O Grupo de Percussão da UFMG é formado por Adélia Cristina, Davidson Inácio, Douglas Rafael, Leonardo, Lucas Davi, Rômulo Santana, Saulo Moraes, Valéria Prata e Victor Nascimento. A direção artística é de Fernando Chaib, e Jack Macedo é a atriz convidada.

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O Arcomusical Brasil explora as nuances musicais e simbólicas do berimbauFoto: Thiago de Mourão

Arcomusical Brasil 
A proposta artística do grupo Arcomusical Brasil é investigar o berimbau sob perspectiva musical, respeitando e valorizando sempre sua origem e história de resistência, sua riqueza timbrística e possibilidades harmônicas, assim como inventar e interpretar um novo repertório para o instrumento nessa formação. "Olhar de perto, destrinchar a cabaça, a verga, o arame, o dobrão e o caxixi. Desmontar e montar novamente todos os seus sons. Inventar e performar novo repertório para o berimbau", diz o texto de apresentação do grupo.

O Arcomusical Brasil é formado por Natália Mitre, Breno Bragança, Mateus Oliveira, Zé Henrique Soares e Rafael Matos.      

¿Silencie? Coletivo Percussivo 
A proposta do ¿Silencie? é uma arte inter e multidisciplinar com base na música para percussão. De encomendas, estreias e primeiras audições a espetáculos infantis, esse coletivo diversifica o seu fazer artístico contando com os renomados percussionistas Bruno Santos, Charles Augusto e Fernando Chaib como pilares do processo criativo. Desde 2022, o grupo vem ocupando parques, teatros e centros de cultura de Belo Horizonte.

O ¿Silencie? Coletivo Percussivo é formado por  Bruno Santos, Charles Augusto e Fernando Chaib. Participam da apresentação no festival, que terá música de Hermeto Pascoal, o ator Enedson Gomes e a bailarina Danny Maia. Kelly de Castro é a diretora de cena e roteiro, Fernando Chaib é o diretor musical, Rodrigo Marçal é o responsável pela luz, e Carlos Fernandes, pelo som. 

Emilia Chamone (Brasil/França) 
Percussionista, etnomusicóloga e educadora musical, Emilia Chamone é doutora pela  École de Hautes Études en Sciences Sociales de Paris. Na França, trabalhou nos conservatórios parisienses, na Philharmonie de Paris e realizou vários projetos artístico-educativos em festivais. Na sua prática artística, a transmissão, criação e pesquisa estão interligadas numa única busca: fazer música coletivamente, de forma criativa e viva, sempre enraizada no corpo e ancorada no momento presente.

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O percussionista Gerardo Salazar participou de alguns dos principais festivais mundiaisFoto: Divulgação

Gerardo Salazar (Chile)
Salazar desenvolveu a sua carreira musical como solista nos continentes americano e europeu. Tem vasta trajetória internacional e, no Chile, participou das orquestras mais importantes. Participou consecutivamente nas Semanas musicais de Frutillar, nos Concertos do meio-dia do Teatro Municipal de Santiago e em vários teatros do Chile e do exterior. É timpanista da Orquestra Sinfônica do Chile e professor de percussão e repertório orquestral da Pontifícia Universidade Católica do Chile.

Charles Augusto (Brasil) 
Percussionista e mestre em Música, Charles Augusto apresenta espetáculos no país e no exterior (EUA, Alemanha, entre outros países) e compõe para formações diversas. Responsável por estreias e primeiras audições de importantes compositores contemporâneos. É professor de percussão na Ufop e membro-fundador do ¿Silencie? Coletivo Percussivo.

Felipe Continentino
Continentino é baterista e compositor formado em música popular pela UFMG. Lançou seu primeiro disco solo em 2012. Trabalhou com grandes nomes como Mike Moreno, Toninho Horta, Roberto Menescal, Teco Cardoso, André Mehmari, Mahmundi, Wilson Sideral e Leo Gandelman. Em São Paulo, tocou no Encontro internacional de Jazz 2011 (International Association of Schools of Jazz). Apresentou-se em Nova York com Antonio Loureiro Trio e Mike Moreno no renomado Smalls Jazz Club e com o Joana Queiroz Quinteto no The Bitter End. Em 2017, lançou o seu novo projeto de música eletrônica, sob o pseudônimo PLIPP, e o disco Ephemeral. No mesmo ano, se apresentou no Rock in Rio. Venceu o prêmio BDMG Instrumental em diversas categorias nos anos 2010, 2014, 2017, 2019 e 2021.

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Douglas Rafael, percussionista formado na UFMG, tem adquirido prestígio no cenário musical de Minas GeraisFoto: Sarah Torres

Douglas Rafael 
Bacharel em percussão pela UFMG, Douglas Rafael tem atuado como convidado nas principais orquestras de Belo Horizonte, como a Sinfônica de Minas Gerais e a Filarmônica de Minas Gerais. Cursa o mestrado em performance na UFMG sob orientação do professor Fernando Rocha, desenvolvendo pesquisa sobre ensino e performance de percussão múltipla em instituições de ensino superior brasileiras.

Duo Sofia Leandro e Bruno Santos
O duo foi criado em 2016, com vistas à exploração da música original e adaptada para a formação de violino e percussão. Sofia e Bruno são professores do Departamento de Música da Universidade Federal de São João del-Rei. Desde 2020, o duo colabora com a organização do Festival Escuta Aqui!, no qual estreou peças de experientes compositores convidados e de outros ainda em formação, selecionados para participar do evento. 

A Mostra de percussão
A mostra começou em 1999 e, até 2003, teve quatro edições de sucesso, que ajudaram a solidificar o papel do curso de percussão e do Grupo de Percussão da UFMG no cenário mineiro. O grupo realizou em 2004 um grande evento internacional, o 1º FIM (Festival Internacional de Música de Belo Horizonte), que promoveu mais de 20 concertos e workshops com percussionistas do Brasil, Canadá, Senegal, dos Estados Unidos, de Portugal, da França e da Itália. De 2005 a 2009, em razão do afastamento do coordenador do projeto (para se dedicar ao doutorado), a mostra deixou de ser realizada. 

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Grupo de Percussão da UFMG: consolidaçãoFoto: Bianca Silva

O Grupo de Percussão voltou a se organizar em 2009 e passou a participar de diversos eventos de música em Minas Gerais, pelo Brasil e, mais recentemente, no exterior (Estados e África do Sul). Em 2014, organizou a segunda edição do FIM, mais uma vez com grupos de várias partes do Brasil e da Argentina, dos estados Unidos e do Canadá. Em 2016, o Grupo de Percussão da UFMG retomou a realização da Mostra de percussão. No ano de 2019, a mostra deu lugar ao 2º Congresso brasileiro de percussão.

Interrompida entre 2020 e 2021, em razão da pandemia, a mostra retornou no ano passado com o tema 100 anos de Iannis Xenakis, em homenagem ao compositor grego. Foram quatro dias de concertos, estreias e primeiras audições brasileiras de obras de Xenakis, e ainda palestras e masterclasses com convidados brasileiros e estrangeiros.