HC sediará estudo sobre medidas de prevenção contra resistência a antimicrobianos
Pesquisa conduzida pela Anvisa terá duração de um ano e pretende verificar o grau de adesão dos profissionais de saúde às ações de controle
O Hospital das Clínicas (HC) da UFMG e o Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) atuarão em um estudo-piloto da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em que será avaliado o impacto da implementação de pacotes de medidas de Prevenção e Controle de Infecções (PCI) na redução da disseminação da resistência microbiana aos antimicrobianos.
O projeto, que consiste na aplicação de um checklist elaborado pela Anvisa, foi lançado nesta terça-feira, 25 de abril, em evento que reuniu autoridades, gestores e trabalhadores da saúde no Hospital das Clínicas da UFMG. O objetivo do estudo é verificar o grau de adesão dos profissionais de saúde às medidas de prevenção da disseminação de bactérias multirresistentes.
A previsão é que a investigação dure cerca de um ano. No hospital da UFMG, ela será desenvolvida na UTI do Pronto Socorro e no sétimo andar da Ala Leste. Os dados coletados serão reportados periodicamente à equipe da Anvisa responsável pelas análises.
Além dos representantes das duas unidades envolvidas nesta fase inicial do estudo, participaram do encontro de lançamento representantes da Anvisa, da Secretaria de Estado de Saúde (SES) de Minas Gerais, da Fundação Oswaldo Cruz e de outras universidades do país.
Relação custo-efetividade
Segundo o professor Alexandre Rodrigues Ferreira, superintendente do HC, a resistência microbiana é um problema de saúde pública de alcance global. Ele afirma que é uma satisfação para o Hospital das Clínicas participar de projetos como esse. “É sempre nesses desafios que conseguimos avançar e mudar um pouco a cultura institucional”, demarcou.
No entendimento dos especialistas presentes no evento, as medidas de prevenção e controle de infecção são uma das intervenções com melhor relação custo-efetividade, quando o que se visa é combater a resistência microbiana. “A gente sabe que as medidas de prevenção [contra a resistência microbiana] existem, mas é preciso o engajamento das pessoas, e projetos como esse nos provocam, nos alimentam”, disse o gestor do hospital da UFMG.
“O nosso foco [com o estudo] é saber qual é a dinâmica de transmissão nas unidades avaliadas e as medidas de prevenção adotadas”, destacou Eduardo Medeiros, médico infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) que atua na pesquisa. Segundo ele, além da mensuração da adesão dos profissionais às medidas de controle, há ainda a expectativa de que o estudo possibilite conhecer um pouco mais a magnitude e o perfil dos microrganismos multirresistentes que estão em circulação.
Redução ou eliminação da eficácia
De acordo com o site da Anvisa, a resistência microbiana é um fenômeno caracterizado pela capacidade de bactérias, fungos e parasitas resistirem à ação de antimicrobianos. “O resultado é a diminuição ou a eliminação da eficácia do medicamento para curar ou prevenir infecções, ou seja, não se obtém o sucesso esperado com a terapia antimicrobiana.”
As consequências desse problema vão do prolongamento de internações ao agravamento de enfermidades, além da necessidade de utilizar cada vez mais e diferentes medicamentos, aumentando o risco de efeitos adversos e até de óbitos, em casos extremos.
Sobre o HC
O Hospital das Clínicas da UFMG é um hospital universitário, público, geral e integrado ao SUS (Sistema Único de Saúde).
Sua missão é desenvolver a assistência em saúde com eficiência, qualidade e segurança, com ênfase na atenção especializada, na formação de recursos humanos e na produção de conhecimento e tecnologia.
Desde 2013, o HC integra a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que foi criada em 2011, vinculada ao Ministério da Educação (MEC). Atualmente, essa rede administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades.
Hoje o HC é reconhecido como um dos maiores prestadores de serviços de saúde de Minas Gerais e como uma referência no tratamento de patologias de média e alta complexidade. O atendimento abrange todas as especialidades e subespecialidades oferecidas no SUS.