'Entendimento intercultural': Instituto Confúcio na UFMG celebra 10 anos de atividades
Semana de comemorações teve encontros e apresentações de arte e cultura da China e do Brasil
Encontros e apresentações de arte e cultura brasileira e chinesa marcaram, nesta semana, a primeira década de atividades do Instituto Confúcio na UFMG. Criado em 2013, o IC é fruto de parceria entre a Universidade e a chinesa Huazhong University of Science and Technology (Hust), sediada na cidade de Wuhan.
Na tarde desta sexta-feira, 24, representantes das duas instituições e membros do conselho do Instituto estiveram reunidos para conhecer as realizações deste ano e os planos para 2024. A reitora da UFMG, Sandra Goulart Almeida, e o vice-reitor da Hust, Yao Zhang, assinaram acordo amplo de cooperação e um específico na área da Economia. Muito em breve, será firmado outro para a Arquitetura. Na sequência, eles assistiram, no CAD 2, a apresentações artísticas dos dois países
Além de oferecer cursos de mandarim, o IC aplica provas de proficiência na língua, promove encontros para atividades culturais – pintura e caligrafia, instrumentos e jogos chineses, tai chi chuan, ping pong, cantos –, fomenta o intercâmbio na China e contribui para fortalecer a cooperação científica entre a UFMG e a Hust.
O vice-reitor da Hust destacou que o IC na UFMG foi o primeiro em Minas Gerais e que o objetivo do Instituto Confúcio é, em perspectiva mais ampla, “contribuir para aprimorar as relações entre China e Brasil, promover o desenvolvimento e a paz no mundo”.
Sandra Goulart disse que o Instituto Confúcio na UFMG incrementa ainda mais a cooperação que já existe entre China e Brasil e que, ao completar dez anos, ele está consolidado. “O trabalho realizado até aqui nos deixa convictos de que o IC estará ainda mais forte no futuro”, afirmou.
Segundo a reitora da UFMG, o Instituto cumpre muito bem o papel de “fomentar o entendimento intercultural, tão importante para as duas instituições”. “Hoje celebramos não apenas o aniversário do IC, mas também a resiliência e o espírito inovador que regem sua atuação", afirmou Sandra, que agradeceu à Hust pela solidariedade no período da pandemia e à Faculdade de Letras pelo apoio na implantação do Instituto e ao longo dessa década de atividades.
Cultura integrada ao idioma
O IC, que tem cerca de 500 unidades em todo o mundo, foi criado em 2004 pelo governo do país asiático para disseminar o ensino do mandarim e de aspectos da cultura chinesa que são cruciais para o aprendizado da língua. O Instituto Confúcio é gerido pela Chinese International Education Foundation e pelo Center for Language Education and Cooperation.
O IC na UFMG é dirigido pelo professor Liu Yi, da parte chinesa, e pela professora Miriam Mansur Andrade, da Faculdade de Letras (Fale). Os mandatos são de dois anos – Miriam iniciou o seu em abril de 2023. O trabalho do Instituto, cuja sede está no prédio da Fale, tem foco nas comunidades interna e externa. A parceria gerou uma disciplina optativa para formação inicial em mandarim, aberta a todas as graduações, e existe a ideia de se criar, no longo prazo, a graduação no idioma.
Seis professoras chinesas e três brasileiros, ex-alunos do IC, orientam hoje 376 estudantes de mandarim na UFMG e atuam também em outras instituições. Hoje, O IC ensina no Colégio Técnico (Coltec) da Universidade, no Cefet-MG, numa escola municipal de Belo horizonte e numa escola privada. Os professores também atuam no Shopping Oiapoque, ensinando 50 filhos de lojistas a ler e escrever em mandarim, e na empresa Nansen Tecnologia de Precisão, localizada em Contagem, cujo proprietário, que é chinês, faz questão que seus empregados conheçam a língua. Já há novos candidatos a estabelecer parcerias, e a expectativa é por expansão dessa vertente do trabalho em 2024.
Na reunião do conselho do IC, Miriam Mansur mencionou a realização, em 2023, de 20 grandes eventos, entre festivais, mostras, exibições e workshops. No 2º andar da Faculdade de Letras, está montada a exposição História, cultura e arte chinesas na UFMG. Liu Yi contou que os planos para o ano que vem incluem curso sobre a medicina tradicional chinesa, iniciativas em cooperação com os institutos sediados em outras universidades, o acréscimo de níveis no ensino do mandarim e a expansão da presença para outras cidades de Minas Gerais.
No encerramento das comemorações, apresentaram-se um grupo de dança chinesa do IC da Unicamp, o Coral da Fale e do Instituto Confúcio, o estudante de mandarim Eric Dias, que tocou instrumento tradicional chinês, e Grupo Sarandeiros da UFMG, de dança folclórica.
Eric Dias: destaque em competição mundial
Eric Phelipe dos Reis Dias tem 17 anos de idade e faz o curso de mandarim no Instituto Confúcio há quase quatro. Ele representou o IC da UFMG na competição Chinese Bridge, em outubro deste ano, destacou-se entre os estudantes das Américas e ganhou como prêmio a graduação numa universidade da China, que terá início em 2025, depois que ele concluir o Ensino Médio – ele faz o 2º ano na Escola Estadual Desembargador Rodrigues Campos, na região do Barreiro, em Belo Horizonte.
Eric diz que sempre se interessou pelo mandarim e pela cultura chinesa (os ideogramas lhe agradam especialmente, apesar da dificuldade de aprender). Ele tem outra forte motivação para estudar o idioma. “A China é um grande parceiro comercial do Brasil, e o domínio do mandarim vai me possibilitar uma excelente carreira profissional”, diz Eric, que vai receber recursos para as viagens de ida e volta, alojamento, alimentação e transporte. Ele pretende cursar Relações Internacionais.
Eric passou duas semanas na China. Ele visitou a capital, Beijing, e a competição foi realizada em Yunnam, província no sul do país, nas cidades de Dali e Kunming, a capital provincial. O jovem precisou fazer um discurso, mostrar capacidade de ler e falar fluentemente o mandarim e ainda fez um pequeno recital tocando o Guzheng, instrumento de cordas tradicional, mas muito popular ainda hoje. Eric aprendeu a tocar no Instituto Confúcio da UFMG.