Site da Filosofia da UFMG reúne memórias de oito décadas
Fatos históricos e lembranças afetivas de lugares e personagens estão organizados em seções específicas
As memórias afetivas e históricas dos 83 anos do Departamento de Filosofia ganharam uma página na internet e estão organizadas em seções de fotografias, entrevistas em vídeo e notas bibliográficas, constituindo-se em importante acervo para pesquisa sobre a história da Filosofia no país.
Para o coordenador da Comissão de Memória responsável pela nova estrutura, professor Ivan Domingues, o resgate dessa trajetória, desde seu início, na antiga Faculdade de Filosofia (Fafi), em 1939, passando pela sede da Fafich na rua Carangola até a transferência para o campus Pampulha, era uma necessidade urgente antes que se perdessem as memórias, devido a diversas razões, como aposentadorias e renovação do quadro de pessoal.
Domingues conta que o site do Departamento trazia informações importantes, mas muito enxutas e limitadas à própria história. Agora, a nova página está organizada em seis seções, com textos de linguagem clara e ágil, entremeados por fotos e imagens das personagens em diferentes épocas e situações, “para que o visitante tenha a impressão de uma página informativa e agradável, e que possa servir como fonte de pesquisa”.
A Comissão de Memória foi criada em 2017, por ocasião dos 25 anos do doutorado em Filosofia, e também é formada pelos professores Alice Serra, Telma de Souza Birchal, José Raimundo Maia Neto e Rodrigo Duarte, e pelos estudantes Samuel Maia e Bruna Ribeiro Martins.
Desde então, informações e fotografias vêm sendo rastreadas, num esforço conjunto, com a colaboração da comunidade da própria Fafich e também da comunidade externa à UFMG, para a identificação das pessoas que fizeram e ainda fazem a história da Filosofia na UFMG.
“São memórias afetivas e pessoais, e também coletivas e institucionais, que trazem a lume lugares sagrados e mitológicos, como a antiga Fafich da rua Carangola, e pessoas, na maioria já aposentadas, que vivenciaram a época heroica da fundação da velha Fafi”, destaca Domingues.
Memórias históricas e afetivas
Na seção Fases e notas bibliográficas, o visitante vai conhecer os primórdios da fundação do Departamento (anos 1940-1950), quando o consulado italiano em Belo Horizonte, via Casa d’Itália, o Instituto de Educação e o Colégio Marconi tiveram papel fundamental. O professor Domingues lembra que, naquela época, a Itália era dominada pelo fascismo, e o mundo vivia o contexto da Segunda Guerra Mundial.
As fases seguintes também foram resgatadas, com relatos da expansão e consolidação do quadro docente (meados da década de 1950 até início da década de 1970), até os dias atuais, com a especialização e profissionalização do Departamento. Essa última fase foi marcada pela saída da rua Carangola, em meados de 1970, e a instalação do Departamento no campus Pampulha, até a sede definitiva na nova Fafich, em 1992.
Segundo o professor, que foi o primeiro coordenador do doutorado em Filosofia da UFMG, nessa seção também podem ser encontradas peculiaridades sobre as personagens, narradas com a colaboração da comunidade externa à UFMG, como a do professor Sylvio Barata de Azevedo Vianna (1913-1998). "Era também um exímio pianista, e seu estilo preferido era o tango", ressalta Domingues. A professora da PUC-Minas Magda Guadalupe dos Santos, ex-aluna do professor Sylvio Vianna, colaborou com o levantamento de informações biográficas.
Videoentrevistas e curiosidades
Os 20 vídeos com depoimentos de professores da Filosofia, a maioria aposentados, são relatos da própria trajetória, permeados de lembranças e fatos históricos, disponíveis no canal da Comissão de Memória no YouTube. Esses vídeos compõem o conteúdo do site, junto com a seção Memoriais, que está em fase de construção. A proposta é disponibilizar, também nesse espaço, o acervo dos memoriais acadêmicos, elaborados por ocasião de concursos para ingresso na categoria de professor titular. "São excelentes fontes de informação sobre os/as docentes, bem como sobre o contexto intelectual do Departamento e da própria filosofia brasileira", avalia o professor.
Algumas curiosidades também foram registradas pelo site, como a reconstituição da história do busto de Kant pela professora Patrícia Kauark. A obra do artista Frederico Bracher Junior foi encomendada pelo professor Arthur Versiani Vellôso e está instalada no jardim que fica nas imediações da diretoria da Fafich.
Por fim, há um “mistério a ser desvendado”, ressalta Ivan Domingues. Trata-se da escultura da coruja, feita em madeira, símbolo da Filosofia, que saiu da biblioteca da Fafich, passou uma temporada na sala da diretoria e, atualmente, encontra-se na secretaria do Departamento de Filosofia. “A obra faz parte da memória afetiva de todos, mas a Comissão ainda não conseguiu esclarecer nem quem a encomendou, nem o artista que a modelou e executou", afirma o coordenador da Comissão.
Para colaborar com a Comissão da Memória, com identificação de fotos, datas, indicações de inconsistências e de lacunas, basta encaminhar mensagem para o e-mail memoriafilufmg@gmail.com ou fil@fafich.ufmg.br.