Pesquisadoras investigam dinâmica transmidiática de circulação de fake news
Elas analisaram a propagação de notícias falsas sobre o julgamento do ex-presidente Lula à luz da noção de verdade proposta por Peirce
A queda na confiança em veículos tradicionais de informação e um maior engajamento nas redes sociais formam ambiente profícuo para a larga disseminação de conteúdo noticioso falso. Embora o fenômeno ocorra em âmbito global, relatório da GlobeScan, feito sob encomenda para a BBC, indica que o Brasil é o país onde mais se veiculam notícias falsas no mundo – cerca de 12 milhões de brasileiros difundem conteúdo noticioso falso ou distorcido sobre política nas redes sociais, segundo verificação realizada pelo Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação da USP.
O assunto é tema de estudo realizado no âmbito do Centro de Convergência de Novas Mídias e do Núcleo de Pesquisa em Conexões Intermidiáticas da UFMG, que resultou em artigo publicado na última edição da revista Matrizes, periódico da Universidade de São Paulo.
O trabalho A dinâmica transmídia de fake news conforme a concepção pragmática de verdade faz uma análise da propagação de notícias falsas sobre o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro de 2018, conforme a noção de verdade proposta por Charles Sanders Peirce (1839-1914). De autoria das pesquisadoras Geane Carvalho Alzamora, professora do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Fafich, e Luciana Andrade, doutora pelo mesmo programa, o texto examina dados coletados em redes sociais.
Segundo Geane e Luciana, o ativismo transmídia – que tem o propósito de formar certas opiniões como efeito prático da informação disseminada – foi impulsionado pela mediação de hashtags que remetiam à polarização política e pelos posts atribuídos a celebridades, em processo de disputa pelo domínio narrativo dos acontecimentos. “Como as redes sociais são espaços de relacionamento por excelência, tornam-se campo privilegiado para o compartilhamento de crenças por engajamento social”, afirmam as autoras.
Matéria sobre o estudo está publicada na edição 2.065 do Boletim UFMG.