Laboratórios multiusuários concluem capacitação do Outlab e se aproximam do mundo dos negócios
Feira de oportunidades reúne os 14 laboratórios envolvidos na edição de 2023
Quatorze laboratórios multiusuários (Infraestruturas Institucionais de Pesquisa da UFMG) participam, nesta quinta-feira, dia 26, de uma feira de oportunidades como parte das atividades de encerramento do Outlab 2023, capacitação em empreendedorismo e gestão promovida pela Pró-reitora de Pesquisa, em parceria com a Fundação de Apoio da UFMG (Fundep), o Centro de Apoio à Educação a Distância (Caed) e o BH-TEC. O evento ocorre ao longo do dia no Centro de Atividades Didáticas (CAD 3) e inclui uma apresentação dos resultados desta edição.
“Os pesquisadores, de modo geral, desenvolvem pesquisa, conhecem suas variáveis, dominam metodologias e tecnologias, mas nem sempre sabem valorar o seu serviço, ou do seu laboratório ou unidade, e muito menos sabem apresentar ao consumidor, em linguagem palatável, os seus resultados. E o Outlab trouxe pessoas que nos explicaram isso, nos ensinaram como fazer, como falar, como organizar as nossas ideias, como gerir esses espaços de pesquisa da Universidade para expandir suas possibilidades", avalia a professora Fabíola de Oliveira Paes Leme. Ela coordena a Unidade Multidisciplinar de Pesquisa Animal (Multilab) da Escola de Veterinária, representante de uma das 14 equipes que participam da capacitação.
“O Outlab é uma sacada genial, que possibilitou reconhecer tanto as potencialidades da infraestrutura quanto os aspectos que ainda precisam ser melhorados para maior aproximação com o mercado”, acrescentou Fabíola Leme.
“Oferecer ferramentas da gestão de inovação e de mercado competitivo para estruturas institucionais de universidade pública é um grande desafio e, ao mesmo tempo, o grande salto do programa”, afirma o professor Raoni Bagno, da Escola de Engenharia, um dos professores conteudistas do Outlab 2023.
A reitora Sandra Regina Goulart Almeida destaca a dimensão institucional da iniciativa, que envolve UFMG, Fundep e BH-TEC. “Estamos ampliando o programa para enfrentar um grande desafio, que é a transferência de tecnologia. A UFMG tem muitas inovações patenteadas, mas precisamos avançar na passagem desse conhecimento para a sociedade”, diz a reitora. Ela avalia, ainda, que há potencial para ampliar o Outlab para outros campos do conhecimento. “Potencial de inovação existe em todas as áreas", sustenta.
Segundo o pró-reitor de Pesquisa, Fernando Reis, “a imersão teórico-prática no mundo dos negócios é o diferencial dessa proposta formativa, que tem o objetivo de agregar habilidades aos pesquisadores e suas equipes de estudantes e servidores técnico-administrativos, para que tenham condições de fazer a ponte entre o conhecimento e a geração de produtos para a sociedade”. Reis considera que, embora nem toda pesquisa precise gerar produtos, o investimento em capacitação das equipes dos laboratórios institucionais é importante em razão do alcance amplo de suas atividades, que atendem, além da UFMG, grupos de pesquisa fora da Universidade.
“A equipe é extremamente competente e nos fez olhar para dentro e fazer diagnósticos incríveis. O material foi cuidadosamente preparado pelos conteudistas, e as dinâmicas e trocas que ocorreram nos encontros presenciais e remotos ajudaram muito no nosso aprendizado. Também a construção do roadmap, que inicialmente acreditávamos ser apenas mais uma atividade do módulo, mostrou-se fundamental para conseguirmos elaborar planos e compor estratégias para alcançarmos muitos e bons frutos dessa experiência”, observa Fabíola Leme.
Segundo o professor conteudista Raoni Bagno, “esse efeito de rede, alcançado pelo compartilhamento entre as equipes, extrapola os benefícios do programa e, certamente, vai impactar positivamente o dia a dia dos laboratórios”.
