Boletim

Nº 2103 - Ano 47 - 14.06.2021

Tijolo por tijolo

Aula de diversidade

Curso estimula a construção de projetos de inclusão e cidadania no âmbito da Educação de Jovens e Adultos

A professora Macilene dos Santos, que leciona para detentos em uma escola de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, integrou a primeira turma da Formação continuada com trabalhadores da rede estadual de Minas Gerais na Educação de Jovens e Adultos (Creeja). Ela viu no curso uma maneira de intervir positivamente na realidade de seus alunos. “Um novo universo se abriu mediante o acesso a infinitas possibilidades de auxiliar pessoas em sua jornada acadêmica, encorajá-las a pensar e valorizar o seu saber”, testemunhou a professora em depoimento publicado em plataforma virtual do curso. 

Oferecida desde o ano passado pela Faculdade de Educação (FaE), a formação, gratuita e remota, é coordenada pela professora Analise de Jesus da Silva, do Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino. “Seu principal objetivo é contribuir, teórica e metodologicamente, com a construção de saberes necessários à prática e à gestão pedagógica de educadores na EJA”, informa. 

O curso foi idealizado com vistas a promover o diálogo entre os trabalhadores mediante as dificuldades que emergiram no contexto da pandemia do novo coronavírus, em especial em relação à garantia da permanência e do êxito nos espaços formativos educacionais. “Nós nos propusemos a colaborar na construção coletiva de possibilidades para que o trabalho remoto emergencial não fosse precarizado e pudesse favorecer a apropriação dos conteúdos pelos educandos, de maneira a transformar suas realidades”, relata Analise Silva, que, ao longo de 21 anos, atuou como docente na EJA em redes públicas. “Atualmente, pesquiso, ensino, escrevo e milito neste campo do conhecimento”, contextualiza. 

Analise Silva, que durante 21 anos atuou como docente no ensino de jovens e adultos
Analise Silva, que durante 21 anos atuou como docente no ensino de jovens e adultos Zirlene Lemos | UFMG

O Creeja tem vagas destinadas a todos os trabalhadores em educação da rede estadual que lidam com ensino de jovens e adultos em escolas estaduais, nos Centros Estaduais de Educação Continuada (Cesec) e nas equipes pedagógicas das superintendências regionais de ensino. Integram o conteúdo do curso a história, a concepção, os sujeitos, as políticas públicas, o currículo e a avaliação na EJA. A carga horária é de 60 horas. As atividades são organizadas em 15 encontros síncronos, às sextas-feiras, das 18h45 às 21h. Para ser certificado pela UFMG, o cursista deve ter, no mínimo, 75% de presença nos encontros, entregar as avaliações e apresentar o trabalho final.

Integram o conteúdo do curso a história, a concepção, os sujeitos, as políticas públicas, o currículo e a avaliação na EJA. A carga horária é de 60 horas. As atividades são organizadas em 15 encontros síncronos, às sextas-feiras, das 18h45 às 21h. Para ser certificado pela UFMG, o cursista deve ter, no mínimo, 75% de presença nos encontros, entregar as avaliações e apresentar o trabalho final.

Múltiplas histórias

“A sala é uma verdadeira aula de diversidade. Nela, concentram-se várias histórias, conceitos, preconceitos, medos, fantasias e vidas”, opina a professora Rosana Vieira Braga, egressa do Creeja. A docente Márcia Marina Simões, da Escola Estadual Mestre Sebastião Jorge, em Conceição do Mato Dentro, tem uma relação estreita com a educação de jovens e adultos, e o curso ofertado pela UFMG reforçou esse laço. ”Aprendi e entendi muitas coisas que antes não sabia. Trabalhar na EJA é a minha melhor escolha. Amo lidar com pessoas que têm uma bagagem imensa, como esses alunos. A nossa missão é ajudá-los a perceber esse valor que nem eles mesmos sabem que têm”, afirmou Márcia Simões na mesma plataforma. 

A emancipação social e humana, que leva as pessoas a se reconhecerem como detentores de direitos, é justamente um dos alvos da formação escolar, como salienta a coordenadora Analise Silva. “A educação é instrumento de formação plena e de luta por cidadania. Os professores devem ser preparados para a responsabilidade de construir um projeto de inclusão”, observa.
De acordo com Analise Silva, a primeira turma deixa como legado planos de ação extremamente consistentes, com mais de 100 temas de trabalho propostos. “Daria para escrever um artigo acadêmico para abordar a riqueza dos trabalhos tanto por sua forma quanto pelas propostas trazidas. Os poucos planos de ação que apresentavam equívocos conceituais foram corrigidos e devidamente repostados”, afirma. 

Um total de 3.540 pessoas formou-se na primeira turma. Novas inscrições ocorrerão em novembro de 2021. O curso é oferecido pelo Fórum Estadual Permanente de Educação de Minas Gerais (Fepemg), pela linha de EJA no Mestrado Profissional Educação e Docência da UFMG (Promestre), pelo Núcleo de EJA: Pesquisa e Formação (Neja), da FaE, e pelo Editorial EJA do projeto Pensar a Educação, Pensar o Brasil, integrado por professores da UFMG.

As atividades síncronas devem ser acompanhadas pelos canais da Fepemg ou do Estúdio Educação MG no Youtube. Os materiais e leituras indicados estão disponíveis no blog do Creeja.

Matheus Espíndola