Apoio e afirmação
UFMG vai financiar 36 projetos propostos por estudantes de graduação
Trinta e seis projetos de estudantes de graduação serão apoiados, neste ano, pela Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) – 23 na modalidade Apoio acadêmico e 13 em Ações afirmativas. As chamadas atraíram 99 propostas, quase o dobro do registrado na primeira edição da iniciativa, em 2016.
Os projetos acadêmicos receberão
R$ 21,6 mil (R$ 900 por projeto, em média). Para os da modalidade Ações afirmativas, foram destinados cerca de R$ 17 mil, média de R$ 1,3 mil por projeto. Foram aprovadas iniciativas vinculadas às três grandes áreas de conhecimento e sediadas nas unidades de Belo Horizonte e Montes Claros.
Segundo o pró-reitor Tarcísio Vago, à parte o cenário de contenção orçamentária vivida pela Universidade, as chamadas já integram política de financiamento permanente: “Uma comunidade universitária só se estrutura quando todos os segmentos se articulam para produzir conhecimento. Agora, os estudantes podem oferecer a sua contribuição.”
Os projetos aprovados serão apresentados na Semana do Conhecimento 2017, prevista para o período de 16 a 20 de outubro, e concorrerão a premiações.
Memorial
Cinco integrantes da etnia Pataxó Hãhãhãe, da cidade baiana de Pau-brasil, alunos da Formação Intercultural de Estudantes Indígenas, vão contar, do ponto de vista de seu povo, a história de Galdino Pataxó Hãhãhãe, assassinado em Brasília, em 1997, quando reivindicava direito a terras. Ele foi queimado por cinco jovens em um ponto de ônibus. Esse episódio fez a demanda de seu povo ganhar visibilidade.
Contemplado na modalidade Ações afirmativas, o projeto Memorial Dessa terra eu sirvo até de adubo, mas dela eu não saio prevê um seminário e exposição de fotografias, que serão realizados na aldeia e no campus Pampulha. “A luta de Galdino representa a resistência de nosso povo e mostra o descaso da sociedade”, diz Hariã Nunes de Souza, um dos autores do projeto e sobrinho de Galdino. Ele lembra que os jovens foram condenados, mas não chegaram a cumprir dois anos em prisão fechada.
Grupo do curso de Teatro da Escola de Belas Artes obteve recursos para criação de adereços cênicos do espetáculo de rua (In)terra que ninguém vê, produto de criação coletiva vinculado à disciplina Prática de Criação Cênica A, do quarto período. Os recursos da chamada da Prae (modalidade Apoio acadêmico) serão usados para compra de materiais (cola, tecido, bambu, barbante, tinta etc.) destinados à confecção de figurinos e cenografia. A produção, com participação de 20 atores que dividem todas as funções, será apresentada em forma de cortejo na região da Praça da Estação, de 5 a 7 de julho.
“O espetáculo aborda as relações humanas e aspectos como disputa de território, luta por poder, abuso da mulher e desperdício de recursos naturais. Queremos mostrar como o homem perdeu a conexão com a natureza e resgatar valores indígenas e africanos”, explica a estudante Thais Emediato. O projeto foi selecionado na chamada Apoio acadêmico.
Na estrada
Outro projeto aprovado na mesma modalidade vai viabilizar a impressão de 350 exemplares de cartilha destinada a descrever o papel da atividade física no combate ao cansaço, à fadiga e à sonolência de caminhoneiros. O trabalho, que foca a prevenção de acidentes nas rodovias, é de alunos do oitavo período de Educação Física (noturno) e prevê a distribuição do material para os profissionais e para os seus filhos. As cartilhas também ficarão disponíveis na internet.
“O objetivo é explicar como exercícios simples, como os de alongamento, feitos a intervalos determinados, podem aumentar a segurança dos motoristas”, informa o aluno Valdênio Martins, integrante do grupo orientado pelo professor Marco Túlio de Melo.
Preta e poeta – a produção poética de mulheres negras enquanto mecanismo de resistência é o título do projeto de alunas do sexto período de Ciências Sociais selecionado pela chamada Ações afirmativas. O grupo, que será dividido para o desenvolvimento das tarefas, vai promover encontros quinzenais no segundo semestre, um sarau na Fafich e um zine de produção coletiva.
“Somos poucas mulheres negras na Universidade e menos ainda em nosso curso. Acreditamos que a escrita poética é um meio de libertação de sujeitos que historicamente não têm direito à fala”, explica Julia Elisa Rodrigues dos Santos, que coordena o projeto com a colega Juliana Tolentino. Elas pretendem obter mais recursos, de outras fontes, para realizar um vídeo de registro do sarau e da história do projeto.
(Colaborou Ewerton Martins Ribeiro)