Poeta Felipe Arco viaja pelo Brasil espalhando seus versos
Inspirado pelas experiências da jornada, o autor está finalizando um novo livro
Em novembro deste ano, o poeta Felipe Arco decidiu embarcar numa missão ousada: sair de Belo Horizonte para viajar pelos 27 estados brasileiros, divulgando suas poesias. Só no primeiro mês, o escritor já percorreu cerca de 15 capitais do país, onde deixou seus versos grafitados nos mais diferentes suportes artísticos. Diariamente, o poeta publica fotografias de seus grafites nas redes sociais, alcançando mais de 320 mil seguidores. Enquanto busca inspiração em suas experiências pelo Brasil, vive da venda de seus livros, pinturas e trabalhos artísticos.
Essa não é a primeira vez que Felipe Arco decide se aventurar pelas terras brasileiras: em 2016, o poeta, junto com um grupo de amigos, percorreu mais de 50 cidades levando sua produção poética. Viagem que resultou na obra 12 mil km e infinitas poesias, que reúne relatos em forma de poemas. O autor já publicou outros três livros: 200 mil paçocas e infinitas poesias, produzido e lançado em 2015, com a renda adquirida vendendo paçocas nos metrôs de BH; A menina do vestido azul, de 2018, e Pra cada momento da vida, publicado em 2019.
Durante a nova viagem, o escritor também finaliza o seu próximo livro, Todas as coisas que preciso dizer antes do mundo acabar, que parte das vivências em tempos de pandemia e isolamento social, refletindo sobre a importância das relações afetivas. No programa Universo Literário desta sexta-feira, 17, o poeta Felipe Arco deu mais detalhes sobre o processo de criação do trabalho em desenvolvimento e compartilhou suas experiências durante as viagens. Suas principais motivações para o projeto foram a paixão por conhecer novos lugares e diferentes culturas e o desejo de que seus versos fizessem parte do cotidiano dos habitantes dessas cidades.
O autor, que até o momento só passou pela região nordeste, contou que a recepção tem sido muito positiva e as aventuras e conhecimentos adquiridos pelo caminho influenciam e transformam suas poesias. O convidado também falou sobre a importância da democratização do acesso à cultura, razão pela qual escreve de forma que possa atingir a todos os públicos. “Eu costumo dizer que a rua é uma galeria a céu aberto. A periferia, assim como nunca teve muito acesso à literatura, também nunca teve muito acesso a museu, orquestra, essas coisas. E a rua é nossa galeria, o grafite democratiza muito isso. As pessoas conhecem as obras do seu bairro, da sua quebrada, da sua rua. A minha ideia é transformar a rua num grande livro”, contou o artista.
Sobre o processo de criação dos textos do livro em desenvolvimento, Felipe Arco explicou que retrata coisas que devem ser ditas quando não há certeza do futuro. Segundo o poeta, a arte foi uma grande aliada durante o período de pandemia, garantindo um afago nos momentos de solidão. “No fim das contas vai sobrar isso, tudo o que a gente falou e tudo o que a gente não falou. Quantas pessoas não perdemos sem dizer o que a gente precisava”, refletiu.
Ouça a entrevista completa no Soundcloud.
O livro Todas as coisas que preciso dizer antes do mundo acabar está sendo finalizado durante o percurso do artista pelo país. A jornada de Felipe Arco pode ser acompanhada no Instagram e no Twitter.
Produção: Alexandre Miranda e Nicolle Teixeira, sob orientação de Alessandra Dantas e Luiza Glória
Publicação: Enaile Almeida, sob orientação de Hugo Rafael