Pertinência e motivação
Na avaliação do professor Raoni Bagno, que ministrou o primeiro e o quarto módulos (de um total de oito), a motivação e a pertinência das indagações e proposições dos participantes foram surpreendentes. “Confesso que inicialmente achei os conteúdos, apesar de totalmente adaptados para o Outlab, muito pesados para as equipes de pesquisadores, pois são destinados a empresas e startups. Mas, para minha surpresa, embora as equipes fossem heterogêneas, com alguns laboratórios mais consolidados que outros, a motivação e a pertinência das questões partilhadas ficaram muito evidentes.”
Raoni Bagno relata que os participantes apresentaram suas percepções em relação ao mercado, clientes potenciais, fontes de financiamento não oficiais, como as fundações de amparo à pesquisa, e ainda identificaram seu próprio potencial para levar a Universidade para o mercado.
No primeiro módulo foram apresentados conceitos de empreendedorismo aplicado ao ambiente de laboratório, relações universidade/empresa, modelagem de negócios e prontidão tecnológica (escala para avaliar o quão próximo da pesquisa ou do mercado está um projeto). No quarto módulo, os participantes conheceram a proposta do roadmap, tecnologia para prospecção e planejamento de projetos futuros, que teve acompanhamento individualizado das equipes do BH-TEC.
“Acredito que essa formação teve um efeito rompedor de cultura. A motivação das equipes em dar esse salto foi muito importante para a Universidade e para a sociedade, como vem ocorrendo com o desenvolvimento das vacinas, que geram bem-estar e aumento do PIB para o país. A expectativa é que a UFMG possa incubar essa formação, para aprimorá-la e até mesmo exportá-la”, acrescentou Bagno.
Visibilidade
Durante o encerramento da edição 2023 e da Feira de Oportunidades, os 14 laboratórios têm a chance de dar visibilidade aos trabalhos realizados para a comunidade e representantes da indústria convidados, segundo o professor Carlos Basílio, diretor de Produção Científica da Pró-reitoria de Pesquisa, que compartilha a coordenação do Outlab com Matheus Azzi, da Fundep.
Basílio relata que, após a reformulação do programa, inicialmente lançado pela Fundep, em 2019, e transformado em projeto de extensão, o Outlab ocupou-se de “criar uma base conceitual e um modelo de atividades práticas inéditos, para capacitar tanto as equipes técnico-científicas dos laboratórios institucionais da UFMG quanto as estruturas que operam em áreas com interface com o setor produtivo listadas na Plataforma Nacional de Infraestrutura de Pesquisa do MCTI.
Foram oito módulos de conteúdo disponível na plataforma AVA do Caed, com 33 horas de aulas sobre temas como legislação, comunicação, finanças, mercado, negócios e vendas. Além dos professores conteudistas, participaram convidados externos à UFMG, como jornalistas e representantes da indústria, com expertise nas suas respectivas áreas.
Os participantes também tiveram mais de 70 horas de acompanhamento personalizado para desenvolvimento das diretrizes estratégicas e gerenciais dos laboratórios, nove encontros presenciais com apresentação de painéis, palestras, realização de conversas e workshops. A capacitação foi finalizada com a elaboração dos planos de desenvolvimento estratégico.
Conheça os 14 laboratórios participantes
Biotério Central da UFMG
Centro de Pesquisas Professor Manoel Teixeira da Costa
Centro de Telessaúde do Hospital das Clínicas da UFMG
Instituto Acqua
Laboratório de Análise do Movimento
Laboratório de Aquacultura
Laboratório de Bioengenharia
Laboratório de Bioprocessos
Laboratório de Microbiologia de Alimentos
Laboratório de Neurociências Molecular e Comportamental
Laboratório de Ressonância Magnética de Alta Resolução
Laboratório Institucional de Pesquisa em Biomarcadores
Núcleo de Extensão e Prestação de Serviços do Departamento de Química
Unidade Multidisciplinar de Pesquisa Animal