Programa Universo Literário discute inclusão de pessoas surdas no mundo da literatura
Professora de Libras da UFMG defende o uso de recursos visuais para ajudar na compreensão de obras literárias por pessoas surdas
O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), aplicado nos últimos dois fins de semana em todo o Brasil, trouxe à tona a questão da inclusão de pessoas surdas no sistema de ensino brasileiro. A inclusão de pessoas surdas no universo literário também é um desafio, que foi abordado durante entrevista no Programa Universo Literário desta segunda-feira, 13 de novembro.
“Na literatura, de uma maneira geral, desde a educação infantil, com as crianças surdas é utilizada a língua de sinais. As professoras contam os clássicos da literatura infantil em Libras [a Língua Brasileira de Sinais], e introduzem a criança surda no mundo literário e da cultura escrita por meio da língua de sinais”, afirmou Giselli Mara da Silva, professora da área de Libras na Faculdade de Letras da UFMG.
De acordo com Giselli da Silva, que desde 2004 atua na área de ensino de português como segunda língua para surdos, a compreensão de um livro por uma pessoa surda “vai depender muito das habilidades de leitura que cada pessoa tem”. “Ao longo dos anos, a criança vai adquirindo algumas habilidades de leitura e começa a ter acesso à língua escrita, podendo ler livros com certa autonomia”, defendeu.
Giselli, que também trabalha na formação de professores na área, explicou que é preciso sempre levar em conta as diferenças entre a Libras e o português. “A língua de sinais brasileira tem uma estrutura e um vocabulário diferentes. Ela tem um sistema que a diferencia de outras línguas, tanto faladas quanto de sinais”, explicou.
Na entrevista à Rádio UFMG Educativa, Giselli ainda destacou o papel das imagens na introdução da pessoa surda ao universo literário. “A criança surda utiliza muito da sua visão para compreender o mundo. Então, o ensino de literatura para crianças surdas pode explorar uma série de recursos visuais, como imagens e vídeos que possam auxiliar na compreensão das histórias”, destacou.