Morre Mônica Pedrosa, ex-diretora da Escola de Música
Dona de uma das mais belas vozes do canto lírico do país, professora desenvolveu importante trabalho de valorização da canção erudita
Morreu na madrugada desta quinta-feira, dia 22, aos 62 anos, a professora Mônica Pedrosa de Pádua, que dirigiu a Escola de Música de 2014 a 2018. Reconhecida cantora lírica, ela estava internada há alguns meses no Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte. O corpo da professora será velado nesta sexta-feira, 23, das 8h30 às 11h30, no Cemitério Parque da Colina (capela 3), e sepultado a seguir.
A morte de Mônica Pedrosa foi muito lamentada pela reitora Sandra Regina Goulart Almeida. “Éramos muito próximas. Mônica tinha uma atuação institucional muito forte, extremamente comprometida com a UFMG. Ela nos deixa um belo legado e fará muita falta, não apenas por conta de seu trabalho acadêmico na área de música, mas como pessoa que sempre lutou pela universidade pública”, diz a reitora.
Na comunidade da Escola de Música da UFMG, o clima também é de muito pesar. A estudante Núbia Eunice, que foi aluna de canto lírico na classe de Mônica Pedrosa, afirmou que a mestra “transformou a vida de muitos alunos que passaram por ela, com seu bom humor, conhecimento e humanidade”. A professora Luciana Monteiro de Castro destacou a herança deixada por Mônica. “Sua voz permanece no êxito de seus alunos, nos seus textos, nas suas gravações, nas realizações de nossa escola”. Outro professor, Mauro Chantal, que também foi seu aluno, disse que a colega foi uma pessoa “muito determinada na realização de seus projetos” e ressaltou seu trabalho de valorização da canção brasileira de câmara.
Mônica Pedrosa era graduada e mestre em Canto (pela UFMG e pela Manhattan School Of Music, respectivamente) e doutora em Letras-Literatura Comparada pela Faculdade de Letras da UFMG. Foi residente pós-doutoral e professora visitante na Universidade da Califórnia (Riverside) como bolsista do Programa Institucional de Internacionalização da Capes no biênio 2021-2022.
Canções da terra e canto da memória
No campo artístico, Mônica Pedrosa deixou uma série de registros fonográficos e foi responsável pela formação acadêmica de inúmeros cantores nas décadas em que atuou como professora. Ao lado do marido, o violonista Fernando Araújo, desenvolveu extenso trabalho de pesquisa e valorização da canção erudita brasileira, conteúdo registrado no CD e no livro de partituras Canções da terra, canções do mar e na gravação das canções com violão de Francisco Mignone, lançada recentemente pelo Selo Sesc e disponível em todas as plataformas de streaming.
Seu trabalho mais recente, também em parceria com Fernando Araújo, foi o filme concerto Cantos da memória. No espetáculo multimídia, ela buscou ampliar a experiência do concerto tradicional (mesclando música e vídeo), com a apresentação ao vivo do ciclo Canções de Adélia – composto por Paulo C. Chagas sobre poemas de Adélia Prado – e a projeção simultânea de um filme criado especialmente para dialogar com a música.
Mônica Pedrosa deixa o marido Fernando Araújo, os filhos André e Bernardo, o pai Leopoldo Leo e a mãe Rosa Maria